Capítulo 6

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Mavi❤️‍🔥

Uma hora e treze minutos é o tempo exato que estamos sentadas ouvindo o sermão do meu pai, eu sabia que isso aconteceria mas não esse tempo todo.

— chega, Augusto — minha mãe veio da cozinha com um copo de coca na mão — já já a orelha delas sangram de tanto ouvir tua voz.

— se envolve não, Marcela...meu papo aqui é com essas duas — olhou pra mim mãe apontando pra nós duas e ela arqueou a sobrancelha pra ele — eu quis dizer que já acabei de conversar com elas, meu amor — se corrigiu e minha mãe assentiu.

— podem subir, tô fazendo janta — se virou indo pra cozinha — pode dormir aqui, Bárbara — completou.

Fomos pro quarto e quando entramos já tranquei a porta.

— porra, achei que ele não ia acabar nunca — se jogou na minha cama e fechou os olhos.

— pelo menos não aconteceu coisa pior — dei de ombros sentando na cama ao lado dela.

— tipo o que ? dom juan do trânsito morto ou uma surra em tu ? — semicerrei os olhos pra ela que permanecia de olho fechado.

— os dois né, porque no mínimo o Viturino levaria uma surra.

— tu não sabe nada do cara, como sabe que ele é tão indefeso assim ? — abriu os olhos e sentou na cama.

— exatamente — bufei frustrada — não sei nada dele.

— mas mudando o assunto — me olhou animada — tu vai comigo no baile.

— tu ficou surda por uma hora e esqueceu tudo o que meu pai disse ? — cruzei os braços olhando pra essa sonsa.

— claro que não, mas o fundo dessa sua varanda da na rua de trás da sua casa, teu pai vai nem sonhar.

— e esse tanto de cara que rodeia a casa ? Vão ficar cegos enquanto eu desço ?

— nada que o Victor não resolva.

— ele não vai fazer isso, tem medo do meu pai.

— não é medo, é respeito — tomamos um susto quando ele passou a outra perna pela janela.

— caralho, minha casa tem porta sabia ? — coloquei a mão no peito sentindo o coração acelerado pelo susto.

— o problema é quem tá atrás da porta — ele disse se acomodando também na minha cama.

— não é medo, é respeito — Morena imitou ele com voz grossa e eu ri.

— engraçada tu, mas não me disse se vai comigo pro baile ou não.

— era disso que a gente tava falando, vai ajudar a dar um perdido no GS pra gente sair ?

— eu chamei tu, não a Maria — coloquei a mão no peito me fazendo de ofendida.

Ouvimos o barulho da porta e meu cu já trancou. Se meu pai pega o Victor aqui era uma vez um amigo.

— filha, sou eu — ouvi a voz da minha mãe e respirei mais tranquila.

Destranquei a porta e ela entrou. Assim que viu o AK negou com a cabeça e encostou a porta.

— teu pai acabou de te engolir e se ele entra aqui tu vai ouvir até a próxima geração ter outra geração — rimos da minha mãe e ela riu junto — bora jantar...e tu — apontou pro Victor — sai pela janela e bate na porta que eu finjo surpresa — ela saiu e fomos atrás dando risada.

......

— vou indo nessa — Victor levantou da mesa ligeiro depois de comer sob o olhar do meu pai.

— ué, eu fiz sobremesa — Victor olhou pro meu pai e se sentou.

— então eu fico né, tia Marcela da show na cozinha e eu sou plateia, pô — rimos do nervosismo dele.

Victor tem vinte e dois anos e morre de medo do meu pai mesmo que tenhamos crescido juntos.

Já a Morena foi um achado na minha vida, fluiu tão natural nossa amizade e ela é como uma irmã pra mim. Vem de uma família humilde como todas da comunidade, mas cheia de amor.

Depois de comermos a sobremesa eles foram embora e eu fui pro meu quarto, tomei os remédios que o médico pediu e peguei a caixinha na cômoda e tirei o desenho do Viturino, que até então era só o cara do meu sonho, de dentro dela.

Fui até a varanda como quase todas as noites e me deitei ali observando o céu, que diferente daquela noite, estava bem estrelado.

A imagem dele não sai da minha cabeça, me atraia cada vez mais e eu apenas o vi em sonhos pra depois ver ele pessoalmente, isso é loucura.

Se eu não tivesse os desenhos seria capaz de dizer que não tô bem da cabeça, mas eu desenhei ele, era ele.

Entre A Paz E O Perigo [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora