Capítulo 26

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Mavi❤️‍🔥

Em minutos me vi tentada a sair da casa da minha tia direto pro aeroporto. A televisão noticiava mais a cada minuto, era uma cobertura ao vivo, mas não aparecia o corpo dele nas câmeras, apenas a troca de tiros.

Minha tia por mais que soubesse, que a Rocinha é próxima do Vidigal, não fazia ideia de quem era Vicenzo Vitorino pra mim. Nem eu mesma sei.

Não se trata apenas de um traficante, é um cara que, por algum motivo que eu desconheço, vem aparecendo nos meus sonhos, que eu conheci por acaso é que mexeu comigo de uma maneira única.

— conhece esse homem ? É próximo do seu pai ? — desviei minha atenção do aparelho e fitei seus olhos.

— sim, conhecido do meu pai — minhas mãos estavam trêmulas e suadas, meus olhos lacrimejando aos poucos.

— conhecia ele também ? — nego calada — por que tá assim ? Tá passando mal ? — respirei fundo tentando controlar o ar que enchia meus pulmões, mas me sentia pior a cada momento.

— eu preciso ir pra casa — foi a única coisa que consegui dizer.

Sentia seu olhar atento e seus movimentos quando se agachou na minha frente, segurando meu rosto e olhando nos meus olhos.

— primeiro você vai respirar direito, com calma e então eu ligo pra sua mãe ou pra Bárbara e compramos sua passagem, pode ser ? — suas palavras eram quase inaudíveis, mas eu apenas concordei enquanto ela fazia a contagem da respiração comigo, me ajudando a regularizar.

......

Quando finalmente desembarquei do avião e tive a visão da minha mãe e da Morena bem na minha frente foi como se uma parte do medo que eu sentia tivesse se esvaindo, mas a sensação de angústia ainda permanecia no meu peito.

— Irene me falou que tu passou mal — seu olhar atento fitava o asfalto ao lado de fora.

Fechei meus olhos sentindo o vendo bater no meu rosto, esperando que essa sensação durasse por mais um tempo até que tudo isso fosse uma mentira.

— espero que conte a verdade pro seu pai, Mavi — sua voz passava pela minha audição calmamente e ainda de olhos fechados respondi.

— mãe, não vou negar nada e nem mentir pra senhora — abri meus olhos e encarei seu rosto concentrado no que fazia — eu não me envolvi desse jeito com ele — ela desviou o olhar por segundos rápidos, senti meu rosto corar levemente — ainda.

Ouvi a risada baixinha da Bárbara no banco de trás e vi minha mãe negando com a cabeça.

— quero que faça isso com responsabilidade, sem dúvidas ele é mais velho do que tu e teu pai vai ter um infarto e causar uma guerra, então esteja preparada.

Depois de mais alguns minutos nós chegamos na barreira e a cara dos meninos não eram das melhores, o primeiro que vejo é Victor. Apesar do semblante dele estar fechado, um sorriso brota em seus lábios assim que nos vê.

Desço do carro acompanhada por olhares, alguns desviam assim que Victor fecha o sorriso e voltam pros seus postos.

— fala tu, só voltou pra saber se aquele ridículo tá vivo — ouço sua voz murmurar no meu ouvi assim que me abraça.

— tem alguma notícia dele ? — meu tom de voz expressa meu desespero e ele nega de pronto.

— PL também não deu sinal e pelo que os menor falou não vai acabar tão cedo — minha aflição e o nervoso que sinto dizem mais do que minhas palavras — teu pai já tá em casa, saiu da boca cedo hoje só pra esperar tu — confirmei soltando a respiração.

Na real mesmo que a única coisa que eu queria agora era ir pra Rocinha ver como ele tá, saber se isso é verdade. Pode parecer loucura, mas eu sinto que ele não está morto, sinto isso de uma maneira inexplicável. É como se ao invés de surtar eu tentasse manter a calma, parece que uma paz quer de fato me acalmar.

— tem outra parada também — encarei seu rosto esperando que dissesse — tua mãe trouxe um menorzinho da rua, disse que encontrou ele por acaso, que o moleque tava todo assustado, arisco.

— moleque como tu é fofoqueiro — ouço a voz da minha mãe assim que ela segue pro nosso lado depois de descer do carro — eu ia contar pra ela quando chegasse — deu um tapa na nuca dele que alisou o local com cara de dor.

— bora, mãe — voltei pro carro enquanto ela terminava de falar com ele.

Bárbara permaneceu no carro, estava calada desde quando passamos a barreira e nem desceu pra falar com Victor. Estranhei e quando olhei pra trás percebi que ela olhava pra ele.

— por que não falou com ele ? — ela desviou o olhar e encarou meus olhos.

Não tinha percebido até então, mas seus olhos estavam lacrimejando, marejados por lágrimas e seu nariz vermelhinho. Me virei quase que por completo e segurei sua mão.

— qual foi, por que tá chorando ?

— porque sou idiota, medrosa e agora tô fudida — minhas sobrancelhas se juntaram expressando minha confusão.

Percebi que minha mãe vinha em nossa direção e encerrei o assunto dizendo que conversaríamos depois, enquanto subíamos o morro dei algumas olhadas pelo retrovisor e via ela com a cabeça apoiada, mas sua mão que alisava a barriga chamou ainda mais minha atenção.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora