Capítulo 23 - YOUR EYES TELL

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Tae-hyung

Meu exame de vista é marcado pro dia seguinte, em pleno horário das aulas da tarde, e eu gostaria de poder dizer que foi por livre e espontânea vontade minha, e não por pura e espontânea pressão da família Park.

"Kim Tae-hyung, ou você arruma um jeito de marcar esse exame amanhã mesmo ou te soco no olho e dou um jeito de te encaixar na emergência. De um jeito ou de outro, você vai no médico amanhã mesmo, me ouviu, garoto ?" foram as palavras exatas que minha mãe usou como um querido incentivo pra eu ir ao oftalmologista.

Se isso não foi o suficiente pra me assustar a ponto de me fazer implorar por um encaixe, com certeza foi o bastante pra secretária ter pena de mim e me marcar. Ela me disse que a mãe dela era igual, e me entendia.

Eu duvidava que as mães fossem de fato iguais. A dela com certeza não a mataria caso ela perdesse a consulta, que era em exatos vinte e oito minutos. Será que minha mãe me pouparia se eu dissesse que a culpa era de Ji-min ou ela simplesmente mataria nós dois ?

Eu suspeitava da segunda opção.

— Ji-min, cadê você ? Estamos atrasados ! — digo deixando mais uma mensagem na caixa postal dele. Não que eu usasse esse recurso com frequência (afinal, até pra mim existiam limites quanto a tecnologia antiga), mas gritar com a secretária eletrônica depois de esperar o telefone tocar por uma eternidade, era uma espécie de terapia. Eu continuo falando com a secretária, como se de fato fosse ajudar em algo — Você precisava mesmo ter escolhido hoje pra sumir ? E agora ? — eu olho em volta, e penso, olhando pra Bam, que me encarava como se eu fosse doido, e então eu falo antes de desligar e sair correndo pela porta até o elevador — Eu estou indo sozinho, e espero que você esteja lá pra me buscar quando a consulta acabar.

Não era escolha minha, afinal a última coisa que eu queria fazer nessa vida era pedir pra Ji-min cuidar mais de mim do que ele já fazia, mas pro exame que eu faria hoje, eu precisaria de um acompanhante. Minhas pupilas seriam dilatadas, e eu ficaria parcialmente sem a visão por umas horas, então eu precisava de uma babá. Ji-min, é claro, se ofereceu pra ir comigo, como da última vez, mas... agora eu não fazia ideia de onde ele estava, e eu precisava ir. Ele devia ter chegado há uns quinze minutos, mas em lugar nenhum havia sinal dele.

Eu não sei quem minha mãe mataria primeiro. Eu, por ter ido sozinho mesmo sabendo que eu não podia, ou Ji-min, por ter me deixado ir sozinho. Com toda certeza, agora ela mataria nós dois.

Eu rezaria com todas as minhas forças pra ele ir me buscar ao final do exame.

Assim que as portas do elevador se abrem na recepção e olho pelas portas de vidro do dormitório, vendo tudo branco de chuva lá fora, vejo que é um daqueles dias que tudo parecia conspirar contra você. Eu estava sem tempo pra pedir um táxi, sem guarda-chuva, e sem um amigo pra cuidar de mim depois que eu estivesse completamente sem conseguir enxergar por causa do exame (como se já não bastasse já está parcialmente sem conseguir enxergar por causa da miopia).

Era como se eu estivesse fadado a um péssimo dia.

— TAE-HYUNG ! — ouço alguém me chamar e então paro de correr, porque o tom me assusta. Ninguém costuma gritar comigo assim. Avisto Jung-kook na porta do dormitório, segurando um guarda-chuva, mas todo molhado. Ele parece querer me matar — Qual é o seu problema ? Porque não atende a merda do celular ? Te liguei umas mil vezes ! — ele praticamente berra, e graças a deus era horário de aulas e o dormitório estava praticamente vazio, porque se estivesse cheio, eu sentia que todas as pessoas estariam olhando pra nós agora. Ele me olha com raiva — Tá esperando o que ? Vamos embora !

Almas Gêmeos - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora