Dez anos

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POV GIZELLY

Passei o dedo na foto do ultrassom da minha filha mais uma vez. Rafaella havia me dado essa foto um dia depois de descobrirmos que era uma menina. Nunca senti tamanha felicidade na vida e não via a hora de poder pegar minha filha no colo. Mas só de pensar que eu poderia mofar na cadeia e não participar da vida da minha filha, me quebrava por dentro.

Flash back on:

-Eu não fiz por querer, eu sei que você não está pronta pra isso, mas por favor, não rejeite o meu filho.

As palavras dela me fizeram voltar a realidade, me lembrei de quando ela me contou sobre tudo que passou na última gravidez, seus olhos verdes me encaravam com medo, medo da rejeição.

-Hey. — Me aproximei, segurando seu rosto entre as mãos e beijei sua testa. — Não é culpa sua Rafa. Eu jamais rejeitaria o nosso filho, é que isso me pegou de surpresa.

-Me desculpa, Gi. — Ela soluçava de tanto chorar. — Eu sei que você não estava preparada pra isso.

-Não tem o que se desculpar, meu amor. — Voltei a me sentar na cama, entrelaçamos os dedos e Rafa tentava controlar o choro. —Não chora, por favor!

Puxei seu corpo para o meu e beijei seus cabelos, Rafa afundou o rosto e meu pescoço e continuava um choro contido. A ideia de ter um filho com ela foi tomando forma em minha cabeça e logo me lembrei de todas as vezes que minha vó desejou isso.

Sorri de lado e Rafa me encarou, coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.

-Meu amor, me escuta. – Segurei seu rosto entre as mãos. – Eu não esperava por isso, você sabe. Eu acabei de me formar, eu não tenho nem um emprego de verdade, mas eu jamais rejeitaria você e o nosso bebê, eu já o amo, assim como eu amo você. — Esse sentimento já estava crescendo em mim, e agora eu sei que não preciso ter medo de dizer em voz alta. — Eu te amo, Rafa.

Rafaella abriu um sorriso tão largo que quase não coube no rosto. Eu já havia descoberto meu sentimento por ela a algum tempo, porém não queria que ela me achasse apressada, Rafaella me mostrou que eu posso ser amada da forma certa, me mostrou que não precisa me esconder, me ensinou que eu mereço alguém que me respeite acima de qualquer coisa e por isso ela deve saber que eu a amo.

-Eu também amo você. – Senti meu coração acelerar. – Eu te amo muito, você me fez entender que o amor é calmo e tranquilo, que o amor é respeitoso e que eu não preciso ter medo de amar você.

-Eu não posso apagar tudo que você já viveu, mas prometo que estarei aqui com vocês pra construirmos novas memórias. – Toquei sua barriga com suavidade e agora nós duas chorávamos juntas. – Vamos cuidar do nosso filho juntas.

-Promete? – Ela por fim me encarou.

-Eu prometo, amor. – Beije sua testa com suavidade.

Flash back off:

As lágrimas rolaram com mais intensidade, eu quebrei a promessa que fiz a ela e a minha filha, eu falhei com quem eu não devia e agora vou pagar por isso, e está me custando um preço muito alto.

-Ei, posso sentar? – Gabi perguntou, enquanto apagava seu cigarro. – É difícil, eu sei.

Continuei calada, e a mulher olhou pro horizonte e depois olhou a foto em minha mão.

-Tá perto de nascer? – Sequei os olhos e balancei a cabeça.

Rafa acabou de entrar no sétimo mês de gestação, em breve minha filha virá ao mundo e eu não fazia ideia se poderia ver esse momento ou não. Estou aqui há quase um mês e não vejo uma luz no fim do túnel, Izabella está tentando montar minha defesa, mas todas as provas levam a mim como culpada.

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