A chuva penetrava seu cabelo o enxarcando. Seu moletom branco já unido agora. Nossos olhares estavam conectados, me fazendo enlouquecer com as lembranças. Estavamos em um completo silêncio, o unico barulho era da chuva e dos trovos. Eu sentia a eletricidade passar por todo o meu corpo, como se algo ou alguém fosse a fonte eletrica.
-Vai demorar aí?.- paramos de nós olhar para ver quem era. A voz suave e doce vinha do carro de Gavi. A mulher estava com a cabeça para fora da janela nos encarando. Eu mau conseguia ver o seu rosto. -Gavi? Você a conhece?.- ele se vira para mim, me encarando outra vez. Sinto meu rosto se aquecer, e a eletricidade percorre meu corpo outra vez, tento conter o seu olhar.
-Ana.- foi a única coisa que saiu de sua boca, mas bastou para que eu me lembrasse...
Eu te amo Gavi.
Aquelas lembranças... Aquele tempo bom, o tempo que eu era dele. Os jogos de futebol, as festas, a copa, as praias... Aquele seu olhar, nosso primeiro beijo, o meu primeiro amor.-Vamos Gavi!.- a mulher de dentro do seu carro grita.
-Você...- ele tenta achar palavras.- Você precisa de carona?.- oferece. Eu nem sabia em que rua estava, mas não podia aceitar sua carona, ele estava com uma mulher, eu não podia atrapalhar sua noite. Eu ia me virar.
-Não.- respiro fundo, e me afasto. -Obrigado.- me viro voltando para o meu destino, sem olhar para trás.
Sem olhar para trás.
Sem olhar para o passado.
Encolho os braços abraçando a mim mesma, estava frio, a chuva estava forte. Por que eu senti aquilo quando o vi? Por que aquelas lembranças vieram a tona? Por que aquela eletricidade ainda me percorria? Fecho os olhos com força tentando afastar as lembranças.
O seu toque... seu cheiro... seu amor... nosso amor...
Abro os olhos e aperto o paço. Eu precisava chegar em casa o mais rápido possível, precisava esquecer desse encontro surpresa. Viro a cabeça olhando de um lado ao outro, onde eu estava? Eu conhecia Barcelona como a palma de minha mão, por que estava perdida? Sigo em frente tendo certeza de que esse era o caminho certo. Por que eu não tinha pedido um táxi. Eu poderia pedir alguma informação para alguém, mas eu era a única tonta que está na chuva. Onde eu estava?.
Carros apassavam a todo instante, eu poderia me enfiar na frete de um igual eu fiz a alguns minutos atrás. Meu Deus que vergonha, eu estava com a roupa de ballet, com o cabelo todo molhado. Meu Deus ele me viu assim. Eu não consegui ver a mulher que estava em seu carro mais com toda certeza estava mais apresentável do que eu.
Com o canto dos olhos vejo um carro se aproximando, e acelero o passo. O carro se aproxima da calçada quase parando. Ótimo, além de passar vergonha, eu ia ser sequestrada. Olho de relance para o carro e vejo o vidro do motorista se abaixar. Ando mais rápido, mas paro ao reconhecer o carro cinza.-Entra no carro.- o encaro sem dizer nada. Como assim entra no carro?.
-Eu já disse que não preciso de carona.- continuo andando, mas Gavi ainda me seguia com o carro em uma velocidade mínima.
-Entra no carro.- ele faz uma pausa em cada palavra. -Agora.- olho para cara dele com indignação. Eu não iria entrar naquele carro, nem nos sonhos dele, nem nunca.
-Não obrigado.- dou um sorriso forçado, e volto a caminhar.
-Ana.- ele não tinha ido embora ainda. -Se não entrar nesse carro.- me viro outra vez, vendo sua expressão séria. -Eu vou me retirar desse carro e vou te colocar dentro dele.- nem um de nós dois quebramos a conexão entre nossos olhares. -Entendeu?.
-Você não faria isso.- eu não sabia se o que eu queria dizer era uma afirmação ou uma pergunta. Gavi retira o sinto de segurança. -Tá bom.- me rendo. -Eu entro.- dou a volta para entrar no banco de trás, mas Gavi abre a porta do passageiro. Onde estava aquela mulher de antes? Entro no carro evitando o seu olhar, pelo menos eu ia chegar em casa bem.
Gavi segue caminho, eu conseguia sentir seus olhos sobre mim.-Ainda mora no mesmo apartamento?.- ele pergunta quebrando o silêncio entre nós.
-Moro.- digo me remechendo no banco agora molhado. O que eu estava fazendo, por que eu estava ali, em um carro com Gavi. -Quando eu disse que não precisava de carona, era por que eu realmente não precisava de uma carona.- me abraço tentando conter o frio.
-Você estava perdida.
-Eu... não estava.- eu estava. Ele bufa uma risada não acreditando em minha mentira.
-Aham, e como foi quase parar do outro lado da cidade?.- ele tentava desfazer o sorriso.
-Aquele não era o outro lado da cidade.- fico confusa. Eu sabia que tinha ficado perdida, mas não tanto. Gavi ri de novo. Sua atenção estava no transito, mas as vezes ele dava umas olhadas de relance para mim. Como se eu não fosse reparar. -Tá eu estava um pouco perdida. Só um pouco.
-Um pouco?.- soltamos uma risada. E vejo o seu olhar sobre mim, meus olhos encontram com os seus, e sinto os meus pelos arrepiarem. Por que depois de todo esse tempo, depois de tudo, isso ainda acontecia quando ele me olhava. Gavi volta sua atenção para o trânsito. Eu olho pela janela, vendo Barcelona mas uma vez. Era uma novidade estar de volta.
Gavi vira a direita, e eu sabia que já era a rua da minha casa. Era uma rua um pouco movimentada por conta dos prédios e comércios. Paramos de frente ao meu prédio.-Obrigado, Gavi.- o encaro mais uma vez. -Obrigado pela carona.- dou um sorriso e abro a porta para sair.
-Por nada.- me retiro do carro, e caminho até a entrada. -Ana.- me viro e vejo que o vidro do passageiro está abaixado. Gavi se enclina um pouco para me ver.
-Oi.- me aproximo de novo.
-Quando voltou?.- fico em silêncio por alguns segundos. Ele queria respostas. Eu tinha certeza de que Pablo Gavi tinha umas mil perguntas a me fazer, como eu a ele.
-A alguns dias.- respiro fundo. -Uma semana na verdade.- ele arruma sua postura, e me encara mais uma vez.
-Bom. Que aproveite o seu tempo aqui.- dou um sorriso a ele, que me dá um tchau com a cabeça. Levanto a mão e dou tchau, vendo a janela se fechar e Gavi indo embora.
Como o dia foi logo. Solto um suspiro vendo seu carro desaparecendo. Me viro e caminho até a porta do prédio. Como era bom estar em casa.Oi meus amores, tudo bem? Obrigado por tudo, espero que gostem, beijos até 💕
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𝑴𝒆𝒖 𝑱𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓 - 𝑃𝑎𝑏𝑙𝑜 𝐺𝑎𝑣𝑖
Fanfiction-EU TE ODEIO PABLO GAVIRA- digo gritando. -Odeia?- diz o jogador chegando tão perto de mim que eu conseguia sentir sua respiração.