POV RAFA
Gizelly estava de bruços, enquanto eu brincava com os dedos por toda extensão de suas costas, tínhamos acabado de fazer amor e ela tentava se recompor, sua respiração era compassada e meu sorriso rasgava no rosto, acho que havia muito tempo em que eu não me sentia tão completa.
-Me fala um lugar que você gostaria de ir. — Quebrei o silêncio, quanto mais tempo tínhamos juntas, mais eu quero saber sobre ela.
-Um lugar? — A pergunta saiu presa e ela se virou pra me olhar.
-Sim, um lugar. — Agora meus dedos contornava as linhas dos seu rosto.
-Ah, nunca pensei em sair de Goiânia. — A resposta me fez rir e negar com a cabeça. — Mas acho que gostaria de ir em qualquer lugar que tivesse neve, sempre achei lindo.
-É lindo mesmo, fiquei apaixonada. — Me lembrei da minha viagem pra Toronto.
-Imagino que seja. — Seu sorriso saiu de lado. — E você, me fale um lugar.
-Qualquer lugar que você esteja. — Meu olhar estava preso ao dela.
-Rafa... — Gizelly suspirou, aproximando os rosto do meu. — Para de me deixar sem graça.
-Eu gosto de ter ver tímida. — Encurtei o espaço e selamos nossos lábios em um beijo calmo.
Nos afastamos com pequenos selinhos, e logo me veio uma vontade doida de comer bolo.
-Nossa, sabe o que eu queria agora? — Me ajeitei melhor na cama.
-O que?
-Um pedaço de bolo de milho da sua vó. — Mordi o lábio só de pensar no sabor.
-Agora? — Gizelly também se sentou, cobrindo parte da nudez com o lençol.
-Sim, comeria umas três fatias brincando. — Estava até sentindo um cheiro imaginário.
-Ainda tá cedo, posso ligar pra ela fazer e aí tomamos café da tarde com ela. — Gizelly deu a ideia e pulei de alegria internamente. — Ela só vai brigar comigo, pois passei o sábado todo aqui com você.
-Tá falando sério? —Perguntei já pulando da cama.
-Sim, vou ligar pra ela e pedir pra ela preparar. — Ela pegou o celular, mas antes enchi seu rosto de beijos.
{...}
Dona Madalena passava um café enquanto o bolo esfriava, Márcia não estava em casa e Gizelly estava se sentindo culpada por ter deixado a vó sozinha o dia todo, mas logo a senhora tranquilizou a neta dizendo que estava tudo bem.
-Já podem comer. — Mal esperei ela dar o aval e já passei a faca em uma fatia.
-Nossa vó Madah, eu estava desejando isso aqui. — Falei enquanto ela me servia o café.
-Desejo? Tem bebês por aí? — A pergunta saiu divertida, mas um frio percorreu minha coluna dorsal.
-Credo vó, vira essa boca pra lá. — Gizelly se apressou em dizer, dando batidas na mesa de madeira. — Isso não é hora pra bebês e vamos tá parando com essa conversa.
-É dona Madah, não tem bebê aqui não. — A reação de Gizelly foi exasperada, mas eu sei que não é o momento pra isso. — Só estava com saudades do bolo da senhora.
-Então coma a vontade minha filha. — Dona Madalena sorriu e comemos o bolo em um papo animado.
{...}
Quando eu disse que comeria três fatias brincando, eu não estava mentindo, devo ter comido o bolo quase todo e a consequência da minha gula é que agora estou aqui morrendo de azia e um embrulho horrível no estômago.