Capítulo 20

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Viturino😈

Fiquei puto por saber que alguém tocou nela, que viu aquilo que é meu, mas de todo jeito o piercing ficou lindo, bonitão mesmo.

Ela pareceu decepcionada com a minha reação e eu vacilei, falei uns bagulho que não é certo mesmo dela ouvir. Parece que foi na melhor intenção e eu só consegui ficar cego de ciúmes.

Mas agora além do peso na consciência tem a preocupação com ela. Analisar ela assim deitada na minha cama, mas não da maneira que eu queria tá deixando minha cabeça bagunçada.

Só não entendi qual foi do desmaio, ela ficou zonza do nada, toda mole e pálida. Minha única reação foi segurar ela nos braços e trazer até meu quarto pra ver se ela acordava, mas já se passaram uns quinze minutos e ela continua na mesma.

Fui até a cômoda e peguei meu celular que caia notificação pela terceira vez desde que subimos e li o nome da Rebecca no visor. Minha paciência tava se esgotando com ela e eu já tava ficando puto com essa insistência.

Semicerrei os olhos pra tela do celular fitando sua última mensagem.

poxa, tô bolada contigo. Uma homenagem dessa e tu não me dá nem uma moral.

Minha respiração pesou mais uma vez quando terminei de ler a frase e fui diretamente bloquear o contato dela. Bagulho feio de ficar se oferecendo, já passei a visão da parada pra ela e no momento minha mente tá domada por uma novinha baixinha e corpuda, cabelão preto e olhos hipnotizantes.

Desviei meus olhos até ela, deitada na minha cama como se dormisse tranquilamente. Me aproximei mais quando seu corpo se mexeu, sentei na ponta da cama ainda deixando um espaço entre nós.

Seus cabelos espalhados pelo meu travesseiro, eu tinha a certeza que seu cheiro ficaria impregnado ali. Dias de passariam mas sua imagem ali ficaria na minha mente por tempo indeterminado.

Eu me sentia um egoísta do caralho querendo arrastar ela pra perto de mim, mas era inevitável. Era um bagulho que mexia comigo desde que troquei olhares com ela. Parecia um imã e quanto mais eu tentava me afastar mais eu era atraído pra ela.

Tava me arriscando a comprar um problema com a facção, mexer com filha, mulher, mãe ou irmã de bandido era um bagulho errado. Mas toda vez que eu pensava nela eu me sentia disposto a isso.

Meus olhos passeavam por ela, seu corpo naquele vestido que era um pouco curto, o piercing em sua boca que mesmo com cara de menina ficava atraente nela, os outros acessórios deixavam ela ainda mais linda.

Assim que abriu os olhos ela olhou todos os cantos parecendo perdida, varreu o quarto atrás de algo familiar mas assim que bateu os olhos em mim pareceu se tranquilizar.

— o que aconteceu ? — perguntou com a voz rouca de quem acabou de acordar.

Perguntar isso pra mim não tinha sentido algum, eu também queria saber o que tinha acontecido pra ela desmaiar assim.

— a gente tava na sala, conversando sobre tu ficar — ela tentou se sentar na cama e quando conseguiu me olhou atenta — e do nada tu desmaiou — ela fechou os olhos brevemente e assentiu.

— a maconha — a encarei com dúvida.

— tu quer fumar ? — ela revirou os olhos e negou.

— o cheiro da maconha me deixa assim, tonta e um pouco enjoada — ela passou a língua pelos lábios secos pela segunda vez.

— tá com sede ? — ela assentiu — vamos descer, tu vai comer alguma coisa e a gente toma banho — ela negou — qual foi ? Tu não vai embora, pô — soei autoritário mas a parada era essa, ela ia dormir comigo hoje.

— Viturino, isso não vai dar certo — seus olhos encaravam os meus com um pouco de pesar.

— Maria, eu não vou fazer as coisas com pressa.

— não é isso.

Eu tava sentindo um bagulho estranho, uma coisa que não senti antes e que tava me incomodando. O olhar dela parecia triste, seu semblante entregava e ela parecia descontente com a própria fala carregada de chateação.

— então fala, pô — cruzei os braços e olhei em seus olhos revezando com a boca linda dela.

O clima entre nós estava tenso, ela parecia um vulcão prestes a entrar em erupção com o que estava guardando.

Meus olhos acompanhou seus movimentos, os dedos se entrelaçando enquanto ela brincava com as duas mãos pelo nervosismo.

— solta a voz.

— eu fiz algo que não me orgulho, mas a curiosidade falou mais alto — franzi o cenho sabendo que uma ruga se formou em minha testa — eu li a mensagem que a Rebecca te mandou.

Um silêncio se formou ali, ela parecia sem graça e um pouco nervosa pela situação. Seu corpo expressava isso assim como seus olhos.

Por mais que ela não fale seu corpo grita, ele se expressa de todas as formas possíveis, vejo a tensão em seus ombros, o seu olhar um pouco ridicularizado por achar que eu brigaria ou intimidaria ela pela atitude.

— eu não quero parecer emocionada, apesar de parecer isso, mas eu preciso perguntar — ela me olhou como se pedisse permissão e eu confirmei — você quer algo sério comigo ? Ou somos só um caso temporário ? — ela colocou o cabelo pra trás da orelha parecendo tranquila.

Não sei se essa pergunta deixava ela nervosa ou incomodada porque isso ela não deixou transparecer, mas ela queria uma resposta e eu não tinha nada concreto sobre isso.

— a gente tá se conhecendo, deixa o bagulho rolar — ela concordou em silêncio e levantou da cama indo até o banheiro.

Eu não sabia se estava tranquilo ou nervoso com essa situação, eu queria realmente estar com ela, mas eu sentia que ela se cobrava muito por minha causa e esse piercing que ela colocou tentando me agradar é a prova disso.

Ela é nova e eu não quero ser uma influência ou alguém que atrapalhe o andar da vida dela, mas mesmo assim quero ela perto de mim, sinto que ela tem um bagulho que me acalma, que me transforma em quem tá escondido aqui a muito tempo.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora