Viturino😈
— Iana, eu não vou esconder mais isso...o pai percebeu que tu não sai mais daqui e ele sabe que eu fico na boca o dia quase todo.
— Vicenzo, por favor — ela estralava os dedos como sinal de nervosismo.
Quinze anos.
Meu pai sacou que tem alguma parada rolando e eu já sabia que não ia demorar muito, avisei e conversei com ela antes da parada estreitar e agora tá aí nervosa pra caralho porque ele não quer ela aqui no morro em dia de semana.— eu acho até bom, não te quero perto do Pablo não, tá ligada ? — ela abriu a boca várias vezes e por fim assentiu — eu conversei com vocês aquele dia, falei o que eu pensava numa boa. Mas o que aconteceu no baile, aquilo não é e nem vai ser a última situação que tu vai passar por estar com alguém como ele — ela abaixou a cabeça com um semblante triste.
— eu terminei com ele — franzi as sobrancelhas ouvindo o que ela acabou de dizer.
— quando ?
— no dia do baile, ele me levou pra casa dele e ficamos juntos, mas no outro dia ele me levou pra casa.
— e por que tá fazendo tanta questão de passar a semana aqui ?
— eu gosto muito dele, Vicenzo — olhei bem seus olhos, eles encheram de lágrimas rapidamente e logo ouvi ela fungar — não quero ir pra casa e chorar no meu quarto, eles não descansariam até saber — me aproximei sentando ao seu lado no sofá.
— Iana, eu não vou mentir não, Pablo é meu parceiro, mas eu tô aliviado. A vida que a gente leva não é digna pra construir família, tá ligada ? — ela assentiu com o rostinho cheio de lágrimas — a gente paga o preço pelos nossos atos, mas a família paga o dobro, se não é caixão, é cadeia.
— eu amo ele, Vicenzo — ouvi seu suspiro — Quinze anos, apaixonada por um velho — ela riu entre as lágrimas e eu apenas ouvia.
— vou resolver essa parada com o pai, dizer que tu tá aqui pra aproveitar as férias comigo um pouco, mas uma hora tu vai ter que contar que se envolveu com ele...até porque quando o tio ficar sabendo tu se prepara — ela me olhou desviando dos meus braços.
— esqueci do Terrorista, ele vai matar o Pablo.
— tua sorte é que ele não curte essa parada de baile e que pouco gente aqui sabe que tu é minha irmã.
— pessoalzinho burro né, cara de um e focinho de outro...como que não vê — dei risada dela e me levantei.
Me despedi e fui direto pra boca deixando a Iana na proteção da contenção que ficava na casa. Passei meu olhar por eles e acenei com a cabeça pros três que faziam minha segurança dentro do morro.
Cheguei na boca vendo alguns do lado de fora. Jorginho e Terrorista conversando, outros vendendo, varri meu olhar procurando o PL mas não achei. Entrei na minha sala e encontrei ele sentado na minha mesa olhando alguns papéis.
O semblante do cara tava um lixo, achei que Iana ficaria pior por ser mais novinha e um pouco iludida com a situação, mas pelo que tô vendo ele não ficou atrás.
— tá confortável ? — disse assim que fechei a porta.
Ele levantou a cabeça e deu apenas um aceno. Sem piadas, sem brincadeiras ou apelidos.
Estranho.— quer trocar uma ideia ? — porra, não queria me meter, mas o cara tá comigo há tempos.
— achei que tu era traficante, não psicólogo — certo, ele não queria assunto.
— então se fode, pô...e sai da minha mesa — fui até ele esperando ele levantar da cadeira mas ele não levantou — vai porra — falei mais alto.
— caralho...ela terminou tudo — ele começou dizendo e logo largou os papéis na mesa, sem me olhar — tô fascinado por uma mina de quinze anos, marrom bombom.
— qual foi, por que tu deixou ela ir assim...tão fácil — cruzei os braços olhando bem pra cara dele. Nem eu tava me entendendo, mas ver os dois mal assim dava um bagulho ruim no peito.
— Iana é o tipo de menina delicada, tá ligado — assenti — porra, ela não merece passar por uma vida de mulher de bandido, na verdade nenhuma merece, mas ela não aguentaria o tranco da parada toda — ele levantou e tirou um baseado do bolso acendendo, encostou perto da janela e deu um trago me passando o baseado.
Ele soltou a fumaça olhando pro morrão e logo eu percebi os olhos vermelhos, ele queria chorar mas tava segurando...caralho, foram o que ? Cinco meses ?
— tu viu como ela ficou com o bagulho do baile, tava puta...se tremia toda, nervosa pra caralho, mas quando levei ela pra casa — ele maneou a cabeça negando e olhou pra mim — ela chorou tanto que eu não sabia o que fazer...até os soluços, que ela soltava de tanto chorar, doíam na minha alma. Eu não ia aguentar ver ela passar por uma porrada de coisa que a maioria das cunhadas passam, irmão.
Tô ligado que se tratava da minha irmã, mas querendo ou não o pensamento foi na Maria. Ela teria que enfrentar coisa pra caramba se quisesse ficar comigo e eu sei que o Pablo tá abalado pra porra, mas foi uma decisão do caralho.
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Entre A Paz E O Perigo [M]
RomanceO que que aconteceu? Tudo mudou quando ela apareceu Tentei escapar, mas a paixão pegou Nossa vibe, nosso beijo combinou, amor Mavi e Viturino