Capítulo 65 - DNA

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Tae-hyung

     — Nunca mais ! — falo mais uma vez, entrando no elevador, e Jung-kook começa a gargalhar.

     — Eu realmente achei que nós íamos conseguir fugir da chuva, me desculpa — ele fala gargalhando, secando o cabelo com a própria jaqueta jeans, como se ela fosse uma toalha. Ele sorri pra mim, e encosta o rosto no espelho do elevador, me olhando com aquela carinha linda (e ensopada dele) — Tá realmente bravo comigo ?

     — Por ter pego chuva ? Não, claro que não — digo espremendo meu terno como se ele fosse um pano de chão, tentando tirar o excesso de água dele. Eu tiro a minha camisa de dentro da minha calça, e espremo a barra dela também, deixando ela toda abarrotada, mas pelo menos, ficando um pouco menos molhada. Olho pra Jung-kook fingindo irritação enquanto me ajoelho no chão e tento espremer a barra da minha calça também — Por você ter acelerado quando eu disse pra ir mais devagar ? Sim, muito.

     — TaeTae, mais uma vez: se eu não tivesse acelerado, nós íamos ser parados pela polícia ou tomar uma multa por falta de velocidade. Não se pode dirigir a vinte quilômetros numa via de oitenta ! — ele fala rindo ainda mais, e me levanto, cruzando os braços. Sim, eu confio em Jung-kook de olhos fechados, mas quando se está em cima daquele negócio, as coisas passam tão rápido que é impossível não sentir medo. Eu ainda me sentia meio tonto por causa do passeio. Jung-kook sorri pra mim de lado, e me chama pra olhar pra ele — Ei. Eu amei o nosso dia. Mesmo com você ficando bravo comigo três vezes nele.

     — Eu não fiquei bravo com você, nunca poderia ficar — respondo encostando minha cabeça no espelho também, ficando bem perto dele. Eu passo uma das mãos pelo cabelo bagunçado de Jung-kook — Muito menos hoje. Nosso encontro foi perfeito.

     — Acho que agora a gente tá aprendendo a sair de verdade, né ? — ele solta uma risada quando respondo que não, e então sacode o cabelo molhado como se fosse um cachorro, me fazendo gargalhar.

     Se tem algo que você precisa saber, é que os encontros com Jung-kook eram sempre programas inusitados. Verdadeiramente inusitados.

    Com nós dois sendo tão diferentes, e com gostos tão diferentes, qualquer pessoa podia dizer que irmos em um encontro que agradasse os dois seria praticamente impossível. E confesso que no início, até que foi, de certa forma.

    Quando começamos a sair de verdade, as coisas não foram fáceis, e os experimentos foram muitos. Primeiro, tentamos apenas nos adaptar aos gostos do outro, e cada encontro, um de nós escolhia de forma alternada o que fazer, e apesar de ser sempre divertido no fim, ainda sim era complicado. O cinema ainda me dava sono, a patinação me fazia sair cheio de dores de tanto que eu caia, e as galerias de arte faziam eu me sentir um grande idiota por não entender nada daquilo. Eu me sentia não só chato, mas um grande ignorante, não gostando de praticamente nada que Jung-kook gostava.

     E pra ele as coisas não pareciam ser muito diferentes. Ele jamais me diria, mas eu sabia apenas de olhar pra ele que ele odiava ir comigo á livrarias porque detestava o silêncio, que ir a orquestras o dava sono como se as músicas fossem uma canção de ninar, e que ele se sentia culpado de não saber dançar quando nós íamos a bares de música ao vivo, onde casais dançavam juntos.

     Nós dois tentamos, e nos divertimos muito, até com as nossas próprias frustrações. Mas não era o suficiente. Precisámos de algo que agradasse ambos, e por isso, começamos essa brincadeira de buscar o encontro perfeito.

     E encontramos. Todos os outros haviam sido perfeitos.

     — Teatro musical foi definitivamente a escolha mais perfeita de todas — digo ainda maravilhado, fazendo carinho em seu rosto — Como foi que você pensou nisso ?

Almas Gêmeos - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora