Capítulo 23: Jogador de hóquei

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Depois que tiramos algumas fotos com todo mundo, Julian e eu nos despedimos de todos e fomos embora. Pegamos um taxi de volta para a casa de Julian, onde pude colocar de volta minhas roupas confortáveis de frio e o gorro que Julian havia me emprestado. Enquanto ele se trocava no banheiro, aproveitei para olhar as coisas dele, porque não sabia se teria outra oportunidade.

Na sala havia algumas fotos de Julian com Victor e Millie, além de outras com o pessoal que estava no teatro hoje. Mas no quarto de Julian tinham apenas fotos dele com seu pai, que era uma versão mais velha dele, com um pouco de barba. Mas o sorriso, os cabelos e os olhos eram os mesmos. E também foto dos dois junto com uma mulher loira de olhos escuros.

Não tinha qualquer semelhança com eles e era um pouco jovem para ser a mãe de Julian, mesmo que estivesse abraçada com o pai dele como se os dois fossem um casal. Julian já havia me dito que não conhecia a mãe, mas também nunca citou uma madrasta. Isso me fez pensar no meu pai, desejando saber muito mais sobre ele do que só as coisas que minha mãe contou.

—Está pronta? —Julian saiu do banheiro, abrindo um sorriso ao ver o gorro na minha cabeça, que o pertencia. Balancei a cabeça que sim, abrindo um sorriso pequeno, antes de voltar a olhar para as fotos quando Julian se aproximou. —Esse é o meu pai e aquela é a Natalie, namorada dele.

—Eu imaginei algo assim. —Falei, apertando minhas mãos escondidas dentro dos bolsos da jaqueta. —Você disse que ia pedir para o Victor procurar meu pai. Ele chegou a...?

—Ah, sim. —Julian franziu a testa, ficando um pouco sério. —Eu ia conversar sobre isso com você mais tarde, porque não queria encher sua cabeça com outra coisa que acabasse tirando sua diversão do dia. Mas Victor o encontrou sim. Não foi difícil, porque ele e sua mãe foram casados por um tempo e a época da separação bate com a sua idade.

—Ele mora aqui em Nova Iorque? —Questionei, me virando para encarar Julian, sentindo meu coração martelando dentro do peito ao saber sobre aquilo, como um pontinho de luz no meio da escuridão. —Qual o nome dele?

—É Billy Adams, e ele mora aqui em Nova Iorque, sim. —Julian ergueu a mão para esfregar os cabelos loiros, como se estivesse um pouco tenso. —Mas ele é casado de novo, Abby, e... tem dois filhos.

—Entendi. —Soltei, abrindo um sorriso dolorido, antes de caminhar até a ponta da cama e me sentar, sem saber como me sentir naquele momento. Julian se aproximou de mim e se abaixou na minha frente, segurando minhas mãos com carinho.

—Olha, temos algumas possibilidades aqui. Ele pode sim ser seu pai, como eu posso estar enganado e ele não ter qualquer ligação com você. —Afirmou, enquanto eu me mantinha em silêncio, apenas absorvendo tudo aquilo. —Mesmo que as datas do seu nascimento e da separação deles seja no mesmo ano, nada garante que... Você sabe.

—Minha mãe precisaria ter traído ele pra isso. —Falei, pensando se aquilo era uma coisa que minha mãe faria. Eu parei de ter qualquer certeza sobre ela nos últimos dias.

—É só uma opção que explicaria a situação. Não quer dizer que eu esteja certo. —Julian se levantou e se sentou do meu lado, sem soltar minhas mãos. —Peguei o endereço dele, caso queira vê-lo ou... sei lá. Podemos fazer isso amanhã. Vou te buscar em casa e vamos direto para a casa dele. Só não quero que isso estregue sua noite hoje.

Balancei a cabeça em concordância, sabendo que precisava ver ele para tentar entender um pouco de tudo isso. Julian ficou do meu lado o tempo inteiro enquanto eu apenas absorvia toda aquela conversa estranha, antes de se levantar e estender a mão pra mim, que eu aceitei sem hesitar.

[...]

Andar de moto não era tão divertido quanto eu imaginava, porque assim que Julian acelerou eu precisei me segurar com força nele, sentindo meu coração chegar a boca de nervosismo e medo. Mas depois de alguns minutos eu me acostumei com a sensação e consegui apreciar o caminho até o centro de patinação, observando as luzes da cidade que a deixavam muito bonita a noite. Também não demoramos a chegar, porque já tinha passado da meia noite e não havia tanto movimento nas ruas.

Não consegui evitar o sorriso quando desci da moto e Julian tirou o meu capacete, me deixando olhar para o centro de patinação enorme. O estacionamento estava completamente vazio, exceto pela pequena moto de Julian ali. Mas eu podia ver o reflexo de uma luz lá dentro, deixando claro que o lugar estava aberto.

—Vamos, Briar deve estar nos esperando já, porque estamos um pouco atrasados. —Julian pegou sua mochila e a minha, antes de segurar minha mão e me puxar na direção da entrada do lugar, fazendo a ansiedade crescer dentro de mim.

—É o outro amigo que mora com você? —Indaguei, porque já tinha ouvido Julian falar sobre ele uma vez só.

—Isso, ele mesmo. Ele é jogador de hóquei e o pai dele é dono de alguns desses centros de patinação. Pedi pra ele pra podermos usar esse, já que ele estaria fechado depois que saíssemos do teatro. —Julian olhou pra mim e sorriu, com o rosto todo iluminado. —Eu não queria trazer você quando o lugar estivesse cheio. Acho que não conseguiria aproveitar como deveria.

—Obrigada por isso. —Falei, sentindo minhas bochechas doendo com o tanto que eu sorria e um pouco quentes também. —Obrigada pelo teatro também. Você está fazendo essa noite ser mais perfeita do que eu poderia desejar.

—Só acho que você merece uma noite incrível, Abby. —Julian empurrou a porta e me deixou entrar primeiro, enquanto apertava minha mão de leve. —Você merece a melhor noite de todas.

Corei ainda mais, sentindo milhares de borboletas na boca do meu estômago. Elas estavam aparecendo com certa frequência sempre que eu pensava em Julian, como se só ele pudesse causá-las em mim. Era um pouco esquisito e ao mesmo tempo que era muito, muito bom, porque ele me olhava como se eu fosse muito especial.

Parei de olhar para Julian quando atravessamos o pequeno corredor e entramos ao lado de onde começava às arquibancadas. O rinque de patinação surgiu na minha frente, maior do que qualquer coisa que eu podia esperar, porque até então só tinha visto um pela tv. Só de pensar que eu finalmente ia entrar em um, meu coração chegava a acelerar.

Havia um rapaz patinando, usando roupas pretas e uma touca também preta na cabeça. Ele deslizava pelo gelo com uma facilidade impressionante, como se tivesse nascido para aquilo. Era visivelmente mais alto do que Julian e mais forte, o que deveria ser pré requisito para ser jogador de hóquei. Briar parou quando percebeu que não estava mais sozinho, se virando para Julian e eu.



Continua...

Como conquistar Abigail Brooks / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora