território

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Centímetros, poucos miseráveis centímetro de mim. Pablo Gavi estava a cinco centímetros de mim, de minha boca. Minha respiração ficava mais ofegante cada segundo.
Gavi não dizia sequer uma única palavra. Nada saia de suas cordas vocais. Ele só me encarava com aqueles olhos, aqueles perfeitos olhos castanhos.

Minha boca pedia por ele, implorava. Implorava para tocar mais uma vez seus doces lábios. Percorro meu olhar pelo seu rosto, e me dou conta que nesse momento eu poderia beijar cada canto, cada lugar, cada pinta de seu rosto agora mesmo.
E nesse momento a centímetros dele, eu me lembrei o que eu jamais poderia esquecer. Seus beijos. Nossos beijos.
Cada lugar de meu corpo que sua boca já beijou. Cada ponto em que sua pele me tocou. Em cada vago lugar em que minha boca percorreu.
Meu corpo treme de baixo dele com as lembranças. E eu queria que essas lembranças fossem presente.

Me aproximo lentamente. Fazendo esses malditos cinco centímetros sumirem um por um.
Quadro centímetros
Algo dentro de mim se incendeia.
Três centímetros.
Gavi deixa escapar um barulho estranho de sua boca.
Dois centímetros.
Meu coração batia tão forte, que eu tinha quase certeza que ele poderia sair pela boca.
Um centímetro.
E seus lábios encostaram nos meus. Um beirando sobre o outro. E é como se eu estivesse viva novamente. Como se nos dois estivéssemos dançando e comemorando. Como se minha alma ganhasse viva de novo.
Sem exitar me movimento para capiturar seus lábios, para tomá-los com um único beijo.

Gavi se afasta de mim. Do meu beijo. E eu sinto cada poderoso centímetro seu se afastar. Ele fecha a porta do carro me deixando lá sozinha.
Meu Deus o que tinha acabado de acontecer? Meus lábios estavam agora a pouco a um movimento de beijá-lo. E agora estão sozinhos.

Gavi entra dentro do carro e se senta no assento do motorista. Eu estava encarando a estrada sem ao menos entender o que tinha acabado de acontecer.
Me encolho no meu assento, pisco várias vezes. Tento entender o que aconteceu. Ele me rejeitou, recusou meu beijo. O beijo que meu corpo estava implorando para ter. Sinto alguma sensação estranha dentro de mim, algo que eu não consigo explicar. Acho que é vergonha. Era óbvio que ele não iria me beijar. Acabamos de ter uma briga sobre o nosso termino.

Solto a respiração que só agora percebo que estava segurando. E agora o carro estava em movimento. Tento me fingir de morta. Estava um silêncio, nem um sinal de vida dentro desse carro.
Duas almas mortas, que agora a pouco estavam vivas e festejando.

Nossos olhares se encontraram por exatamente um segundo. E já foi o suficiente para meu rosto enrubescer. Tento disfarçar o meu constrangimento.
Sinto o seu olhar em mim. E eu fico mais constrangida.

-Por favor pare.- fico surpresa como quão alto minha voz sai. Gavi continua alternando o seu olhar entre mim e a estrada. -Eu pedi para parar.- mas ele continua.

-Ordens, e mais ordens.- Gavi continua. -O carro é meu, então eu posso fazer o que eu quiser. Você que tem que parar de dar ordens. Quando estiver no seu território.- faz uma pausa.- Ai sim pode dar ordens...

-Território?.- o enteronpo.

-Sim.- acena com a cabeça. -Esse carro é meu território. Como o campo, minha casa, Barcelona...

-Barcelona não é o seu território!.

-É sim. O seu território é Nova York. Barcelona é meu território.- pisco várias vezes. -Você foi embora para Nova York, eu fiquei em Barcelona...

-Isso não é justo.

-Para mim é bem justo.- Gavi balança a cabeça várias vezes em positivo. Era óbvio que aquilo não era justo.

-Então agora cada um vai ter seu território?.- ele acente. -E como vamos dividir os territórios?.- cruzo os braços.

-Já dividimos. O seu território é Nova York e o meu Barcelona.- ele pista para mim de um olho só.

-Mas eu moro em Barcelona. Isso tá muito mau resolvido.- olho para ele esperando uma resposta justa. Ele percebe minha expressão fácil, e vira os olhos.

-Tudo bem. Somente a sua casa pode ser seu território, o resto é meu.- diz fazendo um gesto com a mão. Estávamos conversando como se fossemos donos do mundo. Como se todo fosse nosso. Como se só existisse nós dois.

-E o estúdio de ballet.- relaxo no assento só de lembrar que amanhã vou estar dançando. Mesmo que seja só um ensaio.

-Tudo bem.

-E o Brasil.- agora estou sorriso. A saudade fazendo meu peito apertar. Gavi bufa uma risada. -Eu nasci lá, então tô no direito.

-Com toda certeza o Brasil é o seu território. Pois eu nunca vou pisar lá.- meu sorriso se desfaz como chuva. -O que foi?.- algo triste perfura meu coração.

-Aaa você vai!.- Gavi nega com um aceno. -Nem que eu tenha que te arrastar para o Brasil Pablo Gavi, mas você vai.- ele solta uma risada alta.

-Estamos no meu território princesa.- tenta segurar a risada. Eu não estava entendendo o por que ele estava rindo. -Então pare de dar ordens...

-Não estou dando ordens, estou fazendo uma afirmação.- Pablo me olha confuso. -Você vai para o Brasil. Nem que seja a última coisa que eu faça.

-Não faça promessas que você não pode cumprir.- toda a alegria some dele de uma vez.

-Gavii...

-Temos muita estrada pela frente Ana Luiza. Acho melhor pararmos com esse assunto.- me calo naquele momento. Passamos a viagem toda sem dizer nada, sequer uma única palavra. 4 horas inteiras em silêncio.
Gavi me levou de volta para Barcelona. Me deixou em casa. Me deixou no meu território.

Oi meus queridos. Tudo bem? Espero que tenham gostado desse capítulo.

𝑴𝒆𝒖 𝑱𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓 - 𝑃𝑎𝑏𝑙𝑜 𝐺𝑎𝑣𝑖 Onde histórias criam vida. Descubra agora