Mavi❤️🔥
Olho para os dois lados antes de atravessar a rua movimentada, me lembrando de quando fui atropelada por uma moto em frente à minha casa.
Quando você é criança sempre espera ser guiado por aqueles que te protegem e te oferecem cuidados, nesse dia eu estava brincando com a filha da vizinha, que hoje não mora mais aqui. Minha mãe terminava o almoço enquanto meu pai subia a rua de moto. Eu só tinha 8 anos, mas o recado frisado era sempre o mesmo.
Antes de atravessar olhe para os dois lados, Mavi.
Eu sabia o que deveria ser feito, mas não fiz. A euforia por correr atrás da Lorena brincando pega-pega desastrosamente falou mais alto e quando percebi meu corpo tinha sido atingido.
De imediato o rapaz parou e se minha mãe não intercedesse, meu pai teria levado ele pra um castigo que não pouparia sua vida.
Penso que agora a situação é parecida. Meu pai e minha mãe me avisam sobre os riscos de estar na vida de alguém como o Viturino, mas infelizmente estou esperando meu corpo ser atingido por um choque de realidade como naquele dia fui atingida pela moto.
Me dispersei disso quando ouvi o som da buzina da moto do meu pai. Seu corpo rígido parado em cima da moto, ele me encarava de braços cruzados e uma carranca séria expressando não estar de muito bom humor.
Umedeci meus lábios passando a língua pelo piercing, estava nervosa. Ele teria descoberto que não dormi em casa ? Ou que coloquei um piercing no estúdio do Cadu ? Ou que estive com o Viturino no baile ?
São tantas coisas que ando fazendo que não o agradaria que meu coração gela, minha mão soa e meus pensamentos gritam na minha mente me deixando atordoada.
— tá fazendo o que na rua ? — sua seriedade expressa em uma voz rígida e semblante fechado.
— eu tava na dona Glória, pai — me aproximei dele deixando um beijo em sua bochecha.
Quase todo gesto de carinho amolecia seu coração, mas desde que a minha adolescência chegou as coisas mudaram.
— perambulando no morro né, Maria ? — desviei o olhar para a calçada sentindo seu olhar firme sobre mim — entra que o papo contigo é sério — voltei a olhá-lo e fui até o portão esperando ele entrar.
Algo dentro de mim sabia que ele tinha noção do que aconteceu, ele sempre sabe. Fui até o sofá preto de suede sentindo o macio contra minhas mãos que passeavam ali, peguei uma almofada que coloquei sobre meu colo apoiando os braços enquanto ele entrava.
O cheiro da comida tomava conta da casa, minha mãe com um som ambiente na cozinha não deve ter prestado atenção na nossa chegada.
— você saiu ontem ? — ele atrai minha atenção indo direto ao ponto, meu corpo gela na hora.
— sim — minha voz mais parecia um sussurro pelo medo que percorria meu corpo.
— e não nos avisou ? Acha que cresceu o suficiente pra não precisar me avisar mais nada ? — ele bufa irritando abrindo os braços com indignação — sabe que sair sem contenção é perigoso.
— Augusto, ela me avisou — olhou pro portal que dava da sala pra cozinha e alivio um pouco a expressão.
— por que não me disse ? — ele encara q morena de um metro e sessenta à sua frente de braços cruzados.
— tava ocupada brincando de gangorra — seu deboche era evidente e me controlei pra que uma risada não saísse da minha boca.
Meu pai continuava sério como se o que ela disse não tivesse a mínima graça, apesar de tanto eu como ela estarmos segurando o riso.
— tá engraçadona tu, Marcela.
— ela me avisou, podemos encerrar o assunto ?
— não — respondeu automático e virou o olhar pra mim — foi onde ? Quem tava ? Que horas voltou ?
— Rocinha, Victor, e o horário eu não lembro certinho — ele semicerrou os olhos na minha direção e creio que o ar preso em seus pulmões sairiam com fogo.
— tá mentindo ? Desviou o olhar, tá enroscando os dedos, tá mentindo pra mim.
Merda.
Meu pai me conhecia como a palma da mão, ou melhor, como o Vidigal que tanto ama.
Ele se afastou de mim passando as mãos pelo rosto, parecia tão nervoso que seria capaz de arrebentar qualquer um que não fosse eu ou minha mãe.— Augusto, para de pressionar ela — minha mãe se aproximou dele e tentou passar a mao por seu braço, mas ele se afastou — você prometeu que deixaria ela sair às vezes, não vou passar por cima da sua palavra se quiser proibi-lá, mas também não te quero buzinando no meu ouvido quando ela escolher sair por aquela porta — disse apontando e logo voltou pra cozinha.
Apenas abaixei a cabeça e fixei o olhar nos meu pés que se mexiam conforme meu nervosismo. Não queria causar uma discussão entre eles, infelizmente as atitudes que venho tomando não condizem com a pessoa que eles criaram e eu assumo isso.
— pai, posso subir ? — levantei o olhar mirando nele que ainda estava parado olhando o portal pelo qual minha mãe passou.
Meus dedos entrelaçados e meus olhos ardendo pelas lágrimas que queriam se formar, denunciavam o quanto eu queria sair dali.
— papo reto, sobe mesmo — encarei seus olhos.
Meu pai tinha um olhar de desgosto sobre mim e sem saber nada do que fiz já me olha dessa maneira, imagina se soubesse.
Passo por ele indo até as escadas e vejo no ecrã da tela mais uma mensagem dele.
— preciso te ver, consegue me encontrar ?
Não respondi a outra é também não responderei essa apesar do meu sentimento recente dizer que quer e muito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre A Paz E O Perigo [M]
RomanceO que que aconteceu? Tudo mudou quando ela apareceu Tentei escapar, mas a paixão pegou Nossa vibe, nosso beijo combinou, amor Mavi e Viturino