POV IVY
Minha respiração pesada era indicativo da minha falta de controle. Mais uma vez eu não consegui me segurar, dessa vez destruí minha sala. Cacos de vidros espalhados pelo chão, pedaços de espuma se misturavam com o líquido das garrafas quebradas.
Gizelly engravidou aquela idiota, ela tá usando um anel de compromisso que Gizelly deu, isso não é só uma brincadeira. Eu perdi. Eu perdi a Gizelly.
-Ivy Moraes não perde assim tão fácil. — As lágrimas se misturavam com meu sorriso perverso. — Curtam bastante, em breve a família feliz não vai existir mais.
Limpei as lágrimas com as costas das mãos e subi enchendo minha banheira de espuma. Preciso pensar em cada detalhe, a vidinha de comercial de margarina está com os dias contados.
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Algumas semanas se passaram, minha barriga arredondada, anunciava meus sete, quase oito meses de gestação. Renato e eu estávamos no quarto buffet, degustando algumas opções de bolo para o nosso casamento. Depois do meu descontrole, dei um jeito de acelerar com a data desse casamento. Esse é o primeiro passo, ter Renato de uma vez por todas nas minhas mãos, sem chances de deixar ele escapar.
-Gostei desse, o que acha? — Renato disse isso de todos os bolos.
-Você falou isso de todos. — Fingi alegria e ele sorriu. — Mas eu também gostei.
-Então, pode ser esse? — Meu noivo perguntou empolgado.
-Vai ser esse. — Confirmei e a atendente sorriu.
Renato e eu acertamos os detalhes do buffet, marcamos a data do casamento, iria ser algo íntimo, pois o que importa pra mim é os papéis no Cartorio. Meu noivo estava radiante com a ideia de nós casarmos.
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Entrei no meu oitavo mês de gestão e eu não via a hora de me livrar dessa barriga. Estava me sentindo horrorosa, fora que tive que renovar meus guarda roupa, já que nada me servia mais. Esse menino tem que nascer logo, isso está atrasando meus planos.
Os preparativos do casamento estavam em perfeita ordem, minha querida sogra fez questão de me ajudar em tudo, até minha adorável cunhada embarcou nessa, imagino que ela pense no dia que será ela casando com Gizelly, seria uma pena se isso jamais acontecesse.
-Não vi ninguém da sua família na lista de convidados, Ivy. — Minha sogra questionou com um tom preocupado.
-Minha família são vocês. — Forcei um sorriso. — Minha família e eu não nos damos muito bem, já fui muito mal tratada por eles, então preferi me afastar.
-Sinto muito, minha filha. —Genilda beijou meus cabelos. — Saiba que aqui, seremos sua família, conte com a gente para o que precisar.
-Eu não tenho palavras pra agradecer. — Me levantei a abraçando. — Além de sogra, a senhora é uma verdadeira mãe, e a Rafa é a irmã que sempre sonhei em ter.
Minha cunhada se aproximou passando a mão em minhas costas. Acho que minha atuação merecia até um prêmio.
-Mas chega desse papo ruim, o clima é de festa. — Passei a mão nos olhos, fingindo secar as lágrimas que eu fingi derramar. — Em breve a família vai estar maior, vai vir mais casamentos, não é Rafa?
-Espero que sim. — Minha cunhada abriu um sorriso tão largo que quase não cabia no rosto. —Mas não estamos com pressa, vamos esperar nosso bebê nascer.
-Não vejo a hora dos nossos filhos estarem correndo por aí. — Alisei a barriga. — Eles serão melhores amigos.
-Espero que sim. — Rafa repetiu o gesto.