Capítulo 35

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Mavi❤️‍🔥

Dia de baile aqui no morro era frenético. Era sobe e desce de mototáxi, loja e salão lotados e movimentação nas ruas era grande.

Eu e Bárbara já estávamos em busca de uma roupa pra hoje, fomos em algumas lojas mas não encontramos nada que agradasse, na verdade algumas coisas até agradaram, mas ela estava inconformada por ter que comprar uma numeração maior já que sua barriguinha estava ficando visível.

— que ódio, tô ficando sem roupa a cada semana, Mavi — ela me olhou completamente frustrada e irritada.

— calma, cara, o bebê sente tudo isso aí e tu tá se estressando atoa. Tu veste quarenta e tá indo pro quarenta e dois, é normal e toda grávida passa por isso — tentei confortar minha amiga que já estava com os olhos inundados.

Hormônios.

eu sei, mas eu já me sinto enorme e comprar uma roupa maior é tipo uma afirmação, droga — disse secando as lágrimas.

— cara, tu nem contou pra ele ainda Bárbara, tem noção do quanto ele vai ficar puto por saber que você já fez uma ultrassom e ele não tava lá ? — entramos em mais uma loja e cumprimentamos a vendedora.

— eu sei, e também não tenho tanto tempo até começar a crescer, até porque minha barriga tá parecendo um mini ovo — ela passava a mão na barriguinha enquanto sorria.

— bom...última loja antes da gente ir comer alguma coisa em, espero que encontre algo.

Ficamos alguns minutos na loja olhando as araras, atentas a todas as peças. Era um ambiente agradável, as paredes e os detalhes ornavam e até parecia aquelas butiques chiques do asfalto. Provamos algumas peças e eu acabei levando uma saia preta com uma pequena fenda e um top prata junto com alguns acessórios. Já a Bárbara optou por um body preto de alcinha com uma renda impecável e uma mini saia jeans.

Saímos da loja com as sacolas em mãos, a logo personalizada em dourado destacava bem no fundo branco. Subimos o morro conversando enquanto íamos em direção do restaurante. Escolhemos uma mesa que ficava na parte mais fresca, num tipo de sacada.

Colocamos as sacolas em uma das cadeiras e logo a garçonete se aproximou com os cardápios. O local era preenchido por turistas, moradores e traficantes. Todos em buscar de uma comida caseira num sábado em que o sol era quente quase rachando.

Fizemos nossos pedidos e aguardamos, pedimos o prato do dia e bebidas bem geladas pra refrescar.

— amiga, eu tava pensando aqui — ela olhava pro outro lado da rua bem distraída.

— por isso tô vendo uma fumaça saindo da sua cabeça — ela revirou os olhos dando risada.

— to falando sério, cara. Queria investir em um negócio próprio, sabe ?

— tipo o que ?

— tem que ser algo que lucre bem por aqui, e querendo ou não quem move dinheiro é mulher, né — olhou para sacolas das nossas roupas como se fosse óbvio.

— sem dúvidas...

— podíamos abrir algo juntas, eu tenho um dinheiro guardado que eram pra planos futuros como esse e...— ela parou de falar assim que Victor apareceu apoiando os braços na mesa.

Ele estava visivelmente nervoso, a veia de seu pescoço pulsava e seu rosto parecia vermelho de raiva enquanto ele parecia se segurar pra não gritar. Se não fosse óbvio eu diria que ele descobriu sobre a gravidez.

— quase doze semanas — ele respirou fundo — eu deveria grudar teu pescoço até tu ficar sem ar, filha da puta — suas palavras saiam entredentes.

— Victor...— tentei mediar a situação, algo bom não sairia disso.

— Maria, na moral, não se mete — ele desviou seus olhos pra ela, seu corpo tenso e estressado expressava o quão irritado e puto ele estava — levanta, a gente vai bater um papo — vi a garçonete se aproximar com nosso pedido.

Ele desviou o olhar se virando pra ela e pedido que ela colocasse um dos almoços pra viagem.

— AK, por favor...— Bárbara tentou argumentar mas ele não deu opção.

— tu vai sair sem fazer barulho, porra, vai pra casa comigo e vai me explicar direitinho essa história.

A marmita foi entregue pra ele junto com o suco e eles saíram juntos, Bárbara me olhava como quem dizia que estava tudo bem e eu apenas assenti.

Morena🌹

só me escuta primeiro — foram as únicas palavras que saíram da minha boca antes dele começar a falar.

— não tem conversa, caralho...tu se afastou e me escondeu isso, qual foi ? Eu não sou o pai, é isso.

— tá brincando comigo ? É claro que o pai é você, Victor.

— então por que não me contou, porra — ele alterou um pouco o tom de voz e se afastou passando a mão pelos fios curtos do cabelo — eu te amo tanto, Morena, e saber que tu escondeu isso de mim, porra...

— eu tava com medo — nesse momento minha voz já estava embargada e as lágrimas eu tentava segurar.

— medo de quê ? Alguma vez eu fui estupido contigo ? Alguma vez fiz algo pra te machucar ou te ferir ? Te ameacei ? — neguei todas as suas perguntas — então, porra...

— me desculpa, Victor. Eu sei que agi errado, mas eu sou sozinha entende ? Não quero te pressionar a ter um relacionamento comigo por um filho, não quero que pense que quero te segurar...

— caralho, Bárbara, tá achando que vou te comparar com essas interesseiras daqui ? Que pegam os fortes pra fazer de trouxa ? — ele se aproximou segurando meu rosto e enxugando as lágrimas que desciam — qual foi, amor, olha pra mim, pô — levantei meu rosto ouvindo sua voz que já não era tão rude — a gente vai construir a nossa família, eu e tu e agora nosso menorzinho — dei um sorrisinho bobo ouvindo suas palavras.

— ouro nenhum foi tão valioso quanto a carona que eu dei pra Mavi em troca de um encontro contigo — ele rossou nossos narizes e deu um beijo cheio de saudades em meus lábios.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora