Jung-kook
— Você continua acordando cedo assim, Kookie ? — uma voz surge na cozinha, me fazendo sorrir antes mesmo de eu poder me virar.
— Bom dia, vovó — falo indo até ela, dando um beijo na sua bochecha. Ela faz carinho no meu cabelo enquanto olha pra mim — Não consegui dormir muito mais que isso. Pelo menos acordei pra fazer café pra você.
— Você é um amor, Jung-kook, mas você sabe que eu não tomo o seu café — ela faz uma careta exagerada, parecendo demais meu pai por um momento — Seu café é forte demais, e eu já tenho setenta anos. Você pretende me matar pra herdar a fazenda de uma vez ?
É, essa era a minha vó. Um poço de sinceridade. Ela e Seok-jin deviam ser parentes distantes.
— Como você é dramática, Senhora Jeon — cruzo os braços, fazendo cara de desdém — Você disse que gostava do meu café no ano passado. Você bebeu três copos só em uma manhã.
— Eu precisava de uma desculpa pra estar cheia, senão seus irmãos iam querer fazer bolo pra mim de novo, e sabemos o que acontece quando eles fazem isso — ela torce a boca, se sentando na bancada da cozinha — Com uma massa daquelas, dá pra subir um muro.
Solto uma risada, e sento também, na frente dela — Sinto falta deles. Da bagunça deles.
— Porque ? Você tem cópias dos seus irmãos bem aqui com você. Por deus, como são barulhentos seus amigos — ela brinca, e continuo rindo. Ela sorri — Mas eu gostei deles, são boas crianças. Acha que eles vão dormir muito hoje ?
— Com certeza não — falo ouvindo passos na escada.
Me viro a tempo de ver Jin entrando na cozinha, com o pijama ridículo azul brilhante, cheio de alpacas, e com o cabelo tão pra cima que parecia que ele tinha colocado o dedo na tomada.
Ele coça os olhos, e fala murmurando enquanto entra na cozinha andando igual um zumbi.
— Onde eu aperto pra desligar o galo ?
Minha vó e eu começamos a gargalhar tão alto na cozinha que acordamos o Tae-oh, lá na sala. Ele aparece na cozinha, todo amassado, exatamente igual o Jin. Quase que numa língua alienígena, embolando as palavras, ele pergunta onde pode desligar nosso barulho, e isso nos faz rir ainda mais. Minha vó pega os dois zumbis pelos ombros, e faz eles sentarem na bancada, falando que vai fazer café.
Eles deitam na mesa, e começam a dormir ali mesmo.
— Viu ? Igualzinho seus irmãos — minha vó fala fazendo carinho nos cabelos deles, e pega a jarra da cafeteira, e joga todo o meu café pela janela. Eu continuo rindo enquanto ela sorri pra mim — Eu te amo, mas eu faço o café. Você tem dezenove anos, deve ser mimado pela vovó, não tentar matá-la.
Amo meus irmãos, amo meus pais, mas minha vó... ela era minha pessoa favorita no mundo, de longe.
Eu vinha pra casa da minha vó só uma vez por ano, só pro feriado, e enquanto esse dia não chegava, eu ficava contando os dias pra ver ela de novo. Ela era a única que podia me entender com apenas um olhar, e ela me deixava tão confortável a ponto de nem precisar me perguntar o que eu tinha, porque vinha automaticamente uma necessidade absurda de contar tudo pra ela, simplesmente desabafar com ela. Eu amava conversar com a minha vó.
Ela sabia tudo sobre mim. Tudo mesmo.
— Bom dia — Tae-hyung fala aparecendo na cozinha, dando um susto na minha vó, por ter descido de um jeito tão silencioso. Eu não me assustei, porque tava acostumado com ele fazer isso. Ele sorri pra minha vó, ainda com a cara inchada de sono, e fala com aquela voz rouca de sempre — Desculpa, Vovó Jeon. Eu não queria assustar a senhora.
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Almas Gêmeos - Taekook
FanfictionAlmas gêmeas precisam mesmo serem exclusivamente românticas ? Algumas pessoas costumam se referir a elas como "irmãos de almas" em questão de amizade, ou "caras-metades", no quesito romântico, sabemos, mas isso tudo precisa ser tão preto no branco a...