Capítulo 4

1.8K 87 14
                                    

Mavi❤️‍🔥

tu é cega, porra ? Como que atravessa numa faixa com o sinal vermelho ? — desde que o Viturino foi embora ela tá me tonteando pela minha irresponsabilidade.

— eu tô ficando tonta já — ela andava de um a tô lado pro outro inquieta, colocava as mãos na cintura depois apontava pra mim e cruzava os braços.

— tu não tá ficando, já é tonta e o pior nem é isso — ela se aproximou da maca bem pertinho mesmo — ele é o cara do sonho.

Só de lembrar meu corpo se arrepia, a fisionomia do cara me deixa fraquinha e é bem melhor pertinho de mim, com aquela voz gostosa de ouvir é aquele sorrisinho de quem não vale nada.

— e já que estamos falando das suas cagadas...o AK me convidou pra ir em um baile na Rochinha e como foi você que armou isso, você vai junto — apontei pra mim mesma e ela confirmou.

— meu pai não vai deixar, tu sabe disso.

— a gente inventa e da um jeito — cruzei os braços encarando essa safada.

— me dá meu celular aí que eu preciso falar com ele e inventar alguma desculpa — ela foi até a bolsa pegar meu celular e assim que me entregou eu vi as vinte e três ligações do meu pai — eu tô muito mais muito fudida.

— ele te ligou, não foi ?

— vinte e três vezes e se eu dobrar esse número é o tanto de tapa que eu vou levar — o celular tocou com o nome dele na tela e não pensei duas vezes, mas a questão: é mentir ou falar a verdade ?

oi, pai — falei baixinho e bem meiga.

— "oi" o caralho, tu sabe que te espero chegar da escola pra almoçar todo mundo junto e cadê tu que não chegou em casa ainda ? — tava muito puto.

— pai, tive um pequeno acidente, mas já estou bem.

— que acidente ? — seu tom mudou de puto bolado pra preocupado.

— eu atravessei a rua da maneira errada e um carro me acertou, mas o rapaz me socorreu e eu já estou bem — ouvi a voz da minha mãe ao fundo e logo a dele.

— puta que pariu, tá vendo ? Eu falo pra tu que tem que ter um segurança contigo, um motorista, mas não...a sabe tudo não quer.

— pai, minha cabeça tá doendo e se o senhor ficar gritando não vai melhorar mesmo, já já tenho alta e vou pra casa...a Bárbara está comigo.

— Maria, eu vou buscar você, teu pai sou.

— não, o senhor não vai correr os risco de vir pra pista, tchau — sei que a bronca seria extensa mas desliguei mesmo assim.

Desde que estudo nesse colégio meu pai insiste pra que eu tenha segurança e motorista e eu tinha, mas com o passar do tempo não queria mais. Queria pegar ônibus e ser um pouco mais independente pra pelo menos andar sozinha na rua já que no morro sempre tem alguém de olho em mim.

— ficou puto, né — concordei com a cabeça.

Olhei pra porta assim que o médico passou por ela.

— boa noite, Bárbara — ri baixinho pelo nome falso e respondi normalmente vendo a cara de interrogação da Morena — bom, não aconteceu nada de grave assim como expliquei pro seu namorado, mas é bom fazer exames após a pancada pra observar se algo errado aparece — assenti — vou liberar sua alta amanhã apenas pra você continuar em observação, quem vai ficar como sua acompanhante ?

— eu, doutor — ela se prontificou.

— precisa entregar seus documentos na recepção junto com os dela que ainda não foram entregues — ia entregar porra nenhuma, nem tenho documento aqui.

— tudo bem — confirmou e ele saiu.

— por que seu nome é Bárbara ? — cruzou os braços olhando pra mim.

— porque não é Maria Vitória — disse fazendo graça.

......

Acordei ouvindo um pequeno falatório dentro do quarto e quando abri os olhos me deparei com Bárbara e Viturino tendo uma discussão ? Estava incerta disso, mas pela expressão séria que ele carregava acredito que seja.

— bom dia pra vocês — a atenção deles veio diretamente pra mim.

— onde tu mora ?

— a Bárbara já disse, moro no Vidigal — olhei pra ele sem entender.

— ótimo, vou levar vocês — me sentei na cama um pouco tonta e desesperada.

— não precisa, vamos de...

— de uber ? Uber sobe morro desde quando ? — indagou teimando.

— Viturino, não precisa fazer isso eu vou dar um jeito.

— fui eu quem te acertei, vou te levar — ele dizia sério sem aliviar sua expressão como ontem.

— já disse que não precisa — disse um pouco mais grossa e ele me olhou sério.

— e eu disse que precisa — Bárbara observava nos dois em silêncio revezando o olhar — vai se trocar, tu já teve alta.

Me levantei da maca com dificuldade e assim que ele percebeu veio me ajudar. A sensação do seu toque apesar de simples era até melhor do que a do sonho me causando arrepio pela mão firme na minha cintura, fui até o banheiro puxando a Bárbara comigo.

— ligou pro meu pai ? — sussurrei pra ela quando entramos e fechei a porta.

— não, nem deu tempo porque ele apareceu aqui, mas avisei sua mãe que só teria alta hoje — respirei aliviada.

A chance do meu pai aparecer aqui de surpresa era grande até porque ele rodearia o Rio inteiro atrás de mim.

— a gente vai fazer o seguinte, vou me trocar e arrumar minhas coisas — ela assentiu — quando eu estiver pronta vou pedir um copo de água pra ele que vai buscar com certeza e quando ele estiver no final do corredor nós descemos sem ele ver.

— por que não deixa ele te levar ?

— porque meu pai é traficante e nada paciente, pra esse homem parar numa vala não demora muito, ainda mais se os vapores da barreira anotarem a placa dele.

— tá preocupada com o mozão ? — gastou com a minha cara mas fechou o sorriso quando eu permaneci séria — tá certo, bora lá.

Fiz conforme tinha falado pra ela, abri a porta com cuidado e vi ele no final do corredor virando pro bebedouro enquanto Bárbara apertava o botão do elevador.

Assim que a porta do elevador abrir eu sai do quarto e fui até ele apertando o botão freneticamente pras portas fecharem mais rápido.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora