Dá pra ver?

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POV GIZELLY

A cirurgia do Renato durou exatas quatorze horas, a lesão na espinha dorsal foi algo grave e com isso ele estava em coma induzido e precisavam que ele acordasse para ver as possíveis sequelas. Estávamos exaustas, minha sogra chorava o tempo todo, Rafa estava em estado completo de exaustão e isso me preocupava muito, principalmente pela gravidez. Minha cabeça intercalava entre o acidente de Renato e o nascimento do filho de Ivy, isso estava me deixando perturbada.

-Meninas, consegui reservar um hotel, vocês precisam descansar um pouco, tomar um banho, comer alguma coisa. – Tereza chamou nossa atenção, a mulher não arredou o pé do hospital. – Rafa, você precisa pensar no seu bebê.

-Eu quero notícias do meu filho. – Genilda disse limpando os olhos. – Vão vocês, eu fico aqui.

-A senhora não comeu nada, mãe. – Rafa alisou o ombro da mãe. – Vamos lá tomar um banho e voltamos, o médico disse que tem que esperar ele acordar.

-Mas e se ele acordar e não estivermos aqui? – Era doloroso ver elas daquela forma. – Eu quero saber como meu menino está.

-Genilda, toda a equipe médica está sob aviso eles vão avisar qualquer coisa que aconteça ao Renato. – Tereza tentava transparecer segurança. – Eu sei o que você está sentindo, e preciso te dizer que seu filho vai precisar que você esteja bem quando ele acordar.

Estranhamente eu me sentia segura com Tereza ali. Ela resolveu toda a parte burocrática do hospital, não deixou que fizéssemos nada, até conseguiu uma sala exclusiva para esperarmos notícias do Renato.

-Rafa, ela tem razão. – Me ajoelhei em frente à minha namorada. – Você precisa descansar um pouco, comer alguma coisa saudável.

-Eu sei. – Ela fez um carinho em meu rosto. – Obrigada por estar aqui comigo, nem sei como te agradecer.

-Hey, não precisa agradecer, é claro que eu estaria aqui com você. – Beijei sua testa e ela suspirou. –Vamos fazer um combinado, você vai pro hotel com a sua mãe, descansa um pouco e eu fico aqui aguardando notícias.

-Tem certeza? – Assenti com a cabeça. – O Gedeon deve chegar em breve, vou falar com minha mãe.

-Eu fico aqui também. – Tereza colocou a mão em meu ombro. – Vocês duas precisam descansar.

-Tem a Ivy também. – Engoli seco ao lembrar. — Ela e o Lulu só vão receber alta no fim da semana.

-Vamos cuidar de tudo, agora vocês duas vão para o hotel. — Tereza interveio e um de seus seguranças veio acompanhar Rafa e minha sogra.

Assim que elas saíram, me joguei na cadeira de espera e levei as mãos em meus cabelos. Tudo estava tão confuso em minha mente, em poucos minutos eu estava prestes a abrir o jogo com Rafa e contar tudo sobre Ivy e eu, agora estou aqui com o coração apertado e cheio de incertezas. Eu preciso respirar um pouco se não eu vou surtar.

-Quer me contar o que tanto está te afligindo? — Tereza chamou minha atenção.

-Eu faço tudo errado, as vezes sinto que eu não deveria existir. — Pela primeira vez em toda aquela confusão, eu me permiti chorar.

-Não repita isso, por favor. — Ela se sentou ao meu lado. — Se abra comigo, Gizelly, talvez eu possa te ajudar.

-Eu fiz coisa errada, eu não devia ter me deixado levar dessa forma.

-Eu não consigo te entender.

-Antes de me envolver com a Rafa eu tinha uma pessoa, e essa pessoa estava grávida. – Tereza levou a mão à boca. – Eu posso ser mãe de uma outra criança que acabou de nascer.

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