Capítulo 46

872 49 1
                                    

Viturino😈

— porra, só pode ser brincadeira — murmuro pra mim mesmo quando vejo o circo montado na frente da boca.

Deixei minha pequena em casa pra chegar aqui pra resolver bagunça que apesar de não ser minha tá na porra do meu morro, então mesmo relutando muito eu tive que vir pra cá.

Eu sei e sempre pensei comigo que isso não era vida pra Maria, ser mulher de bandido já é um caralho imagina nova do jeito que ela é, recente na casa dos dezoito e já passando por isso. Mas eu sou egoísta pra caralho e só penso no quanto eu tô apaixonado por ela.

— marrom bombom — ouço sua voz penetrando meus ouvidos e já me aproximo percebendo que vou me estressar — o bagulho com ela tá em baixo mermo, tu viu o tamanho da barriga dela ? — desviei olhando pra ela.

Parei pra reparar bem na Rebecca, muita gente na frente tentando ver a confusão, mas ainda era possível ver ela no meio de todo mundo. Realmente, a barriga tava grande, mas não pro tempo que poderia ser meu. Bandido quando é bom ele é esperto e não morto como dizem.

— não é meu — encarei seus olhos de volta.

— é bom que não seja...Maria não ia te querer nem pintado de ouro, pretinho — ele afinou a voz tentando imitar a Maria.

Ignorei a gracinha dele e fui em direção a muvuca, com apenas um olhar a concentração de dispersou e aqueles que gravavam agora já abaixavam seus aparelhos.

Sobrou somente Rebecca dando show pro Jorginho que tava sendo paciente e tenho certeza que é pela criança. Cara bateu nem na mulher dele quando descobriu que foi corno, imagina numa grávida.

— chega de show que tu não é a Xuxa, passa lá pra dentro — seus olhos caíram sobre mim e sem retrucar ela abaixou a cabeça e entrou — quero atividade, morro tá com alerta por causa do filho da puta do Marques, então todo cuidado é pouco — eles assentiram e eu segui pra dentro do local onde eu gerenciava o morro.

Ela estava sentada na cadeira com os ombros encolhidos. Eu tô ligado que ela quer fazer a linha coitada e desamparada porque Rebecca escolheu essa vida quando largou a família honesta que tinha. Eu não fui o primeiro envolvido pra quem ela sentou e pelo tamanho da barriga não fui o último também.

Não vou julgar ela, mas pô...ela escolheu isso pra vida dela, ter patrocínio em troca de sexo e o resultado é esse aí, tá buscando quem assuma, mas essa responsa eu sei que não é minha.

— sem enrolação, Rebecca...e nem inventa de vir com história triste que tu sabe que eu não caio — caminhei até minha cadeira, me ajeitei a abri a gaveta da mesa atrás de um fino bolado.

— Viturino, eu tô grávida — óbvio que tá.

— quanto tempo ? — ela me olhou por um tempo e eu já vi ela dando os sinais de nervosismo, desviando o olhar e piscando com frequência...doida pra mentir pra vagabundo.

— uns cinco meses — estalei a língua no céu da boca e o "tsc" quase ecoou no silêncio de nós dois.

— no máximo quatro meses, Rebecca...já vi muita grávida por aí pra saber que se fosse meu tu tava quase parindo, faz muito tempo que a gente nem se encosta — encarei seu rosto enquanto acendia o baseado que tava apoiado nos lábios com o isqueiro banhado a ouro, os olhos começando a lacrimejar.

Logo eu entendi que de duas, uma: ou ela não sabia quem era o pai, ou sabia mas não queria aquele pra ser o pai.

— tá certo, não vou tentar te enganar, mas queria tua ajuda.

— pra bancar um filho que não é meu ? — dei uma risada irônica, ela só pode tá muito louca.

— se o pai souber, ele vai me obrigar a abortar e além de não ser seguro eu acho muito errado — me surpreendi por ela pensar assim, Rebecca é o tipo que independente de quem seja, se ela não quisesse ela abortaria.

— quem é o pai ? — ela negou olhando pra baixo, na direção das pernas — se não falar, não posso ajudar, Rebecca...tenho que saber onde tô me enfiando.

— então, vai me ajudar ? — porra, se a Maria sabe disso aqui...

— talvez, mas preciso saber quem é a porra do pai.

— não posso contar, ele me mataria — ela maneou a cabeça negativamente de novo — me envolvi com pessoas erradas, Viturino.

— morro rival ? — negou de novo, porra eu não quero nem imaginar — assim fica difícil, Rebecca.

— é só por enquanto, só uma ajuda até eu arrumar um serviço.

— eu vou te ajudar, mas se eu desconfiar, se eu sentir mentira nessa tua história tu pode correr, correr até não sentir tuas pernas e mesmo assim eu vou atrás de tu — dei o segundo trago no baseado em meio a essa conversa, sentindo o cheiro da fumaça se misturar com meu perfume.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora