Entre A Paz E O Perigo [M]

Capítulo 23

Viturino😈

Mais uma mensagem que ela só visualiza. Coloco o celular sobre a mesa e fito a tela por mais alguns segundos esperando.

Solto a fumaça que está presa e sinto o cheiro forte da maconha pela minha sala. O sol quente batendo na janela da sala pequena onde só os de confiança entram. Bloqueio a tela e me levando da cadeira colocando o celular no bolso.

Do lado de fora vejo alguns da contenção na postura e outros conversando sobre o movimento. Alguns acenam e outros abaixam a cabeça.

— fala tu — vejo PL se aproximar — Marques não vai dar paz mermo, não.

— esse fudido tá esperando eu esmagar ele com minhas próprias mãos, mas deixa estar.

Fito o moreno na minha frente alguns anos mais novo. Ele continua me olhando sério e quebra o silêncio que ficou entre nós.

— última vez ela tava entrando em casa, o pai encontrou ela passeando no morro e cortou a onde dela — assenti caminhando até o carro.

Percebi que Pablo tava me seguindo e antes de abrir a porta me virei pra ele.

— qual foi ? — cruzei os braços encostando no carro.

Ele olhou de um lado pro outro e ficou calado um tempo, depois encarou meus olhos.

— tu sabe que eu tiro onda, Vicenzo, mas tu tá diferente, tá ligado ? — continuei encarando ele — ela tá mexendo contigo, mas é uma confusão do caralho se envolver com ela.

— não fode — me virei pro carro mas antes de abrir a porta ainda ouvi sua voz.

— ele vai fazer um inferno, GS é controlador e tu vai travar uma guerra com o cara. Acha que numa dessa ela ficaria do teu lado ? Compraria briga por vocês ? Se tivessem os dois com uma arma apontada um pro outro, acha que ela entraria na bala por tu ?

Entrei no carro e dei partida ouvindo as motos logo atrás.

Pablo não mentiu.

Eu não tinha planos de gerar uma guerra com o GS, mas tô ligado que por ela, ele faria isso e muito mais. Ele é pai né, qual pai ia querer a filha com um dos bandidos mais procurados ? E pode parecer hipocrisia já que ele é um desses bandidos também, mas bandido ou não ele continua sendo pai dela e vai sempre querer o melhor.

Estaciono o carro na garagem e entro deixando minhas coisas na sala. Vou até o quarto tirar a roupa e tomar um banho gelado, mas paro na porta assim que sua imagem de forma na minha frente.

— porra...— a essa altura a maconha já tava fazendo efeito demais.

— a gente pode conversar ? — ouço sua voz doce penetrando pela minha audição e sem acreditar que é ela eu me mantenho imóvel.

Seus olhos em que me perco me fitam, ela passa a língua pelo piercing mais uma vez e com essa já são cinco desde que a vi aqui dentro.

— Maria, tu não respondeu uma mensagem e aparece aqui do nada ?

Seu semblante doce se altera e ela parece irrita e um pouco triste com a minha resposta.

— tem razão, não respondi. Eu queria vir aqui e conversar com você olhando nos seus olhos.

Ela se aproximou mais e mais de mim, colocou as duas mãos na minha bochecha e ficou na ponta dos pés puxando levemente meu rosto. Quando encostou nossas testas eu senti sua respiração um pouco acelerada, igual ao dia em que ela esteve aqui, nesse quarto, na minha cama e nos meus braços.

Flashback

— Viturino, eu não posso, não quero te prejudicar.

Meu coração palpita por perceber que ela se preocupa comigo quando quem corre risco de estar comigo é ela.

— caralho...— minha mente vai além quando penso no que isso tá se transformando.

Ela envolve as mãos na minha cintura e entrelaça nossas pernas ficando completamente enroscada ao meu corpo.

— tu vai enjoar, Viturino — ela fala baixinho — tem as mulheres que quiser, as mais gostosas e bonitas que não te cobram fidelidade, o que tu quer com uma menina como eu ? Que com certeza te encheria o saco perguntando onde está e com quem ?

Ela não entenderia, poderia ter um harém e sem nem eu mesmo saber o por quê eu ainda escolheria ela. É um bagulho louco aqui dentro do peito, desde que eu vi a Maria não consegui pensar em outra mulher.

Ela controla a minha mente, controla meu corpo e eu pareço uma marionete na mão dela, tem contato meu no Vidigal olhando cada passo que ela dá porque eu tenho a necessidade de saber onde ela anda, se tá bem, se tá segura.

— tu não tá ligada não, pequena. Eu posso ter todas sem querer nenhuma, mas a que eu quero eu não posso ter.

O silêncio entre a gente foi suficiente pra ela pegar num sono gostoso e tranquilo. Passei um bom tempo velando o sono dela pra saber se não ia passar mal de novo.

Flashback.