POV GIZELLY
Estava na cozinha do apartamento de Rafa, preparando nosso jantar enquanto ela tomava banho. Não demorou muito pra ela aparecer na cozinha, beliscando a salada que eu terminava. Hoje dormiríamos juntas, já havia passado em casa e pego minha roupa para trabalhar amanhã.
-Estou com muita fome. — Ela fez uma carinha de dengo e eu me aproximei selando nossos lábios. — E cansada também.
-Muito trabalho? — Rafaella assentiu com a cabeça. — Depois do jantar eu te faço uma massagem, agora senta que lá eu vou servir você.
-Já disse que te amo?
-Hoje não. — Sorri e nos beijamos mais uma vez.
-Eu te amo.
Havia feito algo simples, arroz, carne e salada pra acompanhar. Nos servi e me sentei em frente a ela. Começamos a falar sobre o nosso dia, eu estava muito empolgada com meu novo trabalho.
-Só não estou entendo o valor do salário, é muito acima da média, Rafa. — Ainda estava supresa com o contrato que assinei.
-Amor, a Ambev é uma empresa renomada e consolidada, é normal eles estimularem os funcionários. — Rafa me explicava com calma. — Fora que a Tereza sabe que você é boa no que faz, você já mostrou isso a ela.
-É, talvez seja isso. — Dei os ombros.
-Vai contar pra sua mãe? — Rafaella soltou o garfo e me encarou novamente.
-Preciso contar. — Suspirei pesado. — Não gosto de mentir pra ela.
-Conte mesmo amor, ocultar a verdade também é mentir. — Senti o peso das palavras. — Você é adulta, Gi. Sua mãe não pode tomar essas decisões por você, agora mais do que nunca, você precisa amadurecer, afinal temos um bebê a caminho.
-Eu sei disso, Rafa. — Sustentei o olhar. — Eu vou assumir minhas responsabilidades e vou contar pra ela, vou contar da sua gravidez também, farei uma coisa só.
-Lembre-se que eu estarei sempre aqui. — Assenti com a cabeça e foi a vez dela respirar fundo. — Amor, vou passar dois ou três dias em São Paulo.
-Trabalho?
-Sim, Tato e eu precisamos ir resolver algumas pendências. — Ela tinha uma carinha de desânimo. — Não estou afim, mas preciso ir.
-Vai passar rápido.
-Você vai ficar bem sem mim? — Ela perguntou fazendo beicinho.
-Vou tentar não morrer de saudades. — Respondi de forma afetada.
-Quando eu voltar, podemos marcar com jantar na casa da minha mãe, o que acha? — Rafa tomou um pouco do suco de maracujá. — Você já vai ter conversado com sua mãe e aí aproveitamos pra dar a notícia ao resto da galera.
-É uma boa ideia. — Concordei e continuamos nosso jantar.
{...}
Rafa e eu passamos a noite juntas, trocando carinhos conversando e por fim fizemos amor. Ela viajaria pela manhã e eu iria para o meu primeiro dia na Ambev. Estava completamente ansiosa, mas sei que vou dar o meu melhor, agora não posso pensar só em mim, precisa pensar na Rafa e no meu bebê.
Estou preocupada com a ração da minha mãe, acho que ela vai gostar da ideia de ser avó, mas quando descobrir que eu aceitei a proposta de Tereza, ela vai surtar. Não entendo o motivo dela ter tanto ódio assim pela mulher, pelo que conheci dela, ela não me parece essa vilã que minha mãe criou.
Na manhã seguinte, me despedi de Rafa com muitos beijos, ela fez manha, pois não queria ir e me deixar. Achei graça do seu jeitinho e com custo conseguir seguir para o meu primeiro dia de trabalho.