POV IVYAinda sem acreditar que além de ter que cuidar de um bebê chato, ainda tenho que cuidar do meu marido aleijado. O que eu fiz pra merecer isso meu Deus?
-Faz essa criança calar a boca pelo amor de Deus. – Esbravejei com a babá que tentava fazer o moleque ficar quieto.
-Senhora, acho que ele está com cólicas. – A babá tentava se explicar. – Esse leite industrializado não é muito recomendado, acho que seria melhor a senhora amamentá-lo.
-Você acha mesmo amamentar esse menino? – Soltei uma risada irônica. – Faz ele calar a boca, já não basta a noite que ele não dorme.
-Desculpe, vou levar ele para o quarto. – Revirei os olhos e ela saiu.
Já havia se passado quase um mês do acidente do Renato e do nascimento do meu filho. Ainda estava de repouso e não podia voltar e assumir meu posto na C&K, isso estava me tirando do sério. Era sensação de impotência, não adiantou de nada arquitetar todo esse plano pra tirar o Renato do meio de campo. Petrix estava me pressionando querendo mais dinheiro, já não aguentava mais isso, mas o pior de tudo é fingir que estou sofrendo com a situação do meu esposo.
-Dona Ivy, a senhora tem visitas. – Paula entrou na sala com certo receio. – Senhorita Rafaella está subindo.
-O que essa songa monga quer aqui? – Bufei irritada, não vejo a hora de me ver livre dessa família insuportável. – Tô indo pro quarto do pirralho, leva ela pra lá.
Antes de entrar, fiz um coque mal feito no cabelo, como se eu estivesse ocupada o dia todo, fiz minha melhor cara de cansada e peguei o bebê do colo da babá, mandei ela me dar licença e em poucos minutos Rafaella deu batidinhas na porta.
-Oie, posso entrar? – O sorriso insuportável sempre presente no rosto dela.
-Oi cunhadinha, entra. – O bebê ainda chorava e eu o balançava.
-O meu Deus, porque tanto choro? – Ela se aproximou acariciando a cabecinha do bebê. – Posso pega-lo?
-Já não sei mais o que fazer, Rafa. – Fingi estar apreensiva. – Ele está morrendo de cólica e o pior, ele não pega o peito de jeito nenhum, eu não pensei que a maternidade seria tão difícil.
-Hey, fica calma. – Rafa pegou o bebê com cuidado e o deitou de bruços em seu antebraço. – Eu li que isso ajuda no alívio das cólicas, qual leite ele está tomando? Talvez essa fórmula não seja boa pra ele.
-Ele toma o que a pediatra receitou. – Ela assentiu e o Luis parou de chorar aos poucos.
-Acabei de vir do hospital, Renato fez novos testes de sensibilidade.
-E ai? – Fingi empolgação.
-Ele não sentiu nada, não esboçou nenhuma reação. – Minha cunhada suspirou pesado. – A fala ainda está bastante comprometida, quase não sai nada.
Deixei que lágrimas banhassem meu rosto, eram lágrimas falsas, mas eu precisava parecer a esposa mais triste do mundo.
-Eu não consigo ver o pai do meu filho assim. – Passei a mão nos olhos, secando minha lágrimas. – Era pra ele estar aqui comigo, cuidado do nosso filho.
-Eu sinto muito, Ivy. – O olhar dela era de pena. – Mas só de saber que ele está vivo, me conforta o coração.
-Não gosto nem de pensar na ideia dele não estar aqui, Rafa. – Me aproximei mais alisando o cabelo do menino. – Não suportaria a ideia do meu filho crescer sem o pai.
-Ele vai ver esse lindão aqui crescer, forte e saudável. – Minha cunhada levantou a criança que já não chorava mais. – A cólica amenizou.
-Você leva jeito, Rafa. – Peguei o bebê no colo. – E aí, como foi a consulta?
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