Capítulo 2 - HOME

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Tae-hyung

É estranho ver como tantas coisas podiam mudar em tão pouco tempo. Era surpreendente ver como apenas alguns anos mudavam completamente a vida de alguém. A minha vida.

Era... assustador.

Eu não achei que as coisas estariam tão diferentes em momento algum. Apesar de terem passado apenas alguns anos desde a última vez que vim pra cá, eu não esperava me sentir em outro planeta quando pisasse novamente no aeroporto de Seul.

Eu me lembrava da minha cidade natal ser grande, claro, mas depois de passar tanto tempo vendo apenas a mesma imagem da cidade em que eu morei nos últimos anos, uma cidade completamente diferente dessa, no interior do Japão, eu não consegui não me surpreender ao ver o tamanho da cidade lá fora quando olhei pela janela do avião. Era como se ela tivesse dobrado de tamanho. Ou se, de alguma forma, eu tivesse ficado menor.

Eu me sentia... um pouco insignificante. Perdido.

Eu esperava isso, mas sendo completamente honesto, eu esperava, no mínimo, me sentir em casa quando voltasse. Mas tudo parecia tão diferente, e a minha situação era tão assustadora, que eu não conseguia sentir nada além de desconforto.

Tudo aqui parece tão diferente. Principalmente eu mesmo. Aqui ainda seria a casa de Kim Tae-hyung caso Kim Tae-hyung não fosse mais ele mesmo ?

Eu fecho os olhos, e respiro fundo três vezes, do jeito que minha vó sempre costumava me dizer pra fazer sempre que eu começava a ficar nervoso. Minhas mãos apertam os puxadores das minhas malas enquanto eu continuo andando até a saída do aeroporto, e eu sinto meu coração, já disparado, voltar a estabilizar em apenas um instante. Era como se a realidade usasse um choque de desfibrilador em mim, como se o se o meu próprio corpo quisesse evitar que eu ficasse nervoso, e aceitasse a minha tentativa boba de me acalmar me dando apenas um susto.

"Está tudo bem, isso é real agora. Se acalme, e aproveite" penso comigo mesmo, e sigo andando.

Eu ando pelo aeroporto achando tudo estranho. As placas em coreano não são familiares como eu gostaria, porque de início, acho estranho não ler em japonês. Apesar de ser coreano e de nunca ter deixado de usar o idioma completamente, eu havia me acostumado com o japonês depois de todo esse tempo.

Ver milhares de pessoas iguais a mim, também não me tranquiliza como eu esperava. Sempre me senti ligeiramente desconfortável no Japão, sempre senti que eu não me encaixava lá, porque, bom, eu não era japonês, mas definitivamente não sentir que eu me encaixava aqui, por ainda estar pensando em japonês e não em coreano, era muito pior.

Minha vó costumava falar comigo em japonês, pra eu treinar, mas ela sempre disse que se eu quisesse, poderíamos conversar em coreano, porque eu não deveria esquecer da minha língua.

Como ela reagiria se soubesse como eu me sentia agora ?

Eu ainda pertencia a esse lugar ? Eu não tinha ideia.

Balanço minha cabeça, tentando me livrar de todos os pensamentos ruins, e tento me concentrar no meu caminho. Quando chego perto das portas de saída, eu paro quando vejo a chuva lá fora, pelas enormes janelas de vidro do aeroporto. A cidade definitivamente era muito melhor do que eu me lembrava, mesmo cinzenta por causa da chuva. Solto devagar a respiração que eu prendia à sabe-se lá quanto tempo, e solto também os puxadores das minhas malas, porque sinto meus dedos doerem de tanta força que faço pra segurá-las. Esfrego os olhos, exausto, e sinto minha cabeça começar a latejar.

Almas Gêmeos - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora