POV MÁRCIAA notícia do julgamento de Gizelly já estava rodando os noticiários. Por onde eu ia, eu via algo relacionado a isso, fora os meus vizinhos e cochichavam quando eu passava por eles. Nunca imaginei que Gizelly me causaria tanta vergonha, sempre fiz de tudo pra ela se manter na linha, mas ela preferiu o caminho mais fácil e ainda por cima usou a minha mãe. Desliguei a televisão da cozinha, passei a mão no rosto e continuei na função de preparar o jantar pra Manu.
-Oi Márcia, cheguei. – Manu jogou a bolsa na mesa e se sentou na ilha da cozinha. – Tudo bem por aqui?
-Oi Manu, estou terminando o jantar. – Sorri de lado. – Só falta a berinjela gratinar.
-Oba, estou faminta. – Ela bateu palmas e continuou me encarando. – Marcia? Como você está? Soube que o julgamento da Gizelly é amanhã.
-Fiquei sabendo. – Respondi dando os ombros. – Gizelly seguiu pelo caminho errado, eu não quero saber dela, que a justiça seja feita.
-Sinto muito por isso. – Manu respirou fundo. – A Rafa está arrasada.
-Se Gizelly tivesse me ouvido, a Rafaella não precisaria passar por isso. – Minha fala saiu raivosa. – Se não bastasse tudo que ela fez, agora inventou de colocar um filho no mundo.
-Não fale assim, apesar de tudo, minha amiga está feliz com a gravidez. – Entortei os lábios.
-Eu sempre fui contra a essa relação, Gizelly não tinha nada de bom a oferecer a essa menina. – Manu franziu o cenho. – E agora vai ser muito pior, Gizelly está na cadeia e Rafaella vai criar essa criança sozinha.
-Eu entendo a sua revolta, mas Gizelly não vai deixar de ser mãe da Sofia. – Ela argumentou, mas eu não queria ouvir. – Eu ainda não sei o que pensar sobre isso tudo, mas sinto que essa história ainda vai render muita coisa, Marcia.
-Vai render sim, vai render uma criança inocente no meio de toda essa bagunça que Gizelly criou. – Já estava de saco cheio daquele assunto. – Olha Manu, eu gosto muito de você e gosto muito de trabalhar aqui, mas eu não quero mais falar de Gizelly, eu quero esquecer que ela existe.
Manu não me respondeu, apenas me encarou e assentiu com a cabeça. O assunto se encerrou e eu servi o jantar antes de seguir o rumo de casa. Não demorou muito a chegar, e assim que entrei em casa, notei a casa vazia, minha mãe provavelmente estava enfurnada na casa da Rafaella ou da Tereza, era sempre assim agora. Odeio Gizelly por fazer a vó dela passar por isso, mas minha mãe tem uma parcela de culpa nisso, pois sempre passou a mão na cabeça de Gizelly. Subi direto pro meu quarto, abri meu guarda roupa e peguei minha caixa de lembranças. Peguei a foto de Gael, encarando a imagem refletida, Gizelly era uma cópia dele o que me fazia ter mais raiva de tudo que passei ao lado dele.
Flash back on:
-A sua noivinha não vem hoje? – Perguntei baixinho ao Gael. – Podemos nos encontrar?
-Não posso, preciso ir pro meu apartamento. – Revirei os olhos frustrada. – Minha mãe tá desconfiando disso, Márcia! Ela me conhece bem, eu não sei mentir pra ela.
-Isso é um saco, quando eu quero você não quer. – Cruzei meus braços e ela passou as mãos pelos seus cabelos.
-Não é assim que funciona e não sei se você se lembra, mas eu tenho uma noiva.
-Não precisa mencionar ela nesse assunto, né? – Eu odiava quando ele me lembrava do fato de que iria se casar em breve. – Amanhã então? Tô com saudades.
-Eu também estou, mas eu realmente não posso. – Ele suspirou e me encarou. – Na verdade eu acho que isso tá ficando perigoso, Márcia.
-Como assim? – Minha expressão era confusa.