Capítulo 110

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Gracie

Mesmo despois de repassar as últimas semanas repetidas vezes em minha cabeça, ainda não entendo que porra aconteceu na minha vida para que ela tivesse uma reviravolta tão grande.

Fui atacada na rua próxima da universidade após a aula quando caminhava para o ponto de ônibus. Nem era tão longe assim e estava mais que acostumada com o trajeto.

Tirando todo o terror que vivi ao ver aquele homem correndo para cima de mim enquanto meu cérebro paralisou e não enviou as informações que precisava para correr, a situação em si ficou para trás no instante que acordei no quarto do hospital e a palavra grávida deixou a boca do Dr. Henry.

Por um mísero milésimo de segundo, tive esperança. Joshua poderia ser o pai do meu filho. Ele poderia, já que durante meu período de maior estresse com as coisas da universidade eu andei esquecendo de tomar meu remédio, e há muito não nos prevenimos de outras formas.

Então, ele cuspiu as duas frases que se repetem em um loop perfeito na minha cabeça.

Esse filho não é meu.

Não posso ter filhos.

Eu quebrei.

Mas precisei juntar os meus cacos. Por meu filho.

Não foi uma gravidez planejada, passou bem longe disso. Contudo, jamais seria indesejada, mesmo que para meu total desgosto o pai dessa criança seja Cameron.

Ele tentou se aproximar. Tentou voltar com a desculpa de que meu filho ia precisar de um pai presente. Isso não vai acontecer. Eu não o quero em minha vida.

Independente do que tenha acontecido, da culpa que também tenho nessa história, ele se aproveitou de um momento em que eu estava totalmente vulnerável.

Como se não bastasse todos os golpes que a vida estava me dando, fui expulsa de casa pela pessoa que deveria me amar e cuidar. Mas para minha mãe, se eu já tinha idade para engravidar, tinha idade para arcar com as consequências e os custos da vida adulta.

Ivan Miller vai surtar quando descobrir que estou grávida antes de me formar, bem como, por ter sido expulsa de casa. Mas não posso levar esse fardo para ele em outra cidade cuidando de um irmão debilitado com alzheimer.

O silêncio no carro no trajeto para a cobertura que um dia morei, depois das perguntas que Joshua fez, é desconfortável.

Odeio sentir esse aperto no peito e o nó na garganta cada vez que penso em nós dois. Cada dia em que estivemos longe um do outro foi um martírio.

Por sorte, e apenas com muita determinação, consegui finalizar meu curso sem grandes problemas. Vou encerrar minha vida acadêmica com chave de ouro na colação e baile de formatura daqui duas semanas, e graças a Ethan, já tenho um trabalho onde começar minha carreira.

Minhas economias não durariam muito tempo tendo que pagar aluguel e me manter por conta própria. E por mais que eu saiba ser verdade quando Joshua diz que não seria incômodo para meus amigos me ajudarem, no fundo, eu quis me afastar de tudo.

Não tinha psicológico para estar com algum deles e acabar me encontrando com ele. Ainda não tenho psicológico para estar ao seu lado.

Mas ele não me deu outra escolha. No momento que vi o sorriso em seu rosto, tive certeza que se não fosse de boa vontade, realmente me colocaria nas costas e me tiraria de casa por puro capricho.

Eu poderia ter feito um escândalo e mando-o se foder. Mas eu era um tola que ainda o amava demais. Que ainda tinha esperança de voltarmos a ficar juntos.

Minha RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora