Tae-oh
Talvez você não acredite em mim, mas não foi minha intenção me tornar alguém tão ruim assim.
Eu era uma criança tranquila, quase tão gentil quanto o Tae-hyung, mas o rumo que a minha vida tomou acabou me tornando meio amargo. Desde o primeiro dia, naquele dia que o Tae-hyung virou meu colega de quarto, eu nunca quis tratar ele com hostilidade, porque eu nunca tive raiva dele como ele tinha de mim, mas eu não conseguia. Eu não tratava ninguém com gentileza há muitos anos, e achei que nunca mais fosse conseguir fazer isso, até ele chegar.
Me culpei por isso todos os dias desde o dia que meu irmão voltou, e apesar do meu gênio ser horrivel, eu sempre tentei não deixar essas coisas se repetissem.
Eu não queria tratar ele mal nunca mais.
— Me desculpa — falo assim que entro no meu quarto, e Tae-hyung e Park Ji-min levam um susto, tanto com a porta quanto comigo falando essas palavras. A ausência do resto de todos indica que os dois provavelmente pediram privacidade, porque eles nunca se desgrudavam, e isso me deixa mais relaxado. A última coisa que eu queria agora era que todos os caras (e a Se-ri) soubessem ainda mais o quanto eu era idiota. Olho diretamente nos olhos do meu irmão e continuo falando antes que eu perdesse a coragem — Eu não devia ter estourado com você daquele jeito, me desculpa. Eu fui um idiota.
— Eu que peço desculpas — Tae-hyung responde imediatamente, descendo da cama dele. Ele parecia tão nervoso quanto eu enquanto fala sem parar — Eu não devia ter escondido nada de você, nem...
— Para — falo colocando uma mão no ombro do meu irmão. Ele, de um jeito chocante, me escuta e fica calado mesmo. Falo com ele tentando abaixar a voz o máximo que dá. Detesto quando ele se culpa — Não foi sua culpa sua, TaeTae. Nunca é. Foi culpa minha, tudo, e é por isso que eu tô pedindo desculpa. Me perdoa por ter brigado com você.
— Nós não brigamos, foi só uma discussão — Tae-hyung responde dando de ombros fracamente, e aí sorri pra mim. É como se nada nunca tivesse acontecido — Passou, Tae. Não importa mais.
Acho que a maioria das pessoas jamais entenderia completamente o jeito de Tae-hyung. Eu mesmo, que conhecia ele desde que nasci, às vezes tinha dificuldade pra seguir seus raciocínios. Suas palavras eram sempre muito sinceras, mas nada falava mais a verdade que as expressões no seu rosto e os pequenos gestos.
O jeito como ele deu de ombros e sorriu de lado dizia que ele realmente não ligava mais pro que aconteceu.
O hábito dele de esquecer as coisas era impressionante. Tão impressionante que eu quase coloco na minha cabeça que eu devo continuar com a farsa e não contar nada pra ele do passado, mas não posso.
Ele não merece isso.
— Nós podemos conversar sobre essas coisas uma outra hora ? Quero te contar tudo, quero que os segredos entre a gente sumam, mas... É que eu preciso fazer uma coisa antes. Mas eu prometo que vamos conversar depois — falo pro meu irmão, e ele como sempre, faz que sim. Tudo sempre parecia estar bom pra ele. Quero contar tudo, vou contar, mas não agora. Por hoje, já chega de lágrimas pra ele. Quero que ele sorria, pelo menos pelo resto da noite — Você fica com ele ? — pergunto me virando pra Jung-kook, e ele responde que sim, desencostando do batente da porta e entrando no quarto também.
Ele vai pra perto do meu irmão, e no mesmo segundo, vejo como Tae-hyung relaxa com ele perto. Seus ombros relaxam, sua mandíbula deixa de se contrair, e ele umedece os lábios depois de respirar fundo. Ele ficava tão calmo perto do namorado que eu chegava até a sentir uma certa inveja. Acho que ele nunca ficou assim com outra pessoa, nem com Park Ji-min, e nem mesmo comigo.
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Almas Gêmeos - Taekook
FanfictionAlmas gêmeas precisam mesmo serem exclusivamente românticas ? Algumas pessoas costumam se referir a elas como "irmãos de almas" em questão de amizade, ou "caras-metades", no quesito romântico, sabemos, mas isso tudo precisa ser tão preto no branco a...