POV RAFANão fazia ideia de quanto tempo fiquei deitada no colo de Manu, enquanto eu derramava lágrimas por Gizelly. Queria que isso tudo fosse um pesadelo, que eu acordasse e ela ainda estivesse dormindo ao meu lado, queria nunca ter presenciado aquela cena, mas tenho certeza de que eu nunca vou esquecer a imagem de Gizelly agarrando Ivy a força.
-Rafa, você precisa se acalmar. – Manu continuava acariciando meus cabelos. – Pensa no bebê, você precisa se concentrar.
-Eu nunca vou esquecer aquela cena Manu, eu não posso acreditar que ela fez isso comigo, não posso acreditar que ela seja essa pessoa, que me enganou, me fez acreditar que ela me amava. – Eu chorava de soluçar, meu coração estava doendo, eu estava sentindo um vazio enorme dentro de mim. – Eu me entreguei pra ela, eu contei tudo da minha vida pra ela e na primeira oportunidade ela fez pior do que o José.
-Eu sinto muito Rafa, sinto muito mesmo. – Manu limpava meus olhos. – Você estava tão feliz, eu juro que não esperava isso dela, minha intuição dizia que ela era a pessoa certa pra você, e quando você me contou da gravidez eu tive ainda mais certeza disso.
-Era tudo mentira, Manu. – Tentava controlar meu choro, mas estava impossível. – Ela me enganou, ela mentiu sobre tudo, ela nunca me amou.
-Rafa, não tem nenhuma possibilidade de ser um mal entendido? – Manu perguntou com cautela e aquilo me deixou ainda mais irritada.
-Eu não estou louca, Manu. – Me levantei apressada. – Eu sei o que eu vi, não foi ninguém que me contou, eu vi, eu vi ela agarrando a Ivy.
Falar aquilo em voz alta doía, o choro veio desesperando e Manu veio me abraçar, eu precisava de colo naquele momento.
-Calma, calma. – Minha amiga passava as mãos nas minhas costas, tentando me acalentar. – Por favor amiga tenta se acalmar.
-Eu vi, Manu... – Aquela imagem não ia sair nunca da minha mente.
Não sei por quanto tempo eu chorei no colo de Manu, só sei que fiquei ali até adormecer. Quando acordei, Manu e minha mãe velavam meu sono, me situei de onde estava e todos aquele sentimento ruim voltou à tona. Minha mãe me olhou com pena e correu pra me abraçar
-Eu sinto muito, meu amor. – Deixei as lágrimas voltarem, enquanto minha mãe me abraçava firme.
{...}
Dois dias inteiros se passaram e eu estava vivendo no automático. Me tranquei no meu apartamento, não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, era apenas eu e meu bebê. Tentava a todo custo tirar aquela cena da minha mente, mas era impossível, aquilo me torturava em todas as horas do meu dia, até em sonho, a imagem de Gizelly agarrando Ivy vinha me atormentar.
Eu precisava reagir, tinha que pensar na minha filha, agora somos ela e eu, eu não posso permitir que outra traição me tire mais um filho. Acariciei minha barriga que já estava crescida.
-A mamãe promete que vai se cuidar e você vai nascer forte e saudável. – Limpei minhas lágrimas e segui pro banheiro.
Tomei um banho longo e ali derramei minhas últimas lágrimas por Gizelly, não me permito mais chorar por alguém como ela. Eu me abri de corpo e alma, contei meus medos, dividi meus sonhos e era tudo uma grande ilusão. Ela não me ama, eu não sei os motivos dela em aceitar viver comigo, mas era tudo uma grande farsa. Desliguei o chuvero, limpei minhas lágrimas e me enrolei no roupão. Desci até a cozinha e assim que abri a geladeira, o interfone tocou. Meu coração gelou, o medo de ser ela me dominou, mas eu já havia deixado ordens explícitas que eu não autorizo a entrada dela aqui.