Capítulo 47

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Mavi❤️‍🔥

eu já falei que não — meu pai insistia em me parar, em me deter, mas não seria fácil.

— eu vou sim, aquela mulher pode sofrer coisas bem piores do que imaginamos, ele tava pra agredir ela no meio da rua.

— Maria, presta atenção...Marques não é qualquer porra não, ele é um tenente tão filho da puta quanto o pai e foi o pai dele que matou seu avô, e teu avô era um dos caras mais inteligentes que eu já conheci.

— pai, ele quer o Luiz de volta, eu não sei mas sinto que o Luiz já sofreu muito na mão desse homem...o pavor nos olhos dele quando a gente tava no farol era visível.

— filha, me ouve — ele caminhou até mim encerrando o espaço que havia entre nós e segurou minhas mãos me incentivando a sentar no sofá da sala junto com ele — tu não vai se envolver nisso, Maria, eu não vou deixar...tu é minha única filha, meu bem mais preciso, então tira da tua cabeça essa história de se envolver num assunto que eu posso resolver.

— tá bom, o senhor vai fazer do seu jeito e eu não vou me meter nos seus planos — ele me olhou um pouco desconfiado e soltou minhas mãos se levantando do sofá.

— eu tô com meu olho bem aberto contigo, qualquer gracinha tua e tu não passa dessa porta, ouviu ? — me levantei do sofá e bati continência.

— sim, senhor — ele me olhou e maneou a cabeça em negação.

— vai brincando, tu tá achando que a vida é um filme de ação...mas na vida real o bagulho é bem mais embaixo — ele me deu as costas indo pra escada e eu desfiz minha gracinha.

Ouvi a porta der aberta e por ela passou minha mãe junto com o Luiz, ele estava falando e com a boca suja de sorvete, parecia tão animado e feliz.
Pelo tempo que estamos com quele eu me pergunto quem seria capaz de fazer mal a um ser indefeso como ele ? Uma criança tão boa e inocente, cheia de amor e carinho.

— Maria — ele se aproximou passando a mão suja de sorvete em sua roupa, o que me arrancou uma risada ao ver a cara da minha mãe — eu vou entrar pra escolinha de futebol, vou jogar bola bem maneirinho agora.

— ele se animou tanto que quase ficou por lá — ouço a voz dela e desvio meu olhar pro seu corpo.

Ela estava linda como sempre, um vestido florido no tamanho médio e um pouco rodado, parecia mais jovem do que realmente era. Seus cabelos assim como os meus eram ondulados e beiravam sua cintura.

— claro, Celinha...tu viu o tanto de cria ? — ele chamava minha mãe assim, todo carinhoso com ela e com qualquer um de nós.

— Luiz, eu queria muito conversar com você, vamo lá pro quarto ? — ele assentiu e foi na frente subindo as escadas.

— tá tudo bem ? — ela pergunta assim que ele some do nosso campo de visão.

— tá, e se não tiver vai ficar — ela me abraça apertado e depois acaricia meu rosto.

— de todas as joias que teu pai já me deu, de todos os presentes e luxos dessa vida o maior de todos foi tu, como ele costuma dizer nosso bem mais precioso — sorrio abertamente ao escutar suas palavras.

Não tem nada que eu ame mais do que minha família. Tudo sempre será por eles e pra eles, por mais que eu tenha decepcionado eles em algum momento eu sempre estarei aqui, disposta a travar batalhas por quem eu amo.

......

Ele sai do banheiro depois de lavar as mãos e limpar a boca, vejo algumas marcas em seu braço que eu nunca havia reparado.

— se machucou feio, em — passo a mão pela cicatriz e ele recua devagar — tá tudo bem ? — ele assente.

— Luiz, eu queria te fazer uma pergunta e se você quiser me dizer tudo bem, mas caso não queira não tem problema.

— pode perguntar, tia.

— quem fez isso com você ? — apontei pras marcas — sabe que pode confiar em nós.

Ele olhou pras marcas e passou a mãos em cima fechando os olhos, reparei cada movimento seu e quando seus olhos abriram estavam cheios de água. Ele foi pra frente do espelho e abaixou a cabeça, mas depois levantou e me olhou através dele.

— meu pai, tia — sua voz chorosa e cheia de mágoa me fez perceber que eu estava certa.

— e ele fazia isso com sua mãe também ? — ainda conversávamos nos olhando pelo espelho.

Sua voz parecia ter sumido, mas seus olhos tão expressivos me confirmavam. Seu choro baixinho atravessou minha audição e eu me aproximei dele abraçando seu corpo pequeno e um pouco magro.

— ele batia até ela desmaiar — disse entre soluços.

A ardência tomou conta dos meus olhos e logo meus olhos estavam cheios, minhas lágrimas desciam silenciosas enquanto as dele vinham acompanhadas de suas fungas.

Sua cabeça estava apoiada na minha cintura e eu sentia o tecido molhando conforme absorvia as lágrimas dele.

— eu tô com muita saudade dela, mas ela disse pra eu não voltar — meu peito doía só de ouvir suas palavras.

Quanta dor ela e ele carregavam por estarem longe um do outro ? Por passarem tamanho sofrimento nas mãos daquele monstro que se diz cidadão de bem a plenos pulmões ?

Meninassss, já estamos na reta final do livro...mais alguns capítulos e ele estará finalizado.

Enquanto isso eu já postei o primeiro capítulo da escrita que estava em segredo kkkkk.

"Mentira letal" já está disponível no meu perfil, conto com vocês pro avanço do livro 🥰

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora