Tae-hyung
Inesperadamente, aqui está mais um item para adicionar à minha lista de coisas que eu odeio: trilha.
Nunca na vida pensei que diria isso, mas eu acho que eu realmente era um garoto da cidade. Cinco anos morando no campo, mais que acostumado com longas caminhadas, acostumado com uma variedade inexplicável de animais que nunca na minha vida eu veria se estivesse em Seul (principalmente insetos. Meu deus, eu os odiava), acostumado com a sensação do sol na minha cabeça e com o silêncio às vezes inesperado, não foram suficientes para me preparar para as longas e exaustivas horas que passamos escalando em montanhas aqui em Jeju durante essas férias.
Graças a deus, era a nossa última excursão desse tipo, porque literalmente zeramos todas as montanhas daqui, fomos em todas. Eu mal podia esperar pra voltar a me locomover apenas de metrô. Aprendi aqui a odiar andar a pé.
E mais diversas outras coisas. Montanhas, principalmente.
— Podemos parar um pouco ? Eu não sinto meus pulmões — digo tentando recuperar meu fôlego, sem sucesso algum.
— Falta muito pouco, TaeTae. Você consegue, vem — Nam-joon diz super animado, estendendo a mão pra mim, me incentivando a continuar andando.
Eu queria, queria muito segurar a mão dele e fazê-lo sorrir orgulhoso, afinal, ele adorava isso aqui, mas meu deus, eu não me sentia capaz de dar mais nenhum passo.
Pelo menos, não sozinho.
— Vamos, Tae-hyung, porque se você parar, eu vou ter que parar também — Yoon-gi, parecendo quase tão exausto quanto eu, diz me empurrando pra frente, me obrigando a continuar andando. Como éramos os últimos da fila, nosso ritmo era lento, e em diversos momentos, confesso que só não parei por causa dele. Perdi a conta de quantas vezes o arrastei comigo, e agora ele fazia a mesma coisa por mim. Ele segue andando atrás de mim me segurando pelos ombros, enquanto fala com um tom divertido, apesar do cansaço — E se eu parar, ninguém vai conseguir me fazer voltar a andar tão cedo.
— Eu quero paraaaaaaar — Seok-jin, que seguia praticamente arrastado por Nam-joon a minha frente, diz de um jeito manhoso, como uma criança mimada. Ele para de andar repentinamente, fazendo o primo parar também, e então bate os pés de leve no chão enquanto faz drama — Por favor, eu não aguento mais. Eu quero voltar pra casa da Vovó Jeon, e tomar um banho, e me entupir de bolo. Tá quase na hora do café, eu tô com fome !
— Nada de parar até chegarmos lá — Ho-seok diz parecendo ofendido, virando a cabeça pra trás pra olhar pra nós, sem parar de andar — Eu não andei por quatro horas pra desistirmos no último minuto. Nós estamos quase chegando, hyung, não desiste. Eu quero ver o lago !
— Pesquisa uma foto no Google — Tae-oh, que havia perdido seu estranho e raro bom humor há algumas horas, diz parando de andar, fazendo Ho-seok e Se-ri baterem de frente pra ele, em fila, como um dominó. Ele fala torcendo a boca enquanto todos nós rimos de um jeito exausto — Eu não quero acabar com a festa de ninguém, mas eu confesso que também tô cansado. Eu voltaria agora sem nem pensar duas vezes.
— Voltaria pra onde ? — Se-ri pergunta parando ao lado de Tae-oh, parecendo perdida na conversa. Há exatos vinte minutos, ela disse que ficaria em silêncio porque até conversar a cansava, e acredito que desde então, ela não tinha prestado atenção em nada que havíamos murmurado. Quando Tae-oh responde que voltaria pro começo da trilha, e pergunta se ela quer ir, ela arregala os olhos, apavorada — E andar por mais quatro horas ? Nem morta !
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Almas Gêmeos - Taekook
FanfictionAlmas gêmeas precisam mesmo serem exclusivamente românticas ? Algumas pessoas costumam se referir a elas como "irmãos de almas" em questão de amizade, ou "caras-metades", no quesito romântico, sabemos, mas isso tudo precisa ser tão preto no branco a...