Capítulo 36

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Viturino😈

Observo cada movimento, encostado na grade do camarote. Daqui tenho uma visão ampla da parte debaixo, o quanto a droga circula no meio de todos, passando de mão em mão. Pessoas bebendo, dançando e se divertindo como de costume.

Arrumo meu relógio no pulso enquanto com a outra mão seguro o copo de bebida, um whisky puro no copo transparente.

Desvio minha atenção pra entrada, sentindo a presença dela lá. Eu sabia que ela estaria, mas na moral ? Toda vez sinto que meu coração bombeia o sangue mais forte na presença dela.Vejo sua amiga atrás e por fim AK, segurando a cintura da Morena.

Ela analisa todo o local, corpo todo moldado na saia preta com uma pequena abertura, o top decotado cheio de brilho. Linda como sempre, ela sente meu olhar, procura por ele que queima sobre o corpo dela. Assim que encontra ela mantém a postura, mas posso ver um pequeno sorriso se formar em seus lábios.

Nessa semana nós falamos apenas pelo celular, nenhum encontro, nada que pudesse matar nossa saudade ou diminuir. Depois da conversa com o GS as coisas melhoraram um pouco, ele conversou com ela e se redimiu com AK por expulsar ele do morro no impulso. Como eu havia pensado antes, o cara é pai e só quer o melhor pra ela, como a maioria dos pais.

Não desvio o olhar do dela nem por um minuto e logo seu perfume chega, o cheiro gostoso dela que a dias eu quero por perto, que me acalma. Ela vem andando e tudo ao seu redor na minha visão some, há somente ela ali, caminhando ao meu encontro.

— boa noite, minha pequena — envolvo sua cintura com meu braço esquerdo, admirando o rosto dela de perto.

Ela passa a língua pelos lábios, mexendo no piercing que tem ali e atraindo minha atenção.

— boa noite, meu preto — ela uni nossos lábios no que era pra ser um selinho, mas faço questão de transformar em um beijo.

Me afasto percebendo que sua respiração já está desregulada e ela sorri encarando meus olhos.

— não sabe o quanto tá gostoso desse jeito, todo trajado e cheiroso — suas unhas deslizam pela minha nuca me trazendo a sensação gostosa que ela causa.

— já tu, sabe bem o quão gostosa tá nessa roupa, minha gostosa — ela aproxima nossas testas e sussurra contra os meus lábios.

— eu tava com tanta saudade, preto — deslizo minha mão que está na sua cintura até a altura da sua bunda e aperto levemente.

— eu também, tu nem imagina. Hoje tu dorme aqui — ela encara meus olhos e fica em silêncio.

Sei bem o que ia dizer: "meu pai não vai deixar", mas agora ela é de maior e pode pelo menos dormir fora de casa sem que ele acione uma variedade de vapor na cola dela, pelo menos não no meu morro.

— eu vou sim, foder gostoso contigo e dormir agarradinha — dou uma risada rouca enfiando o nariz em seu pescoço.

......

Daqui do camarote palmeio ela, dançando com a Bárbara como se fosse a última vez...e como dança. Rebolando a bunda grande dela e vários passando, olhando de quase tirar pedaço.

AK está ao meu lado, se controlando tanto quanto eu pra não descer lá e acabar com a farra das duas pra não matar um marmanjo.

— porra, ela tá grávida...essa parada aí não faz mal não ? — ouço sua voz e quase me engasgo com o whisky.

— quem ?

— a Morena, pô — respiro aliviado.

— parabéns aí, irmão — estendo minha mão e ele logo aperta.

— muito formal tu né, devia dar um abraço logo nessa porra — maneio a cabeça negando.

Volto minha atenção pra ela no momento em que um comédia chega colocando a mão em sua cintura, já retorno a postura e quando penso em descer a voz do Victor entra na minha audição.

— qual foi, pô. Esse aí é o Cadu, tatuador lá do morro, é amigo dela — a porra do cara que colocou o piercing nela.

— então é na reta dele mesmo que eu vou — desci do camarote na reta deles.

Assim que ela me viu seu semblante mudou pra preocupada, pude perceber o quão nervosa ficou e já imagino o por quê.

— tudo certo aqui ? — perguntei olhando diretamente pra ele.

Bárbara já estava ao lado dela, segurando sua mão como se temesse alguma atitude minha, mas em baile meu não tem caô.

— firmeza — ele me estende a mão — satisfação, Cadu — apenas olho pra sua mão e depois desvio o olhar pra ela que se mantém atenta.

— Cadu, depois a gente se fala, temos que subir — ele recolhe a mão e confirma pra ela saindo dali — Viturino — percebo a saliva passar pesada por sua garganta quando vira pronunciando meu vulgo.

— foi ele, não foi ? — ela sabe do que estou falando, tanto sabe que apenas confirma.

Bárbara que estava ao seu lado se afasta nos dando privacidade, mesmo em meio a tantas pessoas.

Dou as costas indo em direção ao camarote encher meu copo mais uma vez, tô precisando de algo forte pra aguentar o ciúme que sinto por ela.

— ei, vai me dar as costas ?

— o que ele queria ?

— nada, só parou pra me cumprimentar.

— mentira — altero um pouco minha voz e ela se afasta me encarando com dúvida — acha que não percebo quando mente ? Quando seu olhar vacila ?

— eu não menti, ele parou pra me cumprimentar — ela cruza os braços expondo toda sua marra.

— e o que mais ?

— perguntou se o piercing já tinha cicatrizado.

— só isso ? — ela afirma, sei que não é, mas vou evitar discutir com ela pelo menos aqui.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora