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-Querida você precisa vim nos visitar.- papai instante. Estamos em uma ligação, eu estava indo para o novo estúdio de ballet.

-Eu vou. Mais não agora.- atravesso a rua, e uma buzina soa. Era como se eu não conhecesse mais Barcelona. -Eu estou muito ocupada.- papai solta um suspiro através da ligação. -Eu prometo que assim que tiver um tempinho eu vou, prometo.

-Sei que está ocupada, Querida. Eu só estou com saudades.- e eu também estava. -E estou preocupado.

-Preocupado?.- coloco uma mão em meus olhos para evitar o sol quente.

-Sim. Você está sozinha aí minha filha. Sem ninguém.- eu sabia disso, e eu era capaz de ficar sozinha. Eu fiquei por um bom tempo em Nova York, sozinha. -Você já falou com seus amigos?.- dou uma pausa, ninguém sabia que eu tinha voltado, eu já estava aqui a uma semana, mas evitava passar por lugares que sabia que me reconheceriam. Fico em silêncio, e volto a seguir meu destino. -Ana!.- seu tom era de advertência.

-Eu só...- tento encontrar palavras.

-Não acredito que não falou com seus amigos! Eles pelo menos sabem que está em Barcelona?.- não. Eu não queria que ninguém me visse, ou soubesse da minha volta. Não queria reencontrar o passado.

-Pai está tudo bem. Eu conheci pessoas novas, estou fazendo amizades novas. E está tudo maravilhoso.

-Minha filha, você não pode esquecer o passado. Não pode fingir que ele não existe.- e não estava, só estava evitando no momento.

-Pai eu sou uma adulta agora.- digo parando de frete para o estúdio de ballet. Era um prédio enorme, todo espelhado. Eu conseguia ouvir a música que toca soando pelas grandes janelas. Meus pés formigaram pedindo por uma dança. -Sei o que estou fazendo.

-Eu sei que sabe.- caminho em direção às grandes portas duplas, e as empurro, entrando no local, fazendo a batida da música me percorrer. Fecho os olhos imaginando o mundo novo. -Eu confio em você Querida.- abro os olhos.

-Eu te amo pai.- a música preenchia aquele lugar, como me preenchia. Era como se eu realmente tivesse que estar aqui. Como se esse lugar fosse para mim, e para o meu ballet. -Eu tenho que ir.- desligo o telefone, e caminho em passos suaves com se estive em nuvens até a recepção. Tudo era tão lindo, bailarinas de um nível muito mais alto que o meu, passavam por mim com um sorriso alegre no rosto.
Eu mau tinha entrado e já sabia que aquele era o meu lugar.

(...)

Já estava tarde, aquele lugar tinha me deixado tão relaxada, que eu avia passado horas nesse novo estúdio de ballet, era meu primeiro dia aqui, e era tudo tão encantador.
Eu tinha me esquecido como era bom estar em casa. E esse estúdio me fazia sentir assim, em casa, dança me fazia sentir em casa. Eu sempre soube que não importava onde estivesse eu sempre ia me sentir bem e segura enquanto estivesse dançando.
Olho pela janela, vendo a chuva escorrer. O clima tinha mudado de uma manhã ensolarada para uma noite de chuva.
As pessoas já estavam indo embora, enquanto eu já queria ficar ali dançando e dançando como se não existisse o amanhã.
Escuto a porta se chocar, e vejo uma bailarina saindo, me deixando por fim sozinha. Eu não tinha medo de ficar sozinha, eu aprendi a viver assim em Nova York. Eu não podia contar com ninguém, tinha poucos amigos, e os poucos amigos que tinha em Nova York achavam que eu era "demais" para Nova York.
Fecho os olhos, e fico ali no silêncio profundo. Respiro fundo e começo a movimentar os braços em um movimento aleatório, e depois repito com as pernas, cabeça, e sem perceber estava dançando. Aquilo era de tudo um pouco, ballet, jazz, samba... Era como se eu tivesse asas e tivesse acabado de aprender a voar.
A falta de ar me atinge, me fazendo deitar no chão, tentando recuperar o fôlego. Meu coração estava a mil, e em meu rosto um sorriso enorme.
Como era bom me sentir assim.
Abro os olhos com o barulho de um trovão, a chuva estava se intensificando. Era hora de ir embora. Me levanto e pego minha bolsa no chão. Olho pela janela mais uma vez, vendo aquela chuva forte, eu não estava com guarda-chuva, nem nada que pudesse me proteger da chuva. Caminho até a saída e pego o elevador. Eu poderia esperar a chuva passar, mas eu sabia que levaria horas, e eu precisava ir antes que a chuva aumentece. Saio do elevador e vou até a recepção, eu poderia pedir um táxi, ou algo do tipo.
Não.
Meu apartamento ficava pertinho daqui. Dou um sorriso a recepcionista e saio deixando a chuva atingir meu corpo. Começo a seguir o meu destino em passos largos e rápidos. A chuva ficava mais forte a cada segundo, eu não conseguia enxergar direito, estava tudo embaçado. Olho para o semáforo e vejo um flash da cor vermelha. E atraveso sem encher a rua direto. Escuto uma buzina de longe, e viro a cabeça. Agora a chuva já me enxarcava, eu estava com frio. Vejo um borrado branco de farois de carro, e escuto o freio do carro. Meu coração batia forte, o carro estava na minha frete. Ele estava louco? Eu estava passando no sinal vermelho. Buzinas soaram umas 10 vezes. Eu estava parada de frete ao carro, não consegui enxergava o motorista, mas conseguia ouvir as buzinas que ele dava para eu sair.

-Louco!.- grito dando um soco no capu do carro. Vejo o motorista se retirar do automóvel e vim em minha direção, eu não enxergava nada por conta da chuva.

-Você é louca?.- escuto ele se aproxima, a voz era firme e família como se eu já tive escutado antes. -Por que está batendo no meu carro? Sua maluca.- ele se vira para mim revelando seu rosto. Meu corpo se arrepiou, e senti como se mil furações estivessem passando por mim. Meu corpo estava quente agora, mau conseguia notar a chuva fria. Meu coração acelerou em uma corrida. E naquele momento meus olhos encontraram os seus, me fazendo sentir tudo de novo ao te ver.

-Gavi?.

Oi amores, tudo bem? Espero que tenham gostado desse capítulo. Muito obrigado por estarem lendo e interagindo. Amo vocês, beijos até 💕

𝑴𝒆𝒖 𝑱𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓 - 𝑃𝑎𝑏𝑙𝑜 𝐺𝑎𝑣𝑖 Onde histórias criam vida. Descubra agora