Almas Gêmeos - Taekook

Capítulo 46 - STAY

Tae-hyung

Momentos como os que aconteceram hoje, são os que eu mais gostava sobre essa viagem.

Viver com os meninos já era rotina, então eu já devia estar acostumado. Claro que era diferente morar no mesmo prédio deles e dividir uma casa, mas a maioria das coisas permaneceram as mesmas. Os mesmos jogos que jogávamos juntos, as mesmas conversas antes de dormir, as mesmas refeições que fazíamos juntos (geralmente aos berros porque eles não sabiam dividir comida)... Essas coisas eram as mesmas, porém eram os momentos entre elas que eu gostava.

Nós cozinhando juntos fazendo o maior caos na cozinha, nós dividindo apenas um quarto porque Ho-seok e Yoon-gi não conseguiam ficar longe de nós (e aparentemente, nem Tae-oh, que passou a não dormir mais na sala agora), nós fazendo as tarefas da fazenda... Nós passando cada segundo do dia juntos, sem nunca cansar um do outro. Sem nunca ninguém ficar sozinho.

Esses eram momentos dos quais eu jamais iria me esquecer. O dia de hoje estaria sempre na minha memória.

Era um dia comum de inverno em Jeju: vento forte, clima gelado (porém não tanto quanto Seul), e claro, chuva. Muita chuva. Mais do que todos os dias. Assim que acordamos, sabíamos que seria um daqueles dias em que ficaríamos trancados em casa, e isso, honestamente, não era um problema. Nos divertiamos com qualquer coisa.

Sendo honesto, não sei como aquela confusão começou exatamente, mas a partir do meu ponto de vista, acredito que foi quando Seok-jin deixou um dos porcos fugirem do cercado.

Eu só o ouvi depois dele ter gritado talvez trinta vezes. Eu estava longe, pegando ovos dentro do galinheiro, quando o ouvi gritar a plenos pulmões algo indecifrável (podia tanto ser o nome dos porquinhos quanto um palavrão, mas tudo que eu ouvi foi a voz fina de Seok-jin hyung soando como "AAAAAAH"). Quando me levantei e corri até a porta, tudo que consegui ver no meio daquela chuva branca e forte foram três sombras correndo desesperadamente atrás de uma sombra menor. A primeira delas era claramente Seok-jin, com um saco amarrado no gesso da mão, ainda gritando, a segunda, pelas roupas estampadas e o cabelo platinado, era Ho-seok, e a terceira, pelo tamanho minúsculo e a capa de chuva enorme nele, Ji-min.

Os três corriam aos berros. Quando eles passaram correndo pelo celeiro, de onde Yoon-gi saía carregando um balde de leite e sendo protegido por um guarda-chuva enorme carregado por Se-ri, eles correram em círculos em volta deles, tentando pegar o porquinho que corria como se a vida dele dependesse disso. Quando Ho-seok se jogou no chão, tentando agarrar o bichinho, ele sem querer derrubou a irmã, que ao cair, derrubou Yoon-gi também. O balde de leite voou da mão dele, e caiu bem em cima de Ji-min.

Tae-oh, Jung-kook e Nam-joon apareceram nas janelas dos estábulos, parecendo chocados com a cena, e assim que entenderam o que aconteceu, saíram correndo também. Seok-jin, que foi o único a não ser derrubado na confusão, continuou correndo com eles, ainda gritando palavras que eu não conseguia entender. Acordando do meu estado de torpor, finalmente larguei a cesta de ovos no chão, e desci correndo pra ajudar, quase escorregando com tanta água na grama.

Eu não conseguia ver nada por causa da chuva, e por isso, só continuei correndo até onde eu minimamente conseguia vê-los. Quando cheguei perto deles, tudo que vi foi Tae-oh escorregando e não caindo de bunda no chão apenas porque Jung-kook foi rápido o bastante pra segurá-lo, e os primos Kim se encherem de lama, porque quando o porquinho conseguiu desviar deles de novo, ambos caíram o chão. Pior, quando fui ajudá-los a se levantarem, eu também escorreguei e me sujei inteiro.

Quando conseguimos nos reunir de novo, eu e meus amigos conseguimos nos postar em círculo em volta do porquinho, cercando ele de vez. Quando avançamos pra tentarmos finalmente pegar o bichinho, ele foi muito mais rápido que nós, e desviou de todo mundo, fazendo nós além de batermos um com a cabeça do outro, nos molharmos mais do que já estávamos, praticamente nos jogando em uma poça de chuva enorme.