Capítulo 11 - LIKE

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OUTUBRO

Tae-hyung

Poucas coisas no mundo conseguiam me irritar de verdade, sabe ? Eu era uma pessoa muito tranquila, então haviam pouquíssimas coisas, pouquíssimas mesmo, que eu realmente conseguia odiar.

Insetos. Comida apimentada ou amarga. Altura. Ser chamado de esquisito. Usar sapatos dentro de casa (afinal, quem gostava ?). Pombos. Nutella. Filmes de terror. Escuro. Chuva forte com trovões e raios. Grosseria.

E claro, acordar com despertador.

Eu não tinha problemas pra acordar cedo, mas se eu dissesse que gostava de ouvir aquela musiquinha genérica pela manhã, eu estaria mentindo descaradamente. Durante muitos anos, quem me acordou foi Tae-oh, porque ele, bom, ele era bem mais disciplinado que eu. E depois, por um tempo, foi minha vó, que era a melhor. Com aquela voz doce de sempre, me dizendo que eu ia me atrasar e que o café já estava pronto, eu gostava muito de acordar. Sou do tipo de pessoa que acorda no susto, então ela era sempre delicada, e me acordava com sussurros, colocando a mão de leve nos meus ombros. Era pacífico, e bom, e não havia nada que me fizesse sentir mais falta dela do que isso.

Ela se foi há um tempo, mas eu sentia falta dela do mesmo jeito.

Agora, que eu tinha que acordar com aquele barulho miserável, e eu detestava. Odiava.

Mas o despertador não era meu, era de Tae-oh, e por isso, quando ele toca e me acorda, não me mexo, e muito menos, faço menção de levantar. Na verdade, chego a me encolher mais na cama de cima do beliche, fingindo que estava dormindo.

Tae-oh acordava cedo, todos os dias, e eu não sabia se era por minha causa, ou se ele tinha outras coisas pra fazer, porque eu nunca o via saindo, e muito menos voltando. Era mais fácil assim, fingir que o outro não existia. Isso evitava dúvidas, e dúvidas evitavam perguntas, que evitavam saber. Tudo era mais fácil não sabendo. Porque se você não sabe, não machuca, e se não machuca...

...Significa que não era importante.

Assim que ele se arruma e sai, eu finalmente acordo.

E não acordo bem.

...

Assim que eu coloco meus pés pra fora do meu quarto, pronto pra só voltar pra cá o mais tarde possível da noite, eu esbarro com alguém, que passa correndo pelo corredor.

Ho-seok me segura antes que eu caia de cara no chão e começa a rir — TaeTae, desculpa. Vem comigo !

Ele me arrasta com ele pela gola da camisa, parecendo desesperado, e antes mesmo que eu possa pensar em fazer outra coisa, meus pés estão correndo atrás dele pelo corredor.

Se tem algo que aprendi nessas duas semanas, era não questionar o que eles faziam.

Com a semana de provas entre nós, as pessoas não costumavam dormir muito, então mesmo sendo cedo, os corredores estavam cheios como se fosse final de semana. Todo mundo abre espaço pra passarmos correndo, a maioria sorrindo, e acho isso muito divertido. Eu sinto que já conhecia muitas pessoas, afinal eu falava com todo mundo, mas os meninos, claramente, eram o que podíamos chamar de "extremamente populares", principalmente no dormitório. E motivo de serem populares não era porque eram bonitos, ou ricos, era simplesmente porque eram autênticos. Eles estavam sempre rindo, sempre se divertindo, e sabiam o nome de todo mundo apenas porque gostavam de conversar com os outros. Eles eram populares porque eram doces, e eu amava isso.

Almas Gêmeos - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora