Tae-hyung
Como todas as coisas boas, o final de semana termina cedo demais, e antes mesmo que eu possa sequer piscar, estou entrando no campus da Chung-Ang University.
Reviso os momentos que tive dos últimos dois dias na mente, fechando os olhos enquanto o nosso carro sobe a ladeira do dormitório bem devagar, por causa das pessoas que passam correndo de todos os lados. Quero olhar tudo, claro, mas vou ficar nesse lugar pelos próximos três anos, então vou ter tempo pra tornar tudo familiar. Já lembrar do final de semana com tantos detalhes igual consigo agora, talvez eu só consiga dessa vez. Minha memória era boa, mas a sensação de visualizar uma lembrança distante nunca era a mesma de uma recente. Uma lembrança recente dava felicidade, e uma distante dava nostalgia.
Não sei se eu gostava mais de sentir nostalgia. Geralmente, eu me sentia triste quando tinha tais lembranças. Por isso, tento não pensar muito nelas.
Choveu o final de semana inteiro. Eu costumava não gostar muito de chuva, mas dessa vez, eu não podia reclamar dela. Parecia que ter chovido fez o final de semana parecer melhor.
Cobertas espalhadas pelo sofá, música baixa tocando na vitrola antiga do pai de Ji-min, o cheiro de Pajeon com Makgeolli vindo da cozinha, os jogos de cartas arrumados na mesa de centro da sala, as velas acesas em toda a sala porque em certo momento ventou tanto que a energia acabou, risadas altas, conversas até tarde... Esse foi meu final de semana na casa do meu melhor amigo. E foi um dos meus melhores dias.
Era uma pena ter acabado tão rápido.
— Chegamos — minha mãe anuncia, olhando pra trás pelo banco do carona. Ela exibia um sorriso enorme — Animado, TaeTae ?
— Nervoso — sou sincero. Não valia a pena tentar mentir pra eles, eles me conheciam demais — Bem nervoso.
— Na minha opinião, você está lidando muito bem com a mudança, Tae-hyung — o pai do meu melhor amigo (e meu) diz saindo do carro, e fazemos o mesmo. Ele aponta pro filho e sorri pra mim — O Ji-min fez um escândalo quando trouxemos ele pra cá pela primeira vez no ano passado. Ele não parava de chorar, e olha que moramos na mesma cidade.
— Eu não chorei ! — Ji-min se defende e abre o porta malas, fazendo todo mundo rir. Ele tira uma das minhas malas e se apoia dela, sussurrando pra mim — Pelo menos não de tristeza.
— Mentiroso ! — minha mãe bate nele com a própria bolsa, e enquanto eu gargalho, ele faz um biquinho e massageia onde foi atingido. Ela olha pra mim — Ele ficou sentimental no dia sim, TaeTae. Apesar de morarmos perto, ele sente nossa falta. Se não sentisse não nos visitaria toda hora — ela cruza os braços e olha pro filho de cara feia.
Ji-min sorri amarelo, claramente culpado. Ele dá de ombros e sorri pra mim — Às vezes é bom lavar roupa sem ter que pagar pra máquina.
— E abraçar os pais, Ji-min, abraçar os pais — meu pai murmura ainda tirando as coisas da mala. Meu melhor amigo concorda na hora quando a nossa mãe volta a olhar feio pra ele, e eu seguro uma risada. Papai olha pra mim quando fecha o carro — Falta alguma coisa, TaeTae ?
Faltar algo era a última coisa que podia acontecer, levando em consideração que eu não fui responsável pela organização de quase nada. Três malas e duas bolsas foram tudo que eu trouxe pra Seul, mas como meus pais agora estavam comigo, trouxemos um carro cheio pra faculdade. Eles fizeram questão de me levar pra comprar as coisas do quarto antes de vir pra cá, então agora eu tinha um milhão de roupas de cama, produtos de limpeza, roupas novas e muitas outras coisas. Eu tentei recusar, mas conhecendo minha mãe como eu conhecia, eu tinha certeza que corria o risco de apanhar também caso a contrariasse demais, então fiquei quieto e aceitei tudo de bom grado.
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Almas Gêmeos - Taekook
FanfictionAlmas gêmeas precisam mesmo serem exclusivamente românticas ? Algumas pessoas costumam se referir a elas como "irmãos de almas" em questão de amizade, ou "caras-metades", no quesito romântico, sabemos, mas isso tudo precisa ser tão preto no branco a...