POV GIZELLY
-Gi, pensa direitinho, isso é uma oportunidade única. – Natalie me seguia entre equipamentos da academia. – Você vai trabalhar em uma das melhores empresas do Brasil, a Ambev está crescendo cada dia mais, isso é o sonho de qualquer recém formado.
-Não sei, Nath. – Parei de frente ao leg press. – Minha mãe não gosta da Tereza, elas tem um passado no qual eu não estou afim de me envolver.
-Você não vai trabalhar diretamente com a Tereza. – Ela está empenhada, devo admirar isso nela. – Você vai estar no setor de Marketing, com os melhores. Você se formou pra ser social media de academia?
-Não. – Eu não me formei pra isso, mas no momento era o meu emprego. – Mas estou bem aqui e continuo mandando minha carta de apresentação para as empresas.
-Eu estou te oferecendo a vaga, já é praticamente sua, só preciso da sua resposta. – Parei um tempo e encarei Natalie. – Aceita Gi, por favor?
-Vou pensar, tá? – Queria encerrar aquele assunto. – Vou conversar com a Rafa e com a minha mãe.
-Isso! Você não vai se arrepender, a Ambev é uma das melhores empresas para o publicitário. – Ela dizia com os olhos esperaçosos. – Você precisa vir pro nosso time.
-Queria entender esse seu interesse. – Arqueei a sobrancelha.
-Eu gosto de você, tá? – Natalie me empurrou pelo ombro. – Não deixe a Rafa ouvir isso.
-Ela me mata e usa você de pá pra me enterrar. – Sorri abertamente, Rafa é muito ciumenta.
-Deus que me livre. – Ela fez o sinal da cruz desesperadamente. – Falando nisso, cadê ela?
-Hoje ela está indisposta e foi pra casa de uma amiga. – Suspirei, pois minha namorada não insistiu para que eu fosse pra casa dela. – Agora vamos parar de conversar e vamos malhar, jajá o Arthur vem pegar no nosso pé.
Ela me mostrou a língua e começamos o nosso treino de perna, revezamos juntas e ficamos nisso quase uma hora seguida. Por fim nos despedimos e mais uma vez ela pediu para que eu pensasse melhor na proposta. Assenti e desci seguindo o meu caminho, iria a pé até a estação. Antes tentei falar com a Rafa, mas ela não me atendeu, bufei e guardei o celular, afinal o caminho até a estação era perigoso.
No meio do caminho, senti um carro se aproximando devagar, apertei o passo, mas o carro continuava no meu encalço, não vou negar que senti medo, porém quando o carro ficou ao meu lado, o vidro abaixou e Ivy parou desligando o mesmo e olhando pra mim, revirei os olhos e continuei andando.
-Gi, espera. – Ela gritou e desceu do carro correndo. – Eu vim na paz, eu juro.
-O que você quer, Ivy? – Segurei as alças da minha mochila. – Já falamos tudo o que tínhamos pra falar.
-Abaixa a guarda, Gi. – Ela tentou acariciar meu rosto, porém eu desviei. – Desculpa, eu não vou mais insistir, você desistiu de nós e eu vou respeitar, eu só vim te dar uma notícia, achei que você gostaria de saber.
-Que notícia, Ivy? – Já estava sem paciência.
-Nosso filho, é um menino. – Ela alisou a barriga e eu franzi a testa. – O nosso menino.
-Como assim, Ivy? – Engoli seco, ela sorria e continuava me olhando. – Quando você vai parar com isso? Esse filho não é meu.
-É seu Gizelly, eu tenho certeza de que é seu. – A voz dela estava embargada. – Gi, vamos tentar de novo, começar do zero, só nós três. Nós vamos embora pra longe, pra um lugar que ninguém conheça a gente.