Jung-kook
Eu não era o maior fã de festas.
Nada contra, nada mesmo. Na real, na maior parte das vezes eu até gosto, mas depende muito de onde, quando, e principalmente, de como vai estar o meu humor no dia. Quando o meu dia era chato, e eu chegava em casa já cansado, sentindo que a minha bateria social já tava mais que no negativo, eu preferia me jogar da janela á sair de casa, mas se o dia tinha sido tranquilo, e principalmente, se no dia seguinte fosse final de semana, eu deixava eles me arrastarem pra qualquer lugar numa boa.
Acho que como todo introvertido, eu precisava ser avisado com antecedência se a gente ia fazer alguma coisa, porque eu precisava me preparar psicologicamente.
Obviamente, vir parar numa festa num bar em Itaewon, em plena quarta-feira, decidido ali na hora e no surto, não me deixou no melhor mood.
Eu já cheguei na festa cansado.
— Não, obrigado — falo cheio de vergonha, querendo sumir o mais rápido possível na multidão.
A garota me olha descrente — "Não, obrigado" ? Sério mesmo ?
— Foi mal, mas eu não sei o que dizer — falo já sentindo meu rosto ficar todo vermelho. De todas as partes de uma festa, essa era provavelmente era a que eu mais odiava: ter que conversar com alguém que eu não conhecia. Eu esfrego minhas mãos juntas e tento falar calmamente por cima daquela música infernal — Não é nada com você, eu juro. Eu só... não tô afim. Eu...
— Você é gay ? — ela fala me interrompendo, cruzando os braços.
Ah, mas eu odeio essa parte mais.
— É sim, e eu sou o namorado dele. Quer sair de perto do meu homem ? — Jin fala chegando do nada, gritando alto o suficiente pra festa toda ouvir ele mesmo com a música nas alturas, enquanto me abraça forte o suficiente pelos ombros a ponto de me deixar marcado. A garota bufa, irritada com a falta de educação do meu melhor amigo, mas o olhar dele provavelmente impede ela de falar qualquer outra coisa. Ela faz cara feia, e vira de costas, e aí sai andando praticamente marchando. Jin murmura alto o suficiente pra só eu ouvir, enquanto aperta ainda o meu braço e me puxa pro lado oposto que a garota foi — Palhaça.
— Quanta sutileza — falo rindo, cobrindo o rosto. Apesar da vergonha que eu passei, não consigo deixar de achar engraçado — O que deu em você ? Você nunca faz isso.
— Não faço porque a maioria das pessoas responde os seus "não, obrigado" com uma risada, e não com uma resposta ridícula daquela — ele revira os olhos, mas não para de andar, e vamos para na varanda, onde um consegue ouvir o outro. Ele afina a voz, e imita a garota com desdem — "Você é gay ?". Eu hein, garota abusada querendo descobrir sexualidade alheia. Agora só porque você não quer beijar aquela ridícula você é gay ? — ele fala cheio de raiva.
Eu gargalho mais ainda. Se tinha uma coisa que Jin odiava (tá, ele odiava muitas coisas, mas essa ele odiava bastante !) era qualquer coisa que chegasse perto de sequer virar uma implicância com sexualidade alheia. Não sei se foi porque ele já escutou muito deboche na vida, ou ou se ele só odiava por natureza, mas ele odiava quem era fiscal da vida dos outros.
De acordo com ele, "coisas desse tipo deviam ser motivo de orgulho ou de sentimento de normalidade, não de deboche". Na mesma semana que ouvi ele falar isso pela primeira vez, há uns quatro anos atrás, eu liguei pra minha vó e disse que era bi.
E nunca mais deixei ninguém debochar de mim.
— Obrigado, hyung, isso foi fofo, mas você não precisa tomar as minhas dores assim. Na real, você... — mas aí a minha ficha cai, e eu paro de andar, fazendo Jin parar também. Olho pra ele já imaginando o que tinha acontecido, e aqui no canto mais afastado da varanda, eu preciso só murmurar pra ele me ouvir — Ele... ficou com alguém, não ficou ?
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Almas Gêmeos - Taekook
FanfictionAlmas gêmeas precisam mesmo serem exclusivamente românticas ? Algumas pessoas costumam se referir a elas como "irmãos de almas" em questão de amizade, ou "caras-metades", no quesito romântico, sabemos, mas isso tudo precisa ser tão preto no branco a...