Capítulo 51

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Mavi❤️‍🔥

Eu nem sei quanto tempo passou, se antes tinha pedido essa noção agora então é que não tenho mesmo.

A única coisa que eu temia acontecer comigo ainda não aconteceu e eu agradeço por isso, não sei se aguentaria ser invadida e se essa dor passaria depois.

Depois do tapa em meu rosto o bosta do Tenente saiu daqui e voltou depois de algum tempo, que eu acredito ter sido horas, com a Lúcia. E se ela já tinha uma aparência cansada agora então estava pior, dava um aperto e uma tristeza no coração só de imaginar o tanto que ela já sofreu na mão desse cara.

Minhas roupas estavam molhadas, não só pela água em que ele me afogou algumas vezes como também pela minha urina. Eu me sentia suja, necessitada de um banho quente. Ardi em febre durante toda a madrugada e agora ainda sinto um frio absurdo pelo meu corpo.

Sem falar na dor, dor pelo pé da minha barriga que eu julgo ser cólica apesar de não ter menstruado no último mês, talvez pelos problemas que tenho com a menstruação desregulada.

O cheiro da minha roupa estava desagradável como o local em que estou com a Lúcia agora, sinto uma ânsia horrível e o vômito indo e voltando na minha garganta. Esse lugar é realmente imundo, sem falar no barulho de rato que passa pra lá e pra cá.

— menina, tu tá fervendo — sinto seu toque na minha mão que está assim como a sua, amarrada.

— tá tudo bem, vamos ficar bem, Lúcia — seu sorriso amargo me mostra o quanto ela não acredita nas minhas palavras.

— eu não sairia viva daqui nem se quisesse — nego com a cabeça — diga pra ele o quanto o amo, o quanto amei ele, eu fiz tudo o que pude pra que eles ficassem bem, sacrifiquei o amor que sentia pelo pai dele porque não aguentaria ver ele morto.

— Lúcia, você vai dizer isso pra ele pessoalmente — vejo as lágrimas em seus olhos e os meus começam a arder.

— Rodrigo pode morrer, mas vai me levar junto, eu sei que vai.

— ele vai tirar a gente daqui, não fala besteira — tento me convencer tanto quanto tento convencer ela, eu tenho esperança que o Vicenzo vai nos encontrar.

Viturino😈

Cada vez mais perto dela, cada vez mais próximo de encontrá-la. Viemos pela mata dois carros e quatro motos, duas em cada ponta, um carro seguido do outro.

Estamos em doze no total, cinco homens do meu morro de confiança e cinco do GS, que tá no outro carro.

— diminui, tamo chegando — aviso meu rádio para o Jorginho que vem na moto.

O plano é chegar na miúda, não sabemos em quantos eles são e nem quem está com ela, então o negócio é ter calma mesmo no meio desse caos do caralho.

Paro o carro antes da entrada certa, vamos pela mata, quatro por trás da casa, e os outros oito divididos nas laterais, tudo sondado na calma.

Não sei mermo como que tô com essa calma na mente, deve ser por ela, porque se eu fizesse tudo na pressa e no escuro com certeza o estrago seria maior.

As armas da maioria tem silenciador, mais garantido pra todo mundo. Vou me aproximando por trás da casa, faço um sinal pro Jorginho e pro AK que avançam na lateral, eles afirmam o que eu queria saber e logo ele faz um três com os dedos.

Três homens na porta, Jorginho sonda mais à frente se distanciando do AK e ergue a mão pra mim com um quatro. Até agora temos sete deles por aqui.

É um silêncio ensurdecedor, apenas o barulho dos insetos e bichos aos redor, nós avançamos com todo o cuidado possível, mas isso acaba quando ouço um grito, e ele é bem conhecido por mim. Automaticamente AK vira na minha direção e atrás ouço a voz do GS.

— caralho, um grito dela, da minha filha. Guardei ela como um cristal por 18 anos e quando tu chegou na vida dela foi só bagunça em cima de bagunça nessa porra.

— tô lisonjeado pela responsa, sogrão, mas vamo discuti isso depois ? — pergunto retoricamente quando avanço meus passos.

Subo pelos pequeno degraus da escadinha dos fundos e com cuidado nos espalhamos até nos aproximarmos da porta, um simples sinal pro Jorginho e os quatro da frente caem, os da porta estão em alerta e alvoroçados.

— Marques, tem alguma parada errada acontecendo — ouço o da ponta falando numa espécie de ponto.

Me aproximei apontando a arma em sua cabeça e faço o primeiro disparo, os outros dois se posicionam e mais disparos são seguidos. As armas sem silenciador agora avisam nossa chegada.

Meu coração tá acelerado pra caralho, é como se eu sentisse a aflição que ela tá passando, o medo, tudo misturado e me faz sentir o sangue cada vez mais forte nas minhas veias como uma dose de adrenalina que me faz respirar ofegante.

Esperamos pelo menos um movimento de dentro do casebre, mas nada acontecem. Então já com o pé na porta o GS da o primeiro impulso, olhamos antes de entrar e vamos vasculhando canto por canto. Essa porra por fora é pequena, mas por dentro tem umas cinco portas.

Ouço um barulho do lado esquerdo mais à frente e vou chegando, olho pro GS e ele empurra enquanto eu entro, encontro um dos parceiros do Marques. Um dos imundos que tá sempre com ele.

— vamo negociar essa parada — filho da puta.

— negociar o sequestro da minha mulher ? Tá tirando com a cara de vagabundo, porra ? — uma raiva maior se alastra por todo meu corpo, sinto meus músculos enrijecendo e acerto um tiro bem na sua testa.

Saio do cômodo e ouço um burburinho do outro lado, GS falando algo num tom tão nervoso quanto o meu.

— solta ela, filho da puta — caminho com calma até eles, sem fazer muito alarde.

Vejo a sombra do AK e faço um sinal pra que ele dê a volta pelo cômodo, esse tem uma janela, o que seria bom.

— se eu morrer ela morre, não tem saída porra — olho pra dentro do cômodo e encontro os olhos dela, desesperados e com medo como imaginei, sinto um arrependimento fudido em meter ela nessa situação mesmo sem saber.

Vejo AK já na janela no fundo, um medo do caralho de dar um passo em falso e esse desgraçado fazer alguma coisa.

A Maria tem com algum objeto na mão e na mesma hora eu nego, ela não devia tentar nada, mas se tentasse talvez desse certo.

Uma senhora familiar estava no canto, ela vê meu rosto e parece surpresa, não reconheço e nem pretendo, meu foco aqui é outro.

Maria levanta a mão próxima a lateral do seu corpo e passa um pedaço cortante de algo no braço dele que pela dor se desvencilha, ele olha o corte e quando pensa em avançar eu ouço o disparo, ela vai pro chão na mesma hora, vejo seu corpo estirado ali e já corro em sua direção junto do GS.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora