Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4

Capítulo 2: Eu estou bem.

Enviei um e-mail a Abigail assim que sai da última aula que teria naquele dia. Fiquei me perguntando se ela tinha algum problema de saúde pra não comparecer às aulas, porque até onde eu sabia, não haviam aulas a distância por ali. Mas eu também só queria terminar aquele trabalho o mais rápido possível. Então mandei o e-mail perguntando se poderíamos nos encontrar pra falar sobre o trabalho.

Atravessei o campus até o estacionamento, me aproximando da moto solitária em um dos cantos. Havia ganhado uma lambreta azul do meu pai assim que fui aceito na universidade e agora a dirigia para todo o lado. Não hesitei em subir nela e dar a partida, ainda mais quando ouvi a voz de Davine me chamando e ficando mais próxima.

Não queria falar com ela, então não me dei ao trabalho de olhar na direção dela, apenas parti dali, acelerando mais do que seria recomendado. Mas como sempre, era mais um dia que eu me sentia frustado e estressado com o mundo. Falar com minha ex namorada seria apenas mais um ponto baixo do dia.

O carro de Victor estava estacionado na garrarem do casarão quando cheguei e estacionei ao lado dele. Encarei meu celular a espera de uma resposta de Abigail, mas não havia nada no meu e-mail ainda. Esperava que ela me respondesse rápido, porque quanto mais rápido conversássemos, mais rápidos faríamos esse trabalho.

—Já almoçou, seu merdinha? —Escutei Victor gritar da cozinha quando entrei e me dirigi direto até as escadas, revirando os olhos quando meu melhor amigo notou minha presença, mesmo que eu tivesse sido cuidadoso ao fechar a porta. —Desde quando você chega e nem olha na nossa cara?

—Meu dia está sendo horrível, está bem? —Resmunguei, entrando na cozinha para encontrar Victor e Millie cozinhando juntos, como o casal perfeito que eram. A garota estava com os cabelos presos e os óculos de grau sobre a bancada, enquanto Victor estava ao lado dela, estendendo os ingredientes do que quer que estivessem fazendo. —E eu já almocei, não se preocupem.

—Por que eu acho que você está mentindo? —Millie indagou, me lançando um olhar afiado, o que me fez comprimir os lábios.

—Por que você é uma intrometida? —Sugeri, observando Victor pegar uma faca em cima da bancada. Soltei uma risada e ergui as mãos pra cima como se estivesse me rendendo. —Eu estou brincando, seu babaca. E eu não estou mentindo.

Eu estava sim, porque não havia comido nada durante a manhã além do sanduíche que roubei do prato de Victor quando acordei. Mas não estava com fome. Não quando só ouvia as pessoas fazendo piadas sobre minha tentativa de perder peso e de como eu era ridículo por isso.

—Cara, você precisa se alimentar. Eu estou falando sério. —Victor se aproximou de mim, umedecendo os lábios com a língua, parecendo cauteloso. —Você já emagreceu o suficiente. Se continuar pulando refeições e ligando para a opinião daqueles idiotas, vai acabar ficando pele e osso, e acabar parando no hospital.

—Eu estou bem. —Insisti, vendo Victor balançar a cabeça negativamente, como se não fosse aquilo que ele esperasse ouvir de mim. —É sério. Eu estou bem. Não precisam cuidar de mim como se eu fosse uma criança, entendeu?

—É, eu sei. Não sou seu pai. Só me preocupo com você. —Victor se afastou, parecendo um pouco incomodado. Olhei para Millie, vendo que ela compartilhava do mesmo sentimento que ele naquele momento. Aquilo me deixou ainda mais frustrado do que eu já estava, porque não queria ser um peso morto para os meus amigos.

—Por que o seu dia está sendo horrível? —Millie indagou, percebendo que eu estava olhando pra ela. —Alguém fez alguma coisa contra você?

—Só outro desenho idiota preso no meu armário. —Falei, dando de ombros, porque já estava acostumado com a falta de maturidade de alguns dos meus colegas. —Tenho um trabalho pra fazer sobre ciência política. Mas é com uma garota que eu nunca vi na vida.

—Como assim? —Millie e Victor perguntaram ao mesmo tempo, me arrancando uma risada, porque eles costumavam fazer muito isso desde que começamos a morar juntos, depois que nos mudamos de Atlanta.

—Ela faz aula a distância, mas não sei o porquê. Estou hesitante sobre ela ser metida ou sei lá... —Afirmei, me virando para sair da cozinha, enquanto sentia os olhos dos meus amigos sobre mim. —Ser uma filha da puta como o restante do pessoal.

—Julian? —Victor chamou, mas eu já estava subindo as escadas para ir para o meu quarto, arrastando minha mochila atrás de mim.

Entrei no meu quarto, observando a bagunça que estava ali, porque não tinha tido mais tempo de arrumar tudo nos últimos dias. Joguei minha mochila em um canto e me tranquei no banheiro, tomando o banho mais demorado de todos. Quando sai, encontrei um prato sobre a escrivaninha, ao lado do meu notebook. O cheiro da comida fez minha barriga roncar e eu dei o braço a torcer, me sentando para comer pelo menos um pouco.

Puxei meu celular do bolso quando ele vibrou, percebendo que finalmente havia recebido uma resposta da tal Abigail. Me apressei em abri-la, fazendo uma careta quando li a mensagem dela. Abigail estava deixando claro que não podia sair de casa pra se encontrar comigo, então eu teria que ir até lá se quisesse fazer o trabalho. O problema é que o endereço que ela me enviou logo abaixo, não me remetia a nenhum lugar da cidade que eu conhecesse.

—Que beleza! —Resmunguei, me dando conta que a garota morava longe pra caramba da cidade, literalmente no meio do nada.

Tinha colocado o endereço no Google para saber onde ela morava e me dei conta que fazer aquele trabalho em dupla ia ser pior do que eu imaginava. Respondi o e-mail dela marcando de ir na casa dela amanhã de manhã, quando teria o tempo livre de aulas. Abigail não respondeu mais nada, o que me fez soltar um suspiro pesado, desejando que ela não me sacaneasse de alguma forma.

Com esse pensamento, entrei no Instagram e procurei pelo nome dela, encontrando milhares de Abigail, mas sentindo que nenhuma delas era a garota que eu estava prestes a conhecer.

Continua...