Capítulo 12

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Mavi❤️‍🔥

— tu sabe que ele vai falar pra caralho né ? — Victor disse assim que entramos no carro.

— se ele só falar tá bom, ruim vai ser se ele me bater — os dois me olharam automaticamente.

— acha que ele faria isso contigo ? Porque nem quando tu era terrorista ele te encostava — Bárbara ainda me encarava com dúvida.

— não sei talvez sim, ele tá muito possessivo quase não posso respirar porque ele não deixa — Victor ligou o carro e fomos direto pro Vidigal.

O caminho não era nem tão longo e nem tão curto, mas na minha cabeça tava rápido demais, talvez pelo medo de apanhar que eu sentia.

Queria ter um pouquinho mais de liberdade pra fazer minhas coisas, pra curtir com meus amigos, mas meu pai não deixa nada e conversar com os meninos da boca tava nesse pacote, ou seja, viver isolada pra ele seria o ideal.

Não vou mentir, meu coração tava acelerado e eu realmente tava com medo de apanhar, mas quando chegar em casa não vou mentir e vou falar a verdade, vou dizer o porque de sair escondida e ver se ele entende.

Enquanto isso as chamadas no meu celular eram frequentes e eu ignorava todas. Passamos pela barreira assim que Victor piscou os faróis pros vapores.

Minha mãos suavam pra caramba e eu tava nervosa, ficando ofegante com o coração quase saindo pela boca.

— tua mãe não vai deixar ele te bater, né ? — Bárbara pergunto baixinho antes de descermos do carro quando Victor parou.

— eu espero que sim, tenho umas economias guardadas e se for pra sair de casa eu saio — Victor me olhou pelo retrovisor e negou.

— tu não vai fazer isso com ele, única filha cara, ele só tá tentando te proteger.

— então fica no meu lugar, AK, experimenta viver da escola pra casa e de casa pra escola aí tu me diz se é bom.

Abri a porta já nervosa e desci do carro ajeitando a sainha laranja no meu corpo. Não precisei de muito pra entrar, assim que fechei a porta do carro ouvi a porta da sala ser aberta e ele me olhava com um misto de alívio e raiva.

Ouvi as portas do carro serem fechadas e logo Victor e Bárbara apareceram no meu campo de visão indo pra dentro da casa.

— pode ficar aí, não quero ninguém entrando na bala dela, tá grande já e precisa assumir os caô que cria — passei por eles entrando em casa, mas de cabeça erguida.

Vi o olhar da minha mãe com um pouco de pena, acho que nem ela gosta dessa situação toda. Me sentei no sofá e ouvi a porta bater tomando um susto leve enquanto ele entrava e se sentava no outro sofá.

— sabe, eu acordei no meio da madrugada — olhei o relógio da sala que já marcava quase cinco horas — já tá quase na hora de sair pra ir pra boca e quando eu decido passar no quarto na minha filha que eu já não vi hoje eu vejo que ela não está — ele dizia isso tudo olhando pro chão, mas logo encarou meu rosto e meus olhos já estavam nele — eu só vou perguntar uma vez e se tu for esperta vai saber responder, onde tu tava ? — seus cotovelos apoiados nas pernas e os dedos entrelaçados, por incrível que parece o tom de voz era ameno e carregava uma mistura de sentimentos.

— na Rocinha — minhas mãos continuavam suadas e eu tava perto de um infarto porque meu coração batia tão forte que a qualquer momento iria parar.

Ele estreitou os olhos pra mim, respirou fundo e encostou as costas no sofá passando a mão pelo rosto demonstrando o nervosismo. Minha mãe estava perto do painel, que ficava perto de ambos os sofás, olhando tudo atenciosamente e em silêncio.

— na Rocinha ? — confirmei com a cabeça — e tu foi fazer o que lá ? — sua cabeça reclinada na parte alta do sofá como se ele quisesse relaxar, e estando de olhos fechados me perguntava.

— fui em um baile, com o Victor e a Bárbara.

— eles estavam com você desde que saiu de casa ? — eu assenti — acho que decepção nem é a palavra, vai além — meus olhos permaneciam nele e em cada um dos seus gestos. Eu estava com medo.

— se me desse um pouco de liberdade eu não sairia escondida — ele abriu os olhos e virou a cabeça na minha direção me encarando olho no olho.

— que liberdade ? Sair, aprontar e voltar cinco da manhã ? É essa a liberdade que tu quer ? — o tom de indignação era perceptível.

— aprontar ? Em dezessete anos o quanto de desgosto eu te dei ? — agora eu estava indignada com suas palavras — tento te agradar em tudo que faço, notas boas, comportamento bom, sem vícios, sem desobediência, mas nada, absolutamente nada te agrada, pai.

— obediência e bom comportamento ? E hoje ? O que tu fez hoje ?

— dezessete anos anulados por cinco horas fora de casa me divertindo com meus amigos, realmente filha igual eu é um castigo e digo mais nunca dei motivo pra falarem de mim nesse morro, mas a partir de hoje eu faço minhas malas e saio da sua casa pra viver a libertinagem que tu pensa que eu quero viver — me levantei do sofá e ele também, queria ir até o meu quarto me trocar mas ele entrou na frente franzindo o cenho.

— filha, calma, vocês estão nervosos — minha mãe disse e colocou a mão do ombro dele — Augusto, por favor — os olhos suplicantes dela estavam direcionados pra ele.

— qual foi, Marcela ? Ela tá no erro e ainda vem de ameacinha.

— ameaça não, eu vou embora — encarei ele bem séria.

— tu não passa dessa porta pra lugar nenhum — ele aumentou o tom de voz.

— não vai ser tão difícil, afinal eu já não saio pra quase nada — dei a volta no sofá indo pras escadas.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora