POV GIZELLY
Sabendo que minha mãe não estaria em casa, aproveitei meu horário de almoço para ir ver minha vó e ir buscar algumas coisas que eu iria precisar. Não quis usar minha chave, então toquei a campainha.
-Minha filha, que bom de ver. — Minha vó me puxou pra um abraço apertado. — Que bom que você voltou.
-Oi vó. — Beijei seu rosto. — A senhora está bem?
-Estava preocupada com você, Gi. — Ela estava apreensiva. — Onde você estava, filha?
-Na casa da Rafa. — Minha vó me puxou pra dentro. — Vim buscar algumas coisas.
-Aqui é sua casa, Gi! — Sorri sem humor.
-Nunca foi, vó. — Limpei a garganta. — Aqui nunca foi meu lar, minha mãe sempre deixou claro pra mim.
-Tenta entender ela, Gi.
-Entender o que? Ela já deixou claro pra mim. — Enchi os pulmões de ar. — Eu só vim pegar umas coisas, não posso demorar, preciso voltar pro trabalho.
Minha vó assentiu com a cabeça e eu subi até meu antigo quarto. Sei que ela estava triste com essa situação, mas não posso voltar pra casa como se nada tivesse acontecido. Minha mãe não pode me tratar assim, e sou uma mulher adulta de vinte e quatro anos, vou ser mãe, preciso me posicionar sobre isso.
Livrei meus pensamentos e comecei a juntar algumas roupas e itens que eu precisava. Juntei tudo em uma mochila e desci encontrando minha vó colocando um pedaço de bolo em uma vasilha.
-Fiz um bolinho mais cedo, tirei um pedaço pra você levar. – Sua voz estava embargada.
-A senhora tá chorando vó? – Me aproximei fazendo ela se virar.
-Como eu vou ficar sem o meu bebê? – Minha vó não conseguiu segurar as lágrimas.
-Vó, nao chora, por favor. – Não aguentei e chorei também. – Eu não estou indo longe, o apartamento da Rafa é aqui perto e eu prometo que vou sempre vir ver a senhora?
-Você promete? –Ela alisava o meu rosto. – Promete que não vai esquecer dessa velhinha aqui?
-Prometo, pois eu vou morrer de saudades se eu não ver a senhora todos os dias. – Nos apertamos ainda mais dentro do abraço. – E a senhora pode ir me visitar, visitar a Rafa, logo a barriga dela cresce e a senhora vai acompanhar tudo de pertinho, não era seu sonho ter um bisnetinho?
-Eu acho que é bisnetinha. – Ela afastou o rosto sorrindo entre as lágrimas. – Eu sonhei com uma menininha esses dias pra trás.
-A senhora acha? – Perguntei sorridente com a possibilidade de ter uma menina.
-Sim, eu acho. – Minha vó secou minhas lágrimas com as pontas dos dedos. – Tenho uma coisa pra você.
Ela me pegou pela mão e seguimos para a sala. Ela puxou uma caixa que estava atrás da tv, dentro dela havia algumas coisas e de dentro da caixa ela tirou uma caixinha pequena.
-Eu estava mexendo nas minhas coisas outro dia e acabei encontrando isso. – Ela abriu a caixinha me mostrando um anel. – O seu avô me deu quando ficamos noivos, eu lembro que ele trabalhou muito pra juntar o dinheiro e conseguir me comprar esse anel. Acho que foi um dos dias mais felizes da minha vida, só perde para o dia em que te peguei no colo pela primeira vez.
Ela sorria e chorava ao mesmo tempo. Minha vó sempre foi meu ponto de paz, é para o colo dela que eu recorro quando tudo anda mal, ela é minha única amiga até hoje.
-Eu ia dar esse anel pra sua mãe, tinha esperanças que ela se casasse, mas não aconteceu, Marcia me decepcionou nessa parte...Enfim... – Minha vó interrompeu a fala, esse assunto sempre era proibido. – Eu quero dar ele pra você, acho que você deveria dar a Rafa. Não é um anel de noivado, é um anel para vocês duas firmarem um compromisso uma com a outra.