POV GIZELLYA água fria do chuveiro acalmava meus nervos. Eu sabia que seria difícil ter Rafa passando a noite aqui em casa, mas eu não sabia que seria essa prova de fogo. Ver ela naqueles trages era um pecado, eu perdi a fala na hora que coloquei meus olhos sobre ela. E olha que era um baby doll comum, mas Rafa não precisa de esforço algum pra me deixar acesa.
Comecei a pensar nas coisas mais broxantes que existem na terra, e minha imaginação fertil me levou pra época em que eu assistia a novela Mutantes na rede Record, no mesmo instante meus nervos aflorados se acalmaram e eu consegui sair debaixo da água fria. Me vesti uma roupa confortável e fiz questão de vestir uma cueca mais apertada, não queria que minha roupa revelasse algo indesejado quando eu me encontrasse com ela de novo. Penteei os cabelos, passei meu perfume e saí do banheiro, tomando coragem de voltar pra sala de cinema.
Rafa já estava acomodada ao lado do meu filho e dei graças a Deus por ela já estar debaixo das cobertas. O filme já rolava e as crianças tinham os olhinhos presos na tela, me acomodei ao lado de Sofia, bem longe da mãe dela. Minha filha se aconchegou em mim e ficamos nessa posição, assistindo o filme que eles escolheram.
Preciso dizer que não consegui prestar atenção no filme, minha mente só pensava em uma coisa e eu fazia de tudo pra livrar daqueles pensamentos. Por diversas vezes eu olhava para o lado pra ver se Rafa ainda estava assistindo e às vezes nossos olhares se encontravam e ela sorria pra mim, com aquele sorriso que aquece o meu coração. Se eu tivesse um por cento de coragem, eu falaria pra ela tudo que eu ainda sinto, mas os noventa e nove por cento de medo, falam muito mais alto. Antes do fim do filme, olhei pra Rafa mais uma vez e ela cochilava, apoiada na cabecinha do Lulu, meu filho também dormia aconchegado na titia dele, sorri com a cena e abaixei o rosto pra observar Sofia, seu sonhos estavam pesados e depois de duas piscadas, ela também pegou no sono, beijei seus cabelos, com uma sensação boa no peito, essa é a família que eu sempre sonhei pra mim. No tempo em que eu fiquei presa, eu só imaginava esse tipo de coisa e pra mim não existe riqueza maior.
Esperei o filme acabar e só aí eu me lembrei que não combinei com a Rafa onde ela iria dormir, esse apartamento apesar de grande, foi pensado para uma pessoa solteira, o único quarto de hóspedes que havia aqui, foi transformado no quarto dos meus filhos. A melhor opção era ceder a minha cama e eu me virar no sofá. Com cuidado, me desvencilhei de Sofia e a peguei no logo, seguindo para o quarto das crianças, voltei e fiz o mesmo com o Lulu, achei que Rafa acordaria, mas ela nem se mexeu, sorri com aquilo e levei meu filho para o quarto também. Deixei um beijinho nos dois, passei no meu quarto pra ver se estava tudo organizado e voltei pra sala de TV.
Rafa estava escorada em uma almofada e seu rosto sereno avisava um sono tranquilo, sorri e alisei seu rosto com cuidado. Cada traço nela era lindo, o desenho dos lábios, o jeitinho que a sobrancelha dela arqueava, o nariz bem definido, tudo era um combo pra me encantar ainda mais. Soltei um suspiro baixo e a chamei baixinho.
-Rafa? – Ela se mexeu, mas não abriu os olhos, então toquei seu ombro, aumentando minha voz um pouco. – Rafa, vamos pra cama.
-Eu dormi? – Ela disse se espreguiçando, mas ainda de olhos fechados.
-Apagou. – Sorri, me mantendo na mesma posição. – Vocês três na verdade.
-Nem vi o filme, tava tão confortável o chameguinho do meu príncipe. – Rafa se endireitou e olhou para o lado. – Uai, cadê eles?
-Já subi com eles pra cama. – Me pus de pé, enfiando as mão no bolso da minha bermuda. – Vamos, já ajeitei minha cama pra você deitar.
-Na sua cama? – Rafa se levantou em um pulo e sua pergunta saiu assustada de mais.