POV GIZELLY
-Grávida? – Ainda estava anestesiada com o que Rafaella havia acabado de dizer. – Grávida, Rafaella? Como assim? A gente estava se cuidando.
-Eu não sei, aconteceu. – Minha cabeça começou a doer na mesma hora, comecei a repensar em toda a minha vida até aqui, pensei na minha mãe, pensei na minha vó e pensei em Ivy, no filho que ela também carrega na barriga e que pode ser meu.
-Fizemos sem proteção uma única vez e você tomou a pílula. – Me levantei da cama com as mãos na cabeça, o que eu ia fazer agora? – Você tomou, não tomou?
-Tomei, mas eu tomei alguns dias depois. – Rafaella chorava sem parar, ela se sentia culpada. – Me perdoa, por favor, eu não planejei isso, Gi. Eu não fiz por querer, eu sei que você não está pronta pra isso, mas por favor, não rejeite o meu filho.
As palavras dela me fizeram voltar a realidade, me lembrei de quando ela me contou sobre tudo que passou na última gravidez, seus olhos verdes me encaravam com medo, medo da rejeição.
-Hey. — Me aproximei, segurando seu rosto entre as mãos e beijei sua testa. — Não é culpa sua Rafa. Eu jamais rejeitaria o nosso filho, é que isso me pegou de surpresa.
-Me desculpa, Gi. — Ela soluçava de tanto chorar. — Eu sei que você não estava preparada pra isso.
-Não tem o que se desculpar, meu amor. — Voltei a me sentar na cama, entrelaçamos os dedos e Rafa tentava controlar o choro. —Não chora, por favor!
Puxei seu corpo para o meu e beijei seus cabelos, Rafa afundou o rosto e meu pescoço e continuava um choro contido. A ideia de ter um filho com ela foi tomando forma em minha cabeça e logo me lembrei de todas as vezes que minha vó desejou isso.
Sorri de lado e Rafa me encarou, coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.-Meu amor, me escuta. – Segurei seu rosto entre as mãos. – Eu não esperava por isso, você sabe. Eu acabei de me formar, eu não tenho nem um emprego de verdade, mas eu jamais rejeitaria você e o nosso bebê, eu já o amo, assim como eu amo você. — Esse sentimento já estava crescendo em mim, e agora eu sei que não preciso ter medo de dizer em voz alta. — Eu te amo Rafa.
Rafaella abriu um sorriso tão largo que quase não coube no rosto. Eu já havia descoberto meu sentimento por ela a algum tempo, porém não queria que ela me achasse apressada, Rafaella me mostrou que eu posso ser amada da forma certa, me mostrou que não precisa me esconder, me ensinou que eu mereço alguém que me respeite acima de qualquer coisa e por isso ela deve saber que eu a amo.
-Eu também amo você. – Senti meu coração acelerar. – Eu te amo muito, você me fez entender que o amor é calmo e tranquilo, que o amor é respeitoso e que eu não preciso ter medo de amar você.
-Eu não posso apagar tudo que você já viveu, mas prometo que estarei aqui com vocês pra construirmos novas memórias. – Toquei sua barriga com suavidade e agora nós duas chorávamos juntas. – Vamos cuidar do nosso filho juntas.
-Promete? – Ela por fim me encarou.
-Eu prometo, amor. – Beije sua testa com suavidade.
Nos acomodamos melhor na cama e ficamos ali trocando juras de amor e promessas.
-Sabe quem vai amar a notícia? — Falei tentando animar o ambiente, Rafa se afastou passando a mão no rosto. – Minha vó.
Rafaella abriu um sorriso amplo, e concordou comigo. Beijei sua têmpora, mas ainda com os pensamentos correndo soltos em minha cabeça. Preciso encarar as consequências de forma adulta, afinal ela não fez o bebe sozinha. Rafa se aconchegou melhor no meu corpo e não tardou a pegar no sono, além da viagem, eu imagino que a gravidez a deixe ainda mais cansada. Beijei sua testa e suspirei profundamente. Minha vida acabou de mudar completamente.
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