Capítulo 38 - EUPHORIA

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Tae-hyung

Eu queria que isso fosse como nos livros.

Eu realmente queria. Eu queria mais que tudo no mundo que a frase "era como se fosse automático" fosse verdade nessa situação.

Eu queria muito dizer que eu fiquei calmo. Eu queria muito dizer também que eu soube o que fazer na hora, que foi instinto, que era como se eu tivesse feito isso a vida toda. Eu queria mais que qualquer coisa que eu pudesse dizer que foi perfeito, que foi como eu sempre quis, mas não posso, porque isso seria mentira.

Não foi nada como eu gostaria que fosse.

Foi assustador, e desconfortável, e de certa forma, até achei meio nojento no início.

Meu primeiro beijo foi um desastre.

Eu não acredito que seja surpresa pra ninguém a essa altura, mas eu vou falar com todas as palavras pra não correr risco de nada passar batido, apesar disso de fato me envergonhar: sim, eu nunca beijei ninguém antes.

Eu nunca participei de um jogo da garrafa quando criança, nem participei de uma aposta ou desafio. Nunca quis ficar com alguém desconhecido em uma festa pra treinar, ou por curiosidade. Muito menos gostei, ou namorei alguém na adolescência. Nada. Zero. Rosca, como Seok-jin hyung diria (era ridículo, mas ele realmente usava essa expressão).

E eu nunca havia me interessado muito por isso de qualquer maneira, e estranhamente, isso nunca havia me incomodado.

Pelo menos, não até agora.

Eu odiei não saber o que fazer. Odiei não saber onde colocar as mãos, odiei não saber como beijá-lo de volta, odiei a sensação de medo, odiei não ter conseguido ao menos prestar atenção aos detalhes dele porque eu estava ocupado demais tentando calar as vozes que gritavam desorganizados na minha cabeça. Eu não consegui pensar, não consegui me mover direito, não consegui sentir ele como eu sempre sonhei.

Eu não consegui beijar o garoto por quem eu era apaixonado do jeito que eu esperava.

Tudo que eu consegui fazer foi ser um completo desastre.

Eu me afasto dele bruscamente quando finalmente consigo me mexer de verdade, e Jung-kook me olha como eu tivesse acabado de gritar as palavras mais cruéis do mundo pra ele.

Ele me olha com horror — Me desculpa ! Eu não devia ter feito isso sem perguntar, eu não...

— ME DESCULPE VOCÊ ! — falo alto demais, interrompendo ele sem querer. Estou desesperado, totalmente desesperado — Não foi isso, é que eu... Eu não queria... ARGH ! — exaspero alto quando não consigo falar. Ainda estou sem fôlego por causa do beijo desesperado. Eu me sento no sofá, e cubro o rosto com as mãos, morrendo de vergonha — JK, me desculpe. Eu não queria...

— Ei, pode parar — ele fala perto demais, e mesmo sem abrir os olhos, sei onde e como ele está. Sinto ele sentar do meu lado, e ele segura minhas mãos com as próprias — Você não precisa se desculpar, hyung, você não fez nada de errado.

— Eu fiz tudo errado — falo descobrindo meu rosto, olhando pra ele. Ele parece verdadeiramente surpreso — JK, você não sabe o quão envergonhado eu estou agora ! Me desculpa...

— TaeTae, pelo amor de deus, para de pedir desculpa ! Você tá me assustando — ele fala sorrindo, não conseguindo se controlar. Ele aperta suas mãos nas minhas enquanto eu respiro fundo, me odiando completamente. Ele pega meu rosto rapidamente pelo queixo, e me faz olhar pra ele. Não ouso desviar os olhos porque eu não consigo. Ele fala de uma maneira muito calma — Kim Tae-hyung, olha pra mim, isso. E agora se acalma, ok ? O desesperado aqui sou eu, não você, lembra ? Respira fundo, e... fala comigo. O que foi ?

Almas Gêmeos - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora