Gizelly Bicalho Lemann

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POV GIZELLY

-Izabella, eu fiz o que tinha que fazer. — Andava de um lado para o outro. — Ivy é a única pessoa que eu confio pra isso.

-É até irônico você me dizer isso. — O sorriso sem humor demonstrava seu descontentamento. — Ela te colocou na cadeia, Gizelly.

-Eu sei disso, mas eu não posso tirar minha culpa. — Ela franziu o cenho. — A Ivy me persuadiu, mas se eu aceitei fazer parte disso, foi por que eu quis, ela nunca me obrigou a nada.

-Eu desisto de tentar fazer você esquecer essa ideia maluca.

-Eu pensei que você fosse me ajudar, mas pelo visto eu pensei errado. — Estava começando a me irritar.

-Você acha mesmo que a Tereza nasceu ontem? — Izabella perguntou se levantando também. — Você acha que ela vai simplesmente cair nessa conversa?

-A netinha dela precisa ser recompensada pelos anos de negligência. — Meu tom era de puro deboche. — Ela vai me dar tudo que eu pedir, tenho certeza disso.

-Se isso der errado, eu vou tirar o meu da reta, fique você sabendo. — Sorri com a carinha que ela fez. — Agora eu preciso ir, sua nova certidão de nascimento ficou pronta.

-Eu sou oficialmente uma Lemann? — Perguntei levantando as sobrancelhas.

-Sim! — Izabella pegou a pasta e me encarou. — A única herdeira da Ambev. Vou indo nessa, tenha juízo!

-Não vou fazer nada do que você não faria. — Mandei beijos no ar e ela saiu.

{...}

Minha vó estava em pé preparando um bolo, enquanto eu estava sentada na ilha da cozinha, contando pela milésima vez como havia sido meu encontro com Sofia.

-Vó, o sorrisinho dela. — Meus olhos até brilhavam. — Os dentinhos, vó.

-Mamãe babona. — Dona Madah debochou de mim, sorrindo também. — Eu nunca vi criança tão linda como ela.

-A cara da Rafa, né? — Suspirei pesado. — Ela é linda, nossa filha é linda!

-Vocês fizeram um bom trabalho. — Concordei com a cabeça e minha vó continuou mexendo no bolo.

-Eu só queria não precisar ficar longe dela. — Aquilo estava me destruindo por dentro. — Eu não quero que minha filha cresça me vendo só uma vez por semana.

-Tenha paciência, minha filha. — Ela se virou e se aproximou. — Você precisa ter calma, chegar aos poucos, quem sabe a Rafa não te perdoa?

-Ela nunca vai me perdoar, eu fiz coisas erradas. — Abaixei a cabeça e minha vó alisou meu cabelo. – Ela sabe de tudo, e mesmo assim ela não me perdoou.

-Gi, eu passei a gravidez toda ao lado da Rafa, ela tem um coração de ouro, só está magoada. — Levantei o rosto pra encara-lá. — Eu ainda tenho fé que ela vai te ouvir, vai te perdoar, não digo que vocês voltem a se relacionar, mas talvez pelo bem da Sofia.

-É o que eu quero no momento, só quero poder participar da vida da minha filha. — Minha vó assentiu e eu acabei mudando de assunto. — E a minha mãe, vó?

-Márcia e eu não estamos conversando. — Minha vó tinha um tom triste. — Ela não concorda que eu esteja aqui sempre.

-Minha mãe nunca vai me perdoar também. — Mordi o lábio inferior. — Mas eu vou fazer ela mudar de ideia.

-Acho difícil. — Minha vó não saberia dos meus planos, era melhor assim. — Tá terrível o clima lá em casa.

-Já falei pra senhora se mudar pra cá. — Dei os ombros e me levantei. — Esse apartamento é grande demais. Tereza exagerou.

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