Almas Gêmeos - Taekook

Capítulo 29 - TRIVIA: LOVE

Jung-kook

Meus pais decidiram me colocar pra fazer um esporte pela primeira vez quando eu devia ter uns oito anos, e eu tenho certeza que eles fizeram isso porque notaram que era melhor eu quebrar alguma parte do meu corpo do que quebrar uma janela de casa.

Desde criança eu sempre tive muito energia, sempre fui meio encapetado. E eu não tinha foco nenhum.

Eu pulei de esporte em esporte por anos, porque tudo pra mim virava um tédio depois de uns meses. Tênis ficou chato, futebol ficou cansativo, esgrima ficou muito fácil... tudo perdia a graça pra mim de um jeito muito simples. Depois disso, eu tentei outras coisas, sem ser esporte, e participei de uns mil clubes, desde o de robótica até a rádio da escola, e também, não me apaixonei por nada. Eu tinha vocação pra praticamente tudo, as pessoas diziam que eu tinha talento natural pra absolutamente qualquer coisa, mas nada nunca me agradava pra valer. Na real, algumas coisas eu aprendi a gostar bastante, mas paixão mesmo, eu não tinha por nada.

Nada tinha graça por muito tempo.

Eu sempre fui assim, e eu nunca soube o porquê. E sinceramente, achei que eu fosse morrer assim até decidir começar a fazer boxe.

Eu não faço ideia do motivo, mas com o boxe, foi tudo diferente. Cada vez que eu colocava a tala, cada vez que o treinador gritava os movimentos, cada vez que eu via o mundo parecer ficar mais lento enquanto eu lutava, as coisas pareciam ficar mais legais, e não mais chatas. Eu queria melhorar, e não desistir.

E realmente não parei, nem quando meu pai foi transferido de Busan pra Seul e tivemos que nos mudar, no meu ensino médio. Na semana da mudança, eu procurei uma academia nova pra treinar, e bom, eu tava aqui até hoje. Hoje eu sabia exatamente do que eu gostava, e eu também considerava desenhar uma das coisas que eu mais amava no mundo, mas eu sabia que com o boxe era único pra mim.

Minha mãe sempre brincava falando que eu vivia de pequenas obsessões, e talvez fosse verdade. Mas boxe era uma das poucas coisas que eu dizia com certeza que eu ia gostar pra sempre. Não sei se eu ainda ia gostar de filmes no futuro, ou de pintar, ou até mesmo do meu próprio curso, mas de boxe eu definitivamente ia.

Eu amava a adrenalina de subir no ringue.

— Você lembrou de tirar essas desgraças ! — meu treinador diz abrindo um sorriso (feio, porém) fofo pra mim, entrando no vestiário. Ele coloca uma das mãos no meu rosto e dá uns tapinhas nada fracos de incentivo. Graças a deus eu lembrei de tirar os piercings dessa vez, caso contrário, ele ia me arrebentar — Muito bem, JK. Isso me diz que você tá aqui com a gente nesse planeta hoje, e não viajando como sempre. Isso é ótimo, continue assim até o final da competição, tá ?

— Treinador, eu tô ótimo — respondo rindo, terminando de amarrar a tala na mão direita. Levanto o olhar pra ele — Eu quero ganhar hoje.

— E você pode, porque você é o melhor competidor de hoje, mas precisa de foco, garoto — ele diz se sentando no banco da frente do meu — Você tá bem ? Mentalmente falando ?

— Eu não podia estar melhor — respondo terminando de amarrar a outra tala, e ele faz um gesto de "graças a deus", juntando as mãos e olhando pro céu, me fazendo soltar uma risada alta.

— JK ? — escuto a voz de um dos meus amigos e segundos depois todos eles entram no vestiário, todo mundo se empurrando. Quando eles me veem, abrem o maior sorriso. Hobi continua falando pra eles — Viram ? Eu disse que ele ia usar essa cor ! Diferente de vocês, eu pesquisei as regras antes de vir pra cá.