Capítulo 13 - GOOD DAY

70 6 5
                                    

Tae-hyung

Eu considerava chuva um mal presságio. Primeiro porque, onde eu morava antes, a luz sempre acabava com qualquer garoa, e segundo, porque como eu disse antes, a chuva sempre vinha quando as coisas estavam pra ficar ruins.

Eu odiava chuva, sempre odiei.

— Tem certeza que não quer uma carona na minha bicicleta, Tae-hyung ? Vamos nos molhar do mesmo jeito, mas pelo menos vai ser por menos tempo — Se-ri oferece com um sorriso, tirando sua bicicleta do bicicletário aos socos praticamente, já se molhando toda.

Eu sorrio de volta, e me ofereço pra ajudar, indo até ela. Se-ri acabou virando uma amiga, ainda que fosse meio disfuncional. Ela estava sempre de bom humor, e parecia estar sempre correndo, muito enrolada com muitas coisas. Eu não fazia ideia do que ela estudava, na verdade, minha ficha de que ela não era apenas uma funcionária dos dormitórios caiu quando eu vi ela correndo pelo campus segurando uma mochila gigante na semana passada, então eu sabia bem pouco sobre ela. Mas ela era doce, sempre falava comigo com um sorriso enorme, e sempre me perguntava se eu precisava de algo.

Ela era um anjo, um verdadeiro anjo. Quando ela me viu saindo da minha sala, me berrou pra dizer oi como se não me visse há meses, e quando fui até ela e perguntei onde ela estava indo e ela respondeu que ia até o bicicletário, eu nem pensei antes de me oferecer pra acompanhá-la, e me despedi dos meus amigos na mesma hora, seguindo ela.

Nada me abalou. Nem o fato dela perguntar sobre Tae-oh, e nem o bicicletário ser do outro lado do meu prédio, praticamente. Ela sabia me fazer sorrir.

— Não precisa, noona, obrigado — respondo pegando o guidão da bicicleta, empurrando ela pra ajudar minha amiga, que já parecia estar com problemas suficientes pra carregar sua enorme mochila. Enquanto cruzamos o prédio principal, fugindo da chuva o máximo possível, ela me pergunta de novo se não quero mesmo ir, e sorrio com a insistência dela. Eu com certeza aceitaria se eu pudesse ir na frente pra carregá-la, mas sendo sincero, eu não andava de bicicleta muito bem nem em linha reta, quem dirá subir um morro, e eu tinha medo de fazer nós dóis cairmos. E deixar ela me carregar, nunca, ela era pequena demais pra isso. Prefiro mandar ela sozinha, em segurança e conforto, e ficar na chuva. Insisto que ela vá sozinha — Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. Cuidado você, com essa bicicleta e com a ladeira até o dormitório.

— É a pior parte de morar lá, né ? Eu detesto, mas pelo menos ganho perna pedalando. Quer dizer, eu espero que eu ganhe um dia — ela brinca, me fazendo rir. Ela me dá um sorriso doce enquanto se apressa pra andar do meu lado — Então, e como está sua convivência com seu irmão no dormitório ? As coisas melhoraram ?

— Honestamente, as coisas parecem piorar a cada dia — falo com sinceridade, e então suspiro, apertando as mãos no guidão — Mas eu aguento. Assim que trocarmos de quarto, acredito que as coisas vão melhorar.

— Assim que surgir uma vaga, eu vou realocar vocês. O mais rápido possível — ela diz e agradeço a ela sem animação. Ela torce a boca, parecendo triste. Abro a boca pra me desculpar, mas ela me olha com um olhar delicado e faz eu me calar de novo — É uma pena que vocês não se deem bem, sabe ? Eu acho que não seria capaz de viver sem meu irmão.

— Houve uma época que eu era assim com Tae-oh. Éramos inseparáveis — digo sentindo uma uma espécie de sensação agridoce. A lembrança é boa, mas falar dela a faz parecer ruim. Como se a nostalgia machucasse. Dou de ombros a fim de expulsar os pensamentos da minha mente — Mas nós brigamos feio há uns anos, e vivemos separados por muito tempo, sem nunca trocar uma palavra. Eu não o via desde que eu tinha quatorze anos.

Almas Gêmeos - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora