Capítulo 5 - SAVE ME/I'M FINE

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Jung-kook

Chung-Ang ficava, graças a deus, no meio da cidade, e não nas montanhas, isolada, como a maioria das outras faculdades. Ela era muito bonita, tinha muito verde em volta, uma biblioteca incrível, salas enormes e dormitório bem maiores que os costumeiros quartos "tamanho latas de sardinha" que das outras. A universidade era um lugar realmente acolhedor, e eu amaria completamente o campus se não fosse só por uma coisa.

Precisava mesmo ser numa ribanceira ?

Não me leve a mal, eu não sou uma pessoa preguiçosa, mas cara, de verdade, precisar subir andando praticamente um morrão toda vez que eu precisava voltar no dormitório era desanimador. A rua principal, que levava até os dormitórios, era como as ruas de São Francisco, uma verdadeira montanha. Costumávamos brincar que se alguém nos chutasse lá de cima dava pra chegar lá embaixo rolando em segundos.

Subir, por outro lado, era uma tarefa um pouco mais complicada. Por isso, resolvo correr. Era menos tempo pra ser torturado. E mais distração pra mim não pensar no que estava acontecendo com a minha vida no momento.

Eu odiava a situação, mais que tudo.

Eu não queria detestar Tae-hyung, não mesmo, porque eu teria que conviver muito com ele agora, e além disso, ele era amigo de um dos meus melhores amigos, mas... parecia que ia ser tão difícil. Eu não julgo as pessoas assim que as conheço, na real eu detestava quem fazia isso, mas ver o quão grosso ele podia ser e lembrar de todas as retorcidas de boca que Ji-min dava quando citava o nome dele... era super desconfortável.

E estranho. Muito, muito, mas muito estranho mesmo.

Eu pego meu cartão de acesso enquanto continuo andando pelo corredor contando as portas distraidamente, com os fones tocando a música mais animada que eu consegui pensar pra colocar durante a minha corrida até aqui. É realmente horrível ouvir uma música animada quando eu tava em um dia péssimo , mas era isso ou uma música triste pra me deixar mais miserável ainda, então na real eu não tinha muita escolha.

Era isso ou sentar no corredor e me lamentar, igual o cara perto do quarto dos meus hyungs.

Espera. O que caralhos... ?

— Tae-hyung ? — sai automaticamente, eu juro. Eu não consigo evitar.

Quando vejo a sombra do que parece ser a pessoa que assombrou os meus pensamentos o dia todo, eu não tenho a reação normal de ignorar e continuar a minha vida, e sim paro na minha porta e digo o nome dele no meu tom mais gentil possível.

Às vezes, eu odiava ser um amor.

Ele levanta a cabeça quando digo seu nome, mas quando vê que sou eu, desvia o olhar — Ah, olá.

— Tá fazendo o que aí ? — de novo, no meu tom mais bonzinho. Eu não tinha controle algum às vezes. Não consigo parar — Tá tudo bem ?

"Porque ?", eu te pergunto. Porque perguntar isso pra ele ? Eu não devia me importar.

— Sim — ele responde sem olhar pra mim ainda, tão baixo que quase não escuto. Ele parece péssimo. Ele está sentado com as costas contra a parede dos meninos, com os joelhos dobrados no peito, e tem os braços em volta de si mesmo como se fosse pra se proteger. O tom de voz dele era mais rouco do que eu me lembrava. Ele devia estar prestes a chorar, mas fala o mais normalmente possível — Estou bem.

Mas infelizmente, eu me importo.

— Bem mal — falo sem pensar e ele levanta o olhar pra mim, surpreso.

Almas Gêmeos - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora