Capítulo 56

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Mavi ❤️‍🔥

As coisas estavam se acertando conforme o tempo, algumas coisas mudaram pra mim, que resolvi junto com a Bárbara abrir nosso negócio próprio e enfim teríamos a nossa marca. Não se tratava apenas de uma loja de roupas, mas de uma marca própria com desenhos feitos por mim e por ela.

Bárbara sempre gostou muito de moda, sempre se vestiu muito bem e adorava fazer customizações em roupas que na visão dela já perderam a graça. Talento a gente tinha, era só questão de planejamento.

Desde que fiquei noiva nesses dois meses nem eu e nem o Vicenzo tem falado muito sobre enfim se casar, eu nem tenho pressa pra isso afinal eu noivei faz dois meses. Mas o que gerava uma discussão entre nós dois agora era o fato dele querer morar junto e pra mim isso só acontece quando de fato você se casa.

Pode parecer bobeira da minha parte, porque hoje depois que as escovas se juntam não é preciso mais nada, mas na minha visão não é assim.

Bárbara e Victor decidiram morar juntos, eles tem o Silas agora e seria inviável morarem em casas separadas, mas a gente não. Não temos um bebê ou algo que nos obrigue a morar juntos de uma hora pra outra e ele parece não entender isso.

Por essa razão ele não tem me mandado mensagem desde ontem quando discutimos, apenas parou de responder e nem visualizou mais. Eu não vou perder o pouco de paz que tenho tentando convencer ele que apressar as coisas não é o melhor caminho, ele que descubra isso sozinho.

— tá me ouvindo ? — olhei pra Morena, que estava de frente pra mim, estávamos na minha casa colocando algumas ideias no papel para mandar pra fábrica, nossa primeira coleção.

— claro que eu tô, tá falando ai a meia hora que a fenda do lado esquerdo fica melhor do que no lado direito — ela olhou pra mim impaciente e bufou.

— não, eu não tava falando mais disso — eu desviei os olhos pro desenho que eu fazia a minutos atrás analisando os detalhes — qual foi em ?

— não sei — dei de ombros — eu quero viver tudo com o Vicenzo, conquistas, sonhos, casamento, filhos, mas as vezes eu acho que não estamos no mesmo tempo sabe ? — ela negou.

— Mavi, se ama ele com diz que ama tu vai saber encaixar cada coisa no seu lugar, só que ele vai estar junto com tu pra fazer isso — olhei pra Bárbara e ela parecia empenhada em ser minha conselheira — amor também é sobre renunciar, nem tudo agora será sobre você, mas sim sobre vocês.

— e se eu não quiser mudar meus objetivos ou atrasar eles ?

— você não vai estar errada se isso acontecer, mas vai estar pensando só em você, o que também não é errado, mas se ama ele como diz que ama então tem que incluir ele em tudo — ela suspirou e já sabendo o que eu tava passando ainda completou — se não quer morar com ele, então não vá.

— se eu fizer, vou estar apressando tudo e atropelando as coisas ?

— se você vê assim — ela deu de ombros — pra mim e pro Victor foi diferente, temos o Silas e eu não faço questão de estar casada no papel, mas se você faz então casa e faça do seu jeito.

Ouvimos os resmungos do Silas, que estava no bebê conforto, e rapidinho a Morena correu pra pegar ele. Ela ajeitou o bebê da dinda nos braços e abaixou a alça da regata, colocando a fraldinha de boca por cima do seio que amamentava ele.

Tava ficando cada dia mais gordinho e gostoso, as perninhas grossas e o pé parecendo um pãozinho. Ela fez uma careta assim que ele começou a sugar o leite e sentou novamente na cadeira apoiando as costas no encosto.

