Tae-hyung
As coisas não melhoraram muito ao longo da semana.
Tae-oh e eu entramos em uma espécie de guerra fria ao longo da semana, e pra ser sincero, não havia sinal algum de armistício, tanto quanto não havia na guerra original. Cinquenta anos de conflito, no meu ponto de vista pessoal, não pareciam muito, e eu achava que podíamos bater o recorde com tranquilidade.
Parecíamos uma panela de pressão prestes a explodir. Era horrível, absolutamente horrível.
Não nos víamos nunca, mas ao mesmo tempo, nos víamos sempre. Eu e ele nunca passávamos o mesmo tempo no quarto, sempre que um estava lá o outro não estava, exceto na hora de dormir, mas eu sempre via ele por aí durante o dia. Eu o via andando pelo meu prédio principal, o via no refeitório, na biblioteca... eu o via no campus todo ! Meus hyungs eu nunca via, infelizmente, mas ele, sempre. Era como se fosse um aviso do universo, para que eu nunca esquecesse que ele estava ali e que alguma hora teríamos que aprender a conviver.
Mas eu me recusava. Eu não queria isso, nunca. Eu queria me livrar dele o mais rápido possível.
Mas eu não era o único sofrendo com isso. Ji-min parecia tão inquieto quanto eu, e pra piorar as coisas, ele tinha um temperamento mil vezes pior que o meu. Eu podia comprimir meus sentimentos a algo minúsculo, ao ponto de conseguir manter uma expressão de nada mesmo com todo o meu sangue fervendo, mas Ji-min não era bem assim. Se ele estava com raiva, ficava escrito na cara dele que ele estava com raiva. Ele ficava vermelho feito um tomate só de ver Tae-oh passando nos corredores, e apesar de confiar sua vida a mim, ele não parecia nem um pouco disposto a falar sobre o que ele mesmo estava sentindo com essa volta abrupta de Tae.
Eu não o forcei. Eu tinha certeza que se eu fizesse isso, ele sim seria capaz de explodir.
Resumindo, não foi uma semana de adaptação muito boa, levando em consideração que não me adaptei a quase nada.
Pelo menos, eu disse "quase".
Por mais que eu odiasse meu quarto, eu amava meu dormitório, e a faculdade. Amava o jeito como eu podia ver meu melhor amigo simplesmente dando alguns passos no corredor, e como eu conseguia ver os meninos todos os dias. Eu também amava meus vizinhos e colegas. E minha turma. Em apenas uma semana, eu já me sentia mais que bem vindo na minha sala, tanto pelos meus colegas quanto pelos meus professores.
Era como um sonho de dia, e um pesadelo a noite, quando eu tinha que voltar pro meu quarto.
Eu costumava sair muito cedo e chegar muito tarde, pra sempre encontrar Tae-oh dormindo, então quando a sexta feira chega, eu dou graças a deus pelo descanso. Eu sinto que já se passou muito mais que uma semana desde que eu cheguei, já que cheguei ligeiramente atropelando tudo, estudos, amigos, dormitório. Eu sentia que esse final de semana seria a primeira vez que eu respiraria fundo e viveria o momento.
Seria a primeira vez que eu veria a minha vida nova de verdade. Queria me sentir liberto desse pesadelo.
— Bom dia, TaeTae ! — uma voz me tira do meu torpor enquanto ando pelos corredores ainda me arrastando de sono.
Sorrio antes mesmo de começar a me virar pra ver Ho-seok, Nam-joon e Jung-kook chegando da corrida matinal deles. Acordando tão cedo, eu estava acostumado a ver eles voltando todos os dias, mas ainda assim, eu me impressionava todas as vezes com a força de vontade deles. Era pleno outono, a cidade já estava bem fria, principalmente agora de manhã, e eles insistiam em correr.
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Almas Gêmeos - Taekook
FanfictionAlmas gêmeas precisam mesmo serem exclusivamente românticas ? Algumas pessoas costumam se referir a elas como "irmãos de almas" em questão de amizade, ou "caras-metades", no quesito romântico, sabemos, mas isso tudo precisa ser tão preto no branco a...