POV RAFA
Andava de um lado para o outro, procurando passagens disponíveis de São Paulo pra Goiânia. Estava completamente estressada depois de encerrar minha chamada com Gizelly, não posso acreditar que ela passaria a noite no apartamento daquela garota, sendo que meu apartamento estava disponível pra ela.
Bufei irritada, só consegui mudar minha passagem pra amanhã a tarde, não tinha muito o que fazer a não ser esperar. Joguei o celular em cima da cama e entrei no chuveiro, precisava aliviar meu estresse.
Depois do banho, desci e encontrei meu irmão no restaurante do hotel, ele conversava com um homem e só quando ele se virou eu vi de quem se tratava. Era um dos empresários que passou a tarde em reunião conosco, o homem havia sido inconveniente o tempo todo, e eu não posso acreditar que teria que atura-lo durante o jantar.
-Estávamos a sua espera, minha querida. — O velho disse sorridente e eu mantive a mesma expressão séria, não estava afim de ser simpática.
-Vamos comer, estou com fome! — Avisei sem muito humor.
Sentamos os três juntos, fizemos nossos pedidos e enquanto os dois conversavam eu mexia no celular, na esperança de Gizelly me reponder, entretanto não obtive sucesso, bufei e tentei me controlar, amanhã conversaríamos sobre isso.
-Então, Rafa. — Afonso chamou minha atenção, me fazendo desviar a atenção do celular. — Seu irmão me disse que você morava em Chicago.
-Sim, morei alguns anos. — Minha resposta foi bem direta.
-E não se casou por lá? — Estava me segurando pra não revirar os olhos. — Uma mulher linda dessas solteira, não pode.
-Primeiramente eu não estou solteira, tenho uma namorada em Goiânia, não que isso seja relevante pra sua vida. — Explodi na grosseria, estava de saco cheio. — Segundamente, vou jantar no quarto, com licença.
Me levantei sem ao menos olhar pra trás, não estava disposta a aturar homens que acham que mulheres é um pedaço de carne em uma vitrine. Aproveitei e mandei uma mensagem para a minha namorada, precisávamos conversar urgentemente.
{...}
Manu me esperava no saguão do aeroporto, pedi que minha amiga viesse me buscar, não estava em condições nenhuma de encarar o trânsito de Goiânia aquela hora do dia.
-Oie. — A cumprimentei assim que abri a porta do carro.
-Oi amiga, vou abrir lá atrás. — Um funcionário do aeroporto me ajudou guardar a bagagem e eu o agradeci com uma gorjeta. — E aí como foi a viagem?
-Antes eu não tivesse ido. — Bufei irritada. — Renato que não me invente mais essas viagens.
-Essa irritação toda é saudades da Titchela? — Manu brincou me fazendo suspirar.
-Nem me fale dela.
Comecei a narrar tudo que havia acontecido durante meus dias fora. Manu me ouvia com atenção, fazendo caras e bocas quando cheguei na parte da ligação com Gizelly.
-A Márcia fez isso com ela? — Minha amiga estava horrorizada com a reação da Márcia. — Isso é insanidade, amiga.
-Eu nem sei o que pensar. — Passei a mão pelos cabelos.
-Mas tenho que te puxar a orelha, a Gizelly saiu de casa depois de uma discussão com a mãe sobre o bebê de vocês e a única coisa que te preocupa é se ela passou a noite na casa de uma amiga? — A pergunta me constrangeu. — Você pensou em como ela está?
-Não é bem assim, Manu. — Me encolhi no banco do passageiro. — Eu estou muito preocupada com ela, mas Gizelly não tinha motivos para não ir ao meu apartamento.