— ele puxa tão forte que o bico do meu peito quase sai junto — o barulhinho da sucção vai ficando mais forte, mesmo com um pequeno desconforto ela não afasta o bico, apenas acaricia a cabeça dele — ele teve cólica de madrugada e graças a Deus o Victor lembrou do remédio que tava guardado na cômoda, porque com o tempo que eu tava sem dormir eu nem ia lembrar.

Olhando assim, eu nem sei se levaria jeito pra ser mãe. É uma dedicação muito grande e além de todo e qualquer cuidado, imagina um serzinho desse dependendo de mim que choro quando um look que eu imaginei dá errado, íamos chorar juntos.

Ouço o som das notificações caindo no meu celular, nem faço muita questão por imaginar que ele ainda não tenha passado por cima do orgulho dele, assim como eu não vou passar por cima do meu. Mas ignorar só resultou em ligação, e logo o anunciador de chamadas notificou que era ele.

Morena olha pra mim instantaneamente com um olhar de "atende logo", mas de verdade tô zero vontade.

— depois reclama que ele não manda mensagem — ouço ela resmungar baixinho enquanto me estico pra pegar o celular.

Nossa foto aparece no fundo da chamada e logo meu dedo desliza pela tela, atendendo a ligação.

pois não — digo assim que atendo.

— já foi mais carinhosa né, pequena ?

— se não for falar nada de importante avisa que eu desligo — Morena revira os olhos pra mim e sem emitir o som ela diz "sonsa"

— eu to ligado que pesei a mão contigo sobre o bagulho de morar junto — ele respira pesado do outro lado — mas eu também não gosto de brigar, tô ligando pra pedir desculpas — meu coração parece ter amolecido depois das palavras dele.

Eu sou apaixonada nesse homem.

— e qual vai ser sua forma de se desculpar ?

— já já tu descobre — franzo as sobrancelhas sem entender — preciso desligar, pequena, muita coisa pra resolver aqui — ouço a voz do PL no fundo da ligação.

— tá certo, amo tu — sinto meu coração acelerar bem de leve com as palavras saindo da minha boca.

— amo tu, não esquece disso nunca — a chamada é encerrada.

toda arriada pelo bofe — o sorriso nos lábios dela entrega o sarro que ela tira da minha cara.

— se ele fizer acontecer, eu faço valer a pena — dou de ombros e um sorriso brota em meus lábios.

O barulho da porta chama minha atenção e quando percebo Jorginho passa apenas a cabeça pelo vão.

— firmeza ? — assentimos apenas — Viturino pediu pra entregar uma caixa pra tu.

— se for droga deixa aí por fora mesmo — Jorginho escuta a Morena falar enquanto abre a porta.

Eu me levanto da cadeira e vou até ele vendo a caixa grande e preta com um laço em cima.

— deixa que eu coloco aí pra tu, tá pesadona — franzo minha sobrancelhas sem entender que tamanho de caixa é essa — abre pô.

— larga de ser curioso, cara — Morena retruca enquanto levanta da cadeira com o Silas no colo, já se ajeitando pra tirar ele do peito.

— por isso que o Silas só chora, chatona tu.

Ignoro a conversa dos dois enquanto Jorginho coloca a caixa em cima da mesa, do lado oposto da bagunça que eu e ela fazíamos. Chego mais perto e desfaço o laço da caixa preta fosca, subo a tampa da caixa e me impressiono com o vestido laranja, a cor que ele considera se destacar mais no meu corpo e eu também. Vejo uma sandália branca ao lado do vestido, daquelas que são trançadas na perna.

O vestido é em cetim e isso realça ainda mais a cor do laranja, bem vibrante e chamativo apesar de ser um tom pastel. Observo bem os detalhes da caixa e pego um bilhete com uma letra masculina, porém legível.

— Mavizinha, que espetáculo de vestido — dou um sorriso com sua observação e vejo ela olhar cada detalhe assim como eu, deslumbrada.

"Laranja é sua cor minha pequena, intenso igual a você. Esteja pronta às 21:00, amo tu".

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora