Capítulo 3

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Viturino😈

Prestei atenção em cada informação que o médico dizia a respeito dela, não foi nada muito grave mas tem que ficar de repouso por uns dias.

Olhei pro semblante dela que parecia tranquilo mas me preocupava desde que fechou os olhos dentro do carro.

Esse papo do nome dela ser Bárbara é o maior caô, olhar dela vacilou e ela ficou nervosa tava na cara que era mentira, mas pra quê mentir ?

O celular dela estava dentro da mochila e tocava pra caralho, mas eu não ia meter a mão lá pra pegar o celular dela. Ou deveria, pode ser alguém preocupado com ela já que ela não avisou ninguém.

Encarei novamente a imagem dela, linda demais, cabelo longo ondulado, o corpo marcado pela calça jeans e a farda bem colada ao corpo marcando um pouco dos seios, só consegui reparar direito nela agora.

Fui até a mochila e tirei o celular do bolso pequeno da frente. O nome "Morena" brilhava na tela e então resolvi atender.

Maria, sua filha de uma boa mãe, onde tu tá ? Marquei contigo na dona Glória e tu me dando o maior chá de cadeira, ridícula — afastei o celular do ouvido pelo tom de voz e quando ela parou de falar agradeci mentalmente.

Maria, o nome dela é Maria.

— qual foi, pô

— eu liguei errado ? — ouvi sua voz um pouco longe e depois perto — não, eu liguei certo... quem tá falando ?

— Maria tá no hospital, a doida atravessou a rua sem olhar e meu carro acertou ela.

— puta que pariu, qual hospital ? — percebi o desespero pelo tom de voz.

— esse da pista, perto do colégio dela.

— olha — disse um pouco mais calma mas ainda tinha desespero — não atende outro número que não seja o meu, eu já tô indo — quando ia responder ela desligou.

Desligou na minha cara.

Ouvi o barulho dos lençóis e olhei pra menina na minha frente, estava fitando o teto e acredito que tentando saber onde estava.

— e aí ? Como tá se sentindo ? — ela virou de imediato me encarando mas aliviou a expressão.

— como se um caminhão tivesse passado por cima de mim — tentou sentar na cama mas foi sem sucesso então me aproximei e ajudei.

— um caminhão não, mas uma Evoque prata sim — ela abriu um pequeno sorriso e admirei como ela fica linda assim — por que mentiu ? — e o que era lindo agora morreu aos poucos.

— sobre o que ? — me olhou apreensiva.

— seu nome, mentiu sobre ele e sei que se chama Maria — seu rosto corou e obviamente ela ficou com vergonha.

— tu é um estranho e me colocou dentro do seu carro, sei que a intenção era boa mas e se não fosse ?

— e mentir sobre seu nome mudaria minha intenção ? — negou — então não precisava, Maria.

— Maria Vitória, mas me chamam de Mavi.

— prefiro só Maria.

Ouvimos o barulho da porta e olhamos ao mesmo tempo. Uma menina que aparentava ter a idade dela entrou um pouco receosa mas quando bateu os olhos em mim ficou branca.

— ele...ele é...— firmou o dedo na minha direção enquanto se acomoda a na poltrona.

— ele foi o homem que me atropelou por acidente, Morena — olhei pra maria sem entender mas ela parecia querer conter as palavras da amiga.

— Viturino, esse é meu nome.

— esse é seu vulgo — ouvi ela falar baixinho.

— de onde tu é ? — arregalou os olhos pra amiga parecendo desesperada.

— Vidigal.

— entendi, tô indo nessa já que tu tem companhia agora, até ia pedir desculpas mas quem atravessou no vermelho foi tu — cheguei perto da porta ouvindo sua voz.

— mas você tava em alta velocidade, e eu na faixa — quis rebater estando errada.

— tu é do tipo que pensa "ele não tá nem louco, tá me vendo", mas esquece que também tem semáforo pra tu olhar antes — parei na porta esperando sua resposta.

— numa via como aquela a tua velocidade é toda errada, pô — neguei com a cabeça e sorri involuntariamente pelo sua teimosia.

Sai do quarto sem responder e fui até a recepção.

— pois não, posso ajudar ? — a mulher de branco perguntou.

— pode sim, eu quero ser avisado quando a paciente do quarto 202 tiver alta, vou deixar meu contato pode ser ?

— claro, senhor.

Não faço ideia do que tô fazendo e nem do porquê tô querendo isso, mas me preocupei e apesar não estar no erro a mina veio parar no hospital, pô.

Parece frágil pra caralho, fala meigo mas quando se esquenta fala firme, teimosa e mente mal pra porra, mas algum bagulho além da beleza dela me chamou atenção.

......

— marrom bombom, ouve o que teu mano te diz, foi amor à primeira vista — encarei ele sério vendo o rosto desse cara metido a bandido quando ele parou de rodar a cadeira que estava sentado.

Depois do hospital passei na boca pra acertar o estoque da semana, pagamentos e possíveis invasões.

— na moral, PL, tu não tem outro pra encher não ?

— tu ficou mais de três horas fora do morro pra olhar uma mina dormir, meu parceiro, então a única coisa que eu tenho pra fazer no momento é investir nesse vínculo amoroso por tu.

— caralho...minha cabeça já tá doendo de novo, é só passar mais de dez minutos contigo que eu fico assim.

— teu problema é esse, a idade tá chegando então aproveita a novinha e já faz um filho maneirinho com essa tua carinha, marrom bombom.

Olhei bem sério pra ele que entendeu o recado e levantou saindo de fininho.

Pablo tá ligado que esse assunto de filho pra mim não rola, complicado pra caralho tu botar filho no mundo pra sofrer e ainda mais no mundo que eu vivo, cheio de arma, cheio de droga e uma realidade diferente comparada a que uma criança realmente deveria ter.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